BRUXELAS, 30 Out (Reuters) - O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, alertou contra a ascensão do nacionalismo, da xenofobia e do racismo até a eleição para o Parlamento Europeu, no ano que vem, quando há a previsão de um bom desempenho dos partidos anti-UE e de protesto.
A vários meses das eleições de 22 a 25 de maio nos 28 países do bloco, as pesquisas sugerem um forte apoio a candidatos de ultraesquerda e ultradireita, refletindo a frustração do eleitorado com a Europa após três anos de turbulências financeiras, contração do crescimento e avanço do desemprego.
"Precisamos ser honestos de que a crise e a ascensão do desemprego são uma ocasião para que forças populistas se tornem mais agressivas e ganhem alguns votos", disse Barroso, um político de centro-direita que já foi primeiro-ministro de Portugal, em entrevista exclusiva à Reuters.
"O que não gostamos é do discurso que às vezes está por trás dos slogans antieuropeus, um discurso que está promovendo o que eu chamo de valores negativos, coisas como o nacionalismo estreito, o protecionismo e a xenofobia. Essa é uma preocupação."

Barroso não mencionou nominalmente nenhum partido ou movimento. Mas as pesquisas sugerem que partidos de direita com posições agressivas a respeito da imigração poderão ir bem em vários países, incluindo Grã-Bretanha, França e Finlândia.
Na Grã-Bretanha, o Partido da Independência do Reino Unido deve ficar em primeiro ou segundo lugar, a julgar pelas pesquisas atuais. Na França, a direitista Frente Nacional, de Marine le Pen, se distanciou dos dois partidos mais tradicionais e próximos do centro, e virou favorita.
Além disso, há movimentos de extrema esquerda ou de protesto com grande popularidade na Grécia e na Itália, e também partidos com uma pauta única, como o alemão AfD (antieuro), que devem obter representação entre as 760 cadeiras do Parlamento Europeu, única instância de poder do bloco eleita por voto direto.
Analistas dizem que é cedo para fazer previsões de bancadas, mas estimativas mais amplas sugerem que os partidos de protesto e anti-UE ficariam com 20 a 30 por cento dos votos.
"As forças pró-europeias ... precisam assumir a liderança, sem dar a iniciativa a forças extremistas, e explicar de forma racional e razoável o que a Europa traz", disse Barroso.