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Russell Crowe como Noé |
'Noé', saga bíblica dirigida por Darren Aronofsky com Russell Crowe no papel principal,estreia em BH. Filmes baseados em histórias sagradas são novo filão da indústria cinematográfica.
Rio de Janeiro que contou com a participação de seu protagonista, o neozelandês Russell Crowe, foi exibido um trecho de Transformers: a era da extinção, que chega aos cinemas em julho. Ao final da narrativa, baseada na história bíblica do Antigo Testamento, muita gente falava sobre a coincidência do trailer.
Não é difícil entender o porquê, pois ao longo de 138 minutos o cineasta Darren Aronofsky fez uma leitura muito pessoal da história bíblica. O exemplo que melhor salta aos olhos de qualquer espectador, leitor ou não da Bíblia, é a presença de um grupo de personagens que têm um quê dos protagonistas da franquia do diretor Michael Bay. São gigantes de pedra que ajudam Noé a construir a arca que salva a humanidade. O material é outro (os transformers são de aço), mas o efeito é semelhante.
Noé, que abre hoje a temporada de filmes inspirados em narrativas bíblicas, chega aos cinemas brasileiros tentando se tornar o arrasa-quarteirão da vez. Nos Estados Unidos, estreou semana passada com barulho: fez US$ 44 milhões em seu primeiro fim de semana, alcançando o primeiro lugar. Aqui, terá como concorrência uma ararinha-azul (na Grande BH, 32 salas exibem a partir de hoje Noé, contra 41 que continuam com Rio 2). Aronofsky, cineasta que alcançou prestígio com Cisne negro (2010) e Réquiem para um sonho (2000), traz aqui como principal referência um filme menos conhecido: Fonte da vida, de 2006, que mistura três narrativas em tempos distintos para fazer um tratado sobre a existência humana. Música grandiloquente e cores excessivas foram alguns dos artifícios utilizados para dar mais dimensão ao drama.
Interessado desde a adolescência na história de Noé (aos 13 anos foi premiado na escola depois de escrever um texto sobre ele), Aronofsky tenta aqui humanizar o personagem, colocando-o como um homem cheio de culpa, medo e raiva, que apenas cumpriu uma tarefa divina. “Queria que este Noé parecesse original, imediato e verdadeiro”, afirmou o diretor. Crowe, que até o filme conhecia de maneira rasteira a história, comunga com o cineasta sobre o personagem. “Noé é um conto predominante na história da humanidade. Todos os textos religiosos o citam, então comecei a percebê-lo não como uma história religiosa, e sim como uma experiência. Ele é só um homem, que não foi escolhido porque é bom, mas porque conseguiria realizar a tarefa”, disse o ator.
Na versão de Aronofsky, Noé (Crowe), sua mulher Naameh (Jennifer Connelly), seus três filhos Sem (Douglas Booth), Cam (Logam Lerman) e Jafé (Leo McHugh Carroll), mais Ila (Emma Watson), menina criada pela família, constroem, com a ajuda dos já supracitados gigantes, uma imensa arca. A partir dela, tanto eles quanto os pares de cada espécie de animais sobre a Terra podem se salvar do apocalipse que Deus lança para terminar com a raça humana, dominada pela ira dos descendentes de Caim. Estes, por meio de muito sangue e morte, tentam, a todo custo, também entrar na arca. O primeiro grupo conta com a ajuda de Matusalém (Anthony Hopkins), avô de Noé, um personagem um tanto sobrenatural.
O diretor criou uma narrativa que tem uma divisão marcante – o dilúvio, como não poderia deixar de ser, que só ocorre após uma hora e 15 minutos de projeção. A primeira parte é mais voltada para a história bíblica, a segunda recai para o drama pessoal. Abusando da computação gráfica – os animais foram todos criados em computador –, Aronofsky pôde se dar ao luxo de ter uma arca real, construída do zero. Nesse momento, a equipe do filme tentou ser literal. Seguiu à risca o que está escrito na Bíblia, tanto que a arca é como uma imensa caixa em madeira, em formato de retângulo, que não tem nada a ver com as representações de um navio vistas em outras produções.