Neuschwanstein |
Idealizado pelo rei Ludwig 2º como refúgio da vida pública, ele foi transformado pelos nazistas em esconderijo para arte roubada. Filme de Clooney enfoca o local, mas não é fiel aos fatos, criticam especialistas.
Estampado em cartões-postais, guias de viagem e até em produtos da Disney, o "castelo do rei de contos de fadas" atrai mais de 1 milhão de visitantes por ano. Seu idealizador, o rei Ludwig 2º da Baviera, foi declarado louco, antes de sua misteriosa morte por afogamento, em 1886. Semanas depois, Neuschwanstein abriu as portas ao público, e permanece até hoje uma das principais atrações turísticas na Alemanha.
Ludwig 2º da Baviera e sua então noiva, duquesa Sophie
A fortaleza de contos de fadas, porém, abriga um passado nazista que veio à luz recentemente com o filme Caçadores de obras-primas (Monuments men), dirigido por George Clooney. O drama da Segunda Guerra Mundial trata das tropas aliadas especiais encarregadas de proteger e localizar, durante o conflito, os tesouros roubados da Europa.
O excêntrico rei Ludwig 2º não concebeu o extravagante castelo de Neuschwanstein para fins de realeza, mas sim como refúgio à vida pública. Numa distorção perversa das intenções do monarca, foi exatamente isso que os nazistas fizeram com a arte roubada de suas vítimas, escondendo-a lá do olhar público.
Ordens de Hitler
"Revistem alojamentos, bibliotecas e arquivos dos territórios ocupados, à procura de material valioso para a Alemanha", ordenou Adolf Hitler à força-tarefa Rosenberg, a equipe especializada em saquear obras de arte, logo após as tropas alemãs invadirem a França, em 1940. Seu sonho era construir, com os tesouros roubados, um "Museu do Führer" em Linz, Áustria.
Entre 1940 e 1945, oficiais nazistas distribuíram as peças por diversos locais na Alemanha, incluindo mosteiros, minas de sal e castelos.
Hitler queria construir seu museu no local isolado e vizinho à Áustria
"Neuschwanstein foi escolhido como quartel-general da Einsatzstab Reichsleiter Rosenberg, a organização alemã para saques de obras de arte", revela a historiadora Tanja Bernsau. A localização no estado da Baviera, perto da fronteira com a Áustria e distante de Berlim ou de outros possíveis alvos, fazia do castelo um depósito ideal.
Embora tenha sido construído para parecer uma construção medieval, a joia arquitetônica ostentava as tecnologias mais avançadas de seu tempo: aquecimento central, descargas nos banheiros e um sistema elétrico de campainha para chamar os serviçais. A pedra angular foi lançada em 1868, mas o projeto não foi finalizado, deixando, assim, amplo espaço para armazenamento.