Norte do Marrocos
Tradições árabes e judaicas convivem no cardápio da região, famosa por receitas-chaves do país, como o cuscuz e o chá de hortelã
A região norte do Marrocos delimita o fim da África e aponta para a Europa. Como indica a posição geográfica, o lugar mistura tradições espanholas e, também, judaicas , a costumes árabes e berberes, do Norte da África – o resultado, não por acaso, é uma cultura única e uma rica culinária.
Por toda a região, cidades de traços hispânicos e franceses contrastam com paisagens selvagens, ainda bastante protegidas do turismo. Tânger, situada em uma das mais lindas baías do país, entre o mar Mediterrâneo e o oceano Atlântico, guarda tesouros de influência europeia, como o Gran Café de Paris, na Place de France, famoso desde os anos 1940 por um saboroso chá de hortelã .
Nos arredores da almedina, seu centro histórico, e da casbá, a antiga cidadela onde está o palácio de Dar el Makhzen, do século 17, restaurantes seguem o clima tradicional e servem diversos pratos regionais. Dois dos mais populares são o zaalouk , o peixe à moda de Tânger , e o exportadíssimo cuscuz .
Tétouan, no vale Oued Martil, tem construções de arquitetura hispano-mourisca e as montanhas do Rif, que formam uma cordilheira de 300 quilômetros de extensão, como pano de fundo. A almedina, a fortaleza Alcazaba e os souks, típicos mercados de rua, são os pontos da cidade que mais atraem visitantes, assim como o antigo bairro judaico conhecido como mellah. Perto dali está Chefchaouen, erguida a 600 metros de altitude e apelidada de "cidade azul" – culpa de suas pequeninas casas brancas, coloridas com janelas e portas azuis. Bastante turístico, o lugar também abriga um bonito centro histórico, com restaurantes e a Grande Mesquita. No litoral, Ceuta (ou Sebta, como é chamada pelos marroquinos) é um enclave espanhol no Marrocos, com numerosos resorts turísticos distribuídos pelas lindas praias, cercadas pela costa do Rif.
Comida judaica :
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Coisas Judaicas |
Ao ser expulsa da Espanha com os mouros, no fim do século 15, a comunidade judaica sefardí instalou-se no Norte da África, em guetos que seriam chamados de mellah. Neles, pôde desenvolver sua rica cozinha, influenciada por tradições marroquinas e andaluzas. As festas religiosas também contribuíram para preservar esse legado culinário, que ainda marca o cardápio marroquino.
Entre as receitas mais tradicionais, servidas, sobretudo, em Tânger, estão:
- Kefta bal krafes: almôndegas de carne com salsão.
- Dafina: tradicional do Shabat, o dia de descanso judeu, é um cozido de grão-de-bico, linguiça, batatas, trigo, arroz e ovos; o tfina aadame de sousse é sua versão para o Pessach, celebração que comemora a fuga dos hebreus do Egito, considerada a “Páscoa” judaica.
- Peixe à moda de Tânger : servido em postas fritas no azeite, cebolas e alcaparras.
- Tachkchouka: salada de tomates com pimentões assados.
- Korni yahoud el Maghreb: alcachofras à moda judaica cozidas com alho, sal, pimenta, açúcar e limão.