Israel reagiu em silêncio à violência no Egito, com o objetivo de
evitar acabar com uma estratégica cooperação de segurança com um setor
militar que o Estado judaico vê como fundamental para impedir ataques de
militantes islâmicos no Sinai, disseram autoridades e analistas.
O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, instruiu ministros a
evitarem comentários públicos sobre o Egito, de acordo com uma
autoridade que não quis se identificar.
"Israel e Estados Unidos veem a situação no Egito muito, muito
diferentemente, e justificavelmente o primeiro-ministro não quer que
ministros israelenses critiquem publicamente as políticas
norte-americanas", afirmou Giora Eiland, um ex-assessor de segurança
nacional, à emissora de televisão Channel 2.
Em privado, uma autoridade israelense expressou preocupação com a
condenação da violência por parte do presidente norte-americano, Barack
Obama, e o cancelamento de um exercício militar conjunto com o Cairo.
"As sobrancelhas levantaram", afirmou.
Israel teme que qualquer sinal de hesitação no apoio dos EUA aos
militares egípcios possa encorajar militantes islâmicos simpáticos à
Irmandade Muçulmana, retirada do poder pelo Exército egípcio após um ano
no comando da nação.
Eiland apoiou a repressão promovida pelo chefe do Exército egípcio, o general Abdel Fattah al-Sisi, à Irmandade nesta semana.
"Sisi, na situação em que se encontrava, não tinha outra escolha a
não ser fazer o que fez", afirmou Eiland, acrescentando que a revolta do
Ocidente com a escala do massacre era compreensível. Quase 800 pessoas
morreram até agora.
Israel quer evitar qualquer problema em sua cooperação de segurança
com o Egito, que é proveniente de um tratado de paz de 1979, o primeiro
de apenas dois acordos do tipo entre Israel e países árabes.
Os laços militares com o Egito ajudaram Israel estrategicamente em
uma região onde a nação é majoritariamente isolada. Além disso, os
acordos dificultaram o tráfico de armas para os militantes palestinos em
Gaza, que é controlada pelo grupo islâmico Hamas.
A cooperação permaneceu intacta apesar da inconstância do país desde a
saída de Hosni Mubarak do poder, em 2011. Ambos os lados querem frear a
desordem no Sinai, e Eiland disse que autoridades da inteligência
continuam trabalhando em conjunto para impedir ataques na região.
Israel disse que ataques com foguetes em cidades na fronteira sul
aumentaram a partir do Sinai. Um escudo contra mísseis israelense
derrubou um foguete disparado contra o resort de Eilat nesta semana.
O Magles Shoura al-Mujahideen, um grupo islâmico radical, afirmou que
realizou o ataque em retaliação às mortes de quatro militantes em um
ataque aéreo no Sinai há uma semana. Israel nega qualquer participação
no ataque.
Eiland não descartou "uma ação israelense isolada" para destruir um
lançador de foguetes se o Egito for incapaz de impedir um ataque a
tempo, mas disse que Israel pode confiar nos militares egípcios.
Em silêncio, Israel permanece preocupado com revolta no Egito
domingo, agosto 18, 2013
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