Sarah Bernhardt

Sarah Bernhardt

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Coisas JudaicasSarah Bernhardt

Uma das mais conhecidas atrizes de teatro de sempre.

Nasceu em Paris, FranƧa, a 22 ou 23 de Outubro de 1844;
morreu em Paris, a 26 de MarƧo de 1923.

Filha natural de uma famosa cortesĆ£ holandesa de origem judia, Judith van Hard e de um estudante de direito francĆŖs, Edouard Bernard, que se tornarĆ” notĆ”rio no porto do Havre, foi-lhe dado o nome de Henriette-Rosine Bernard. Como a presenƧa de uma crianƧa interferia com a vida da mĆ£e, foi enviada para uma pensĆ£o para raparigas de Auteil e mais tarde deu entrada num convento de Versalhes. CrianƧa difĆ­cil e de saĆŗde frĆ”gil, converteu-se ao catolicismo, sendo baptizada e fazendo a primeira comunhĆ£o em 1856, querendo mais tarde professar e tornar-se freira. Um dos amantes da mĆ£e, o duque de Morny, meio-irmĆ£o materno do imperador NapoleĆ£o III, decidiu que a rapariga deveria ser actriz, e quando completou 16 anos conseguiu que fosse admitida no ConservatĆ³rio de Paris.


NĆ£o sendo considerada uma estudante muito promissora, Sarah, que admirava alguns dos seus professores, achou que os mĆ©todos de ensino da instituiĆ§Ć£o eram antiquados e muito tradicionalistas. Deixou o ConservatĆ³rio em 1862, com 18 anos, sendo aceite, devido ao empenho do duc de Morny, na ComĆ©die FranƧaise, como discĆ­pula. Nas trĆŖs diferentes peƧas em que teve de entrar, a primeira das quais foi a IphigĆ©nie et Aulide de Racine, em 11 de Agosto de 1862, necessĆ”rias para poder passar a  actriz residente, nĆ£o foi notada pelos crĆ­ticos. O seu contrato foi cancelado no ano seguinte, devido a ter esbofeteado uma das principais actrizes, que tinha sido um pouco rude com a sua irmĆ£ mais nova, RĆ©gine.

Passou entĆ£o a fazer parte do elenco do ThĆŖatre du Gymnase-Dramatique. O perĆ­odo foi de reflexĆ£o, devido aos pequenos papĆ©is que lhe atribuĆ­am em peƧas de pouco interesse, tendo pensado mesmo em abandonar os palcos. Ɖ tambĆ©m um perĆ­odo onde os amantes se sucedem, entre os quais o prĆ­ncipe de Ligne, pai segundo parece do seu Ćŗnico filho, Maurice.

Em 1866, foi contratada pelo Teatro Ɠdeon, e com a competente companhia residente do teatro e muito trabalho comeƧou a sua ascensĆ£o. O seu primeiro sucesso foi no papel de Anna Damby na peƧa Kean de Alexandre Dumas pai, mas a sua interpretaĆ§Ć£o de CordĆ©lia no Rei Lear, de Shakespeare, jĆ” tinha sido notada. JĆ” conhecida como a actriz favorita dos estudantes parisienses, a sua interpretaĆ§Ć£o, em 1869, do trovador Zanetto na peƧa em um acto e em verso de FranƧois CoppĆ©e Le Passant, o seu primeiro papel em travesti, teve um imenso sucesso, que a levou a uma representaĆ§Ć£o privada para NapoleĆ£o III.

Durante a guerra franco-prussiana de 1870-1871 organizou um pequeno hospital militar nas instalaƧƵes do teatro. Com o fim da guerra, a deposiĆ§Ć£o de NapoleĆ£o III, e a proclamaĆ§Ć£o da RepĆŗblica, a actriz, mal vista pelos republicanos, devido Ć s suas conhecidas relaƧƵes e defesa de personagens do anterior regime, conseguiu o principal papel feminino, o da Rainha Maria, na peƧa de Victor Hugo Ruy Blas, que tinha acabado de chegar do exĆ­lio. A sua actuaĆ§Ć£o encantou as audiĆŖncias, devido sobretudo ao lirismo da sua voz. Foi a razĆ£o da cĆ©lebre frase de Victor Hugo, que afirmou que a actriz tinha uma «voz de oiro», caracterizaĆ§Ć£o que perdurou apesar dos crĆ­ticos jĆ” descreverem a voz de Sarah Bernhardt como sendo prateada, devido Ć  sua parecenƧa com o tom de uma flauta.

Em 1872 deixou o Ɠdeon e regressou Ć  ComĆ©die-FranƧaise, possivelmente devido Ć  intervenĆ§Ć£o de Hugo. Participou com sucesso na Zaire de Voltaire, mas normalmente os seus papĆ©is eram secundĆ”rios, atĆ© ao momento em que interpretou o papel de VĆ©nus na PhĆØdre de Racine, substituindo a actriz principal, temporariamente doente. As crĆ­ticas foram entusiĆ”sticas, ainda por cima porque se pensava que Sarah nĆ£o tinha capacidade de interpretar papĆ©is apaixonados. Mais tarde interpretou a DoƱa Sol no Hernani de Victor Hugo, de uma maneira que terĆ” levado o autor Ć s lĆ”grimas.

Tendo comeƧado a esculpir e a pintar, exibiu as suas obras de escultura de 1876 a 1881 no Salon de Paris, tendo-lhe sido atribuĆ­da uma menĆ§Ć£o honrosa no primeiro ano. Em 1880 exibiu tambĆ©m uma pintura. 

Em 1879, Londres rendeu-se Ć  interpretaĆ§Ć£o de Sarah Bernhardt no segundo acto da PhĆ©dre, produzido no Gaiety, durante a exibiĆ§Ć£o da ComĆ©die em Inglaterra. Uma carreira internacional estava Ć  sua disposiĆ§Ć£o, a partir desse momento. Por isso, o regresso Ć s instalaƧƵes da companhia trouxeram de novo os jĆ” famosos ataques de mĆ” disposiĆ§Ć£o. O corte com a ComĆ©die deu-se rapidamente, e em 1880 Sarah Bernhardt abandonou a companhia oficial francesa, indo representar em Londres e depois na Dinamarca.

Tendo criado a sua prĆ³pria companhia, com a ajuda do empresĆ”rio londrino Jarrett, partiu para os Estados Unidos, acompanhada de uma secretĆ”ria, um mordomo, dois cozinheiros, duas criadas de quarto e um empregado. Durante dois meses percorrerĆ£o cinquenta cidades americanas. Nova Iorque Ć© a primeira cidade americana a vĆŖ-la, em 8 de Novembro de 1880. RegressarĆ” ao Novo Mundo mais oito vezes. De regresso Ć  Europa actua em todo o lado, tirando a Alemanha. Em Odessa, na terra dos czares, ia sendo cachinada por anti-semitas russos. Mas o czar presta-lhe homenagem pĆŗblica.

Na dĆ©cada de 80 aparece na sua vida o dramaturgo Victorien Sardou, que escreve para a actriz FĆ©dora (1882), ThĆ©odora (1884), La Tosca (1887) e ClĆ©opĆ¢tre (1890), dirigindo-a nas suas prĆ³prias peƧas e levando-a a actuar de uma maneira extrovertida, em cenĆ”rios exĆ³ticos e com guarda-roupas riquĆ­ssimos, no Teatro de La Porte Saint-Martin, de que a actriz se tinha tornado proprietĆ”ria. Entretanto casara, em 1882 em Londres, com Jacques Damala, um jovem grego amante da sua irmĆ£ mais velha, actor sem talento e drogado notĆ”rio. O casamento nĆ£o dura devido Ć  morte do marido.

De 1891a 1893 fez uma digressĆ£o mundial que incluiu a AustrĆ”lia e a AmĆ©rica do Sul, para alĆ©m da AmĆ©rica do Norte e as principais capitais europeias. O seus papĆ©is mais populares, para alĆ©m da PhĆØdre, sĆ£o o de MarguĆ©rite Gautier na Dama das CamĆ©lias de Alexandre Dumas filho e no papel principal na Adrienne Lecouvreur de EugĆØne Scribe. No fim da digressĆ£o, de regresso a Paris, compra o Teatro La Renaissance, que inaugura com a peƧa de Jules Lemaitre, Les Rois. Em 1896 fez um sucesso com uma adaptaĆ§Ć£o do Lorenzaccio de Alfred de Musset, sendo homenageada oficialmente em Paris, com a realizaĆ§Ć£o de uma grande festa e envio de felicitaƧƵes dos quatro cantos do mundo.

Em 1899 vende o La Renaissance e muda-se para o ThĆ©Ć¢tre des Nations, que inaugura com La Tosca. Em 1900 inaugura o ThĆŖatre Sarah Bernhardt com a peƧa de Edmond de Rostand L'Aiglon. Nesse palco representa o bom e o muito mau. As peƧas medĆ­ocres sĆ£o apresentadas por necessidade financeira ou para retribuiĆ§Ć£o a amigos.

Uma ferida mal curada no joelho direito, provocada por uma queda na Ćŗltima cena da Tosca, durante uma digressĆ£o pela AmĆ©rica do Sul em 1905, que apanha gangrena obrigou Ć  amputaĆ§Ć£o da perna em 1915. O facto nĆ£o a impediu de visitar os soldados na frente ocidental durante a Primeira Guerra Mundial, e de, no ano seguinte, voltar aos Estados Unidos para uma extenuante digressĆ£o de 18 meses. Em Novembro de 1918 regressou a FranƧa, aproveitando o fim da guerra para realizar uma digressĆ£o pela Europa.

Em 1920 publicou um romance, Petite Idole, obra com algum interesse, jĆ” que a heroĆ­na Ć© uma idealizaĆ§Ć£o da carreira e das ambiƧƵes da actriz.

Durante os ensaios finais da peƧa de Sacha Guitry Un sujet de Roman, desmaiou, recuperando de forma a participar no filme do mesmo autor La Voyante, produzido por Hollywood, e filmado na sua prĆ³pria casa em Paris, mas durante o qual foi acometida de vĆ”rias sĆ­ncopes. Acabou por morrer em MarƧo de 1923.


Fontes: 
EnciclopĆ©dia BritĆ¢nica

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