O Exército de Israel bombardeou na noite de quinta-feira uma série de alvos sírios, segundo integrantes do governo israelense e dos Estados Unidos. Segundo os funcionários, o ataque foi contra um carregamento de armas que seguia para o Líbano.
Os funcionários foram questionados pelas emissoras de televisão CNN e NBC e pelas agências de notícias Associated Press e Reuters. O ataque também foi informado pela coalizão da oposição síria. O regime de Bashar Assad diz desconhecer o ataque, enquanto Israel não comentou oficialmente sobre o bombardeio.
Caso confirmado, será o segundo ataque de Israel a alvos do regime sírio desde o início dos confrontos entre as tropas de Assad e rebeldes que tentam derrubá-lo, em 2011. Em janeiro, o Estado judaico bombardeou baterias de mísseis antiaéreos que seriam levadas ao Líbano, em área próxima às colinas de Golã.
Segundo integrantes do governo israelense, o bombardeio foi contra um carregamento de mísseis avançados de curto e médio alcances destinados ao grupo radical libanês Hizbollah, aliado do regime sírio e que prega a destruição do Estado de Israel. Ainda não há informações sobre o local da ação israelense.
Um integrante do Exército israelense questionado pela Reuters disse que o país está preocupado com o envio de armas químicas da Síria para o Líbano. No entanto, o estrategista do Ministério da Defesa de Israel, Amos Gilad, diz que o Hizbollah não deseja o armamento.
Para ele, todas as armas químicas existentes na Síria estão nas mãos de Assad. "O Hizbollah não tem armas químicas, temos formas de comprovar isso. Eles não estão dispostos a ter armas desse tipo, preferem sistemas que possam cobrir todo o país [Israel]", disse, em referência aos mísseis de longo alcance.
ARMAS QUÍMICAS
Há forte preocupação, em Israel e também na comunidade internacional, a respeito do arsenal químico de Assad. Conforme os EUA avaliam indícios do uso dessas armas por parte do regime, o país discute opções de intervenção, como bombardear o sistema antiaéreo sírio.
Segundo fontes oficiais, não tem sido cogitado um ataque ao arsenal químico.
Atingindo a estrutura de transporte na Síria, a comunidade internacional calcula ser possível limitar a capacidade de Assad de usar armas químicas a longas distâncias ou em grandes quantidades, reduzindo o dano.
Assombrado pelo fantasma do Iraque, porém, Obama tem relutado em envolver-se no conflito sírio. O Iraque foi invadido em 2003, sob suspeitas infundadas de possuir armas de destruição em massa. O país está, hoje, à beira de outra guerra civil.
A Inteligência israelense estima haver cerca de 20 locais de armazenamento de armas químicas no país -o maior arsenal do tipo.
A situação ideal, para os EUA, seria cercar e então incinerar esses depósitos. Mas o tempo à disposição, afirmam fontes americanas, não permite esse plano de ação.
De acordo com o jornal "New York Times", caso EUA e aliados escolham intervir militarmente na Síria, eles devem optar por mísseis Tomahawk disparados por navios no mar Mediterrâneo, sem invadir o espaço aéreo.
A ONU estima que mais de 70 mil pessoas já foram mortas durante a insurgência contra o ditador Bashar Assad, desde março de 2011.