Israel iniciou neste domingo o processo para soltar 26 presos palestinos com um duro debate entre os ministros do governo e a incomum intervenção pessoal do primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, que impediu um projeto de lei que bloquearia a libertação. O debate aconteceu na Comissão Ministerial para Assuntos Legislativos, que analisou hoje um projeto de lei de uma deputada do partido nacionalista Lar Judeu para evitar "a libertação de terroristas como gesto de boa vontade diplomática".
Em reunião marcada por gritos e acusações, os ministros que pertencem ao Lar Judeu e Israel Beteinu recriminaram seus colegas do Likud e de outros partidos do governo que votaram a favor de libertar palestinos que cumprem pena por "terrorismo". "É um dia triste para a luta contra o terrorismo, seguiremos lutando com toda nossa força para impedir a libertação de assassinos", disseram os representantes do Lar Judeu, dirigido pelo ministro da Indústria e Comércio, o nacionalista Naftali Benet.
De acordo com a segunda fase de um acordo estipulado em julho, antes do reinício das negociações de paz, Israel irá soltar na terça-feira 26 presos palestinos condenados por delitos cometidos antes de 1993. Os presos foram reunidos no sábado em uma penitenciária do centro de Israel e a liberação ocorrerá 48 depois que o Serviço de Prisões publicar seus nomes, mecanismo adotado para permitir que os cidadãos recorram da decisão na Justiça.
Até agora, o Poder Judiciário se absteve de intervir neste tipo de decisão do governo, por isso não se espera nenhum atraso no prazo previsto. O projeto de lei para impedir a medida foi rejeitado hoje por oito votos contra cinco. Ele tentava neutralizar a autoridade do Poder Judiciário e do chefe do Estado - que referenda os indultos - e, ao mesmo tempo, habilitar o Parlamento a proibir este tipo de decisão.
Para pôr fim à discussão, Netanyahu enviou urgentemente à reunião o secretário do governo, Avijai Mandelblitt, que lembrou aos ministros rebeldes que a libertação de um total de 104 presos (os restantes serão soltos em etapas posteriores) conta com a aprovação do Conselho de Ministros. "O governo é um organismo sério. Não se pode reverter suas decisões. Os ministros devem prestar atenção que este projeto atará pés e mãos dos governos em qualquer acordo de paz futuro", advertiu o mensageiro.
O Conselho de Ministros aprovou a libertação de presos em agosto passado, medida que trouxe os palestinos de volta à mesa de negociações sem obrigar Israel a congelar a polêmica construção nos assentamentos judaicos. Em 13 de agosto, os primeiros 26 presos foram soltos e o restante será libertado ao longo dos nove meses em que durarem as negociações de paz.