
A equipe de negociação palestina informou o mediador americano Martin
Indyk que os palestinos poderiam decidir desmantelar a Autoridade
dirigida pelo presidente Mahmoud Abbas, a fim de transferir para Israel a
responsabilidade da gestão do seu território como potência ocupante,
afirmou esta autoridade.
Os palestinos já evocaram nos últimos anos a possibilidade de dissolver
a Autoridade, criada após os Acordos de Oslo (1993) para administrar as
regiões autônomas dos Territórios Palestinos.
Mas esta é a primeira vez que tal ameaça é feita após a retomada das
negociações de paz entre Israel e a Palestina, sob a égide do secretário
de Estado americano, John Kerry, em julho passado.
As negociações estão atualmente bloqueadas, e a iniciativa de Kerry parece cada vez mais comprometida.
"Os palestinos informaram Indyk que se a intransigência israelense
continuar, eles terão várias opções a considerar", comentou o
funcionário palestino à AFP, referindo-se à última reunião entre o
enviado americano e negociadores palestinos na sexta-feira (18).
"Em primeiro lugar, há a opção de entregar as chaves da Autoridade às
Nações Unidas para que se responsabilizem pelo povo palestino e o Estado
da Palestina, que está sob ocupação – ou que Israel assuma inteira
responsabilidade por sua ocupação", disse ele.
O presidente Abbas tem sido constantemente confrontado com sérias
dificuldades financeiras e depende, para sobreviver, da ajuda externa.
Uma importante reunião da direção da Organização de Libertação da
Palestina (OLP) está prevista para os próximos sábado e domingo em
Ramallah para discutir o processo de paz e as várias opções em caso de
falha da iniciativa Kerry.
"Abu Mazen primeiro nome de Mahmoud Abbas incentiva o terror contra
Israel à frente da Autoridade Palestina e ameaça demitir-se", reagiu um
ministro israelense da extrema-direita, Naftali Bennett.
"Se ele quiser partir não iremos segurá-lo. Não se negocia com Israel
com uma arma em sua cabeça", disse Bennett, chefe do partido
nacionalista.
Israelenses e palestinos multiplicaram os gestos de hostilidade desde
que Israel se recusou a libertar, conforme o programado, em 29 de março o
último contingente de presos, reivindicando a extensão das negociações
de paz para além do prazo de 29 de abril.