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Presidente sírio, Bashar Al-Assad cumprimenta parlamentar iraniano em Damasco |
Uma autoridade da inteligência do Exército de Israel afirmou nesta terça-feira (23) que o presidente da Síria, Bashar al-Assad, usou armas químicas no mês passado em confrontos contra grupos de insurgentes. Essa foi a primeira vez que Israel acusou o líder sírio de fazer uso de um estoque de armas não convencionais.
A avaliação, baseada em evidências visuais de supostos ataques, pode aumentar a pressão nos EUA e em outros países do Ocidente para intervir no conflito sírio. O Reino Unido e a França anunciaram recentemente que eles possuíam evidências de que o governo Assad teria usado armas químicas. Embora os EUA diga que não foram capazes de verificar essas alegações, o presidente Barack Obama alertou que a introdução de armas químicas por Assad provocaria uma mudança no "jogo".
Em sua avaliação, o brigadeiro-general Itai Brun, chefe de pesquisa e análise na inteligência do Exército de Israel, afirmou a uma conferência de segurança em Tel Avivi que Assad usou armas químicas várias vezes. Entre os incidentes, estavam ataques documentados pela França e pelo Reino Unido perto de Damasco no mês passado.
Ele citou imagens de pessoas machucadas nos supostos ataques, mas não deu qualquer indicação de que tivesse outra evidência, como mostras de solo, tipicamente usadas para verificar uso de armas químicas.
"Para o melhor do nocco conhecimento profissional, o regime usou armas químicas letais contra os militantes em uma série de incidentes nos últimos meses, incluindo o relativamente famoso incidente de 19 de março", disse Brun. "Pupilas encolhidas, espuma nas bocas e outros sinais indicam, em nossa visão, que armas químicas letais foram usadas."
Ele disse que sarin, substância tóxica que atinge o sistema nervoso, foi provavelmente usada. Ele também afirmou que o regime sírio estava usando armas químicas menos letais, e que a Rússia continuava a armar o Exército sírio. Brun lamentou o que considera falta de respostas da comunidade internacional, dizendo que o silêncio poderia encorajar grupos trapaceiros que não jogam de acordo com as regras tradicionais da guerra.
Ele divulgou sua avaliação enquanto o secretário de Defesa dos EUA, Chuck Hagel, estava realizando uma visita a Israel. Reagindo aos comentários de Brun, o porta-voz do Pentágono George Little disse que os EUA "continuam a avaliar os relatórios de uso de armas químicas na Síria". "O uso de tais armas seria completamente inaceitável", acrescentou. "Reiteramos nos termos mais fortes possíveis as obrigações do regime sírio em guardar em segurança seus estoques de armas químicas e não usá-las ou transferí0las para grupos terroristas como o Hezbollah."
Israel, que faz fronteira com a Síria, assiste com preocupação a guerra civil na Síria, desde que ela teve início em março de 2011. Embora Assad seja um inimigo, o Estado Judeu foi cuidadoso em não escolher lados, parcialmente porque a família Assad manteve a fronteira com Israel tranquila nos úiltimos 40 anos e também por causa dos temores sobre o que poderia acontecer caso ele seja derrubado.
Autoridades israelenses estão especialmente preocupadas que o estoque de armas químicas de Assad e outras armas avançadas caia nas mãos dos aliados de Assad do movimento militante libanês Hezbollah, ou de grupos extremistas islâmicos que tentam derrubá-lo. A preocupação é que se o governo Assad cair, qualquer um desses grupos poderia colocar seu arsenal contra Israel. Hezbollar combateu Israel por um mês em 2006.
O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, voltou a repetir na segunda-feira que Israel tem o direito de "se defender" contra qualquer ameaça. Ele falou durante encontro com Hagel.
Com AP