GAZA, 18 Mar (Reuters) - Um
preso palestino em greve de fome foi deportado no domingo de Israel para
a Faixa de Gaza, segundo autoridades palestinas.
O acordo envolvendo Ayman Sharawneh, cujo caso vinha motivando
protestos entre palestinos, pode reduzir os atritos na região, que
recebe nesta semana uma visita do presidente dos EUA, Barack Obama.
Sharawneh, de 37 anos, oriundo de Hebron, na Cisjordânia ocupada,
assinou um compromisso de permanecer durante dez anos em Gaza, segundo
Qadura Fares, que dirige uma ONG de apoio a presos palestinos.
Israel não se manifestou.
Sharawneh havia sido solto de uma prisão israelense em 2011, como
parte de uma troca envolvendo um soldado israelense que passou mais de
cinco anos retido em Gaza. Mas o palestino voltou a ser detido no ano
passado.
Em protesto por estarem presos sem julgamento, ele e outros três
detentos palestinos vinham realizando greves de fome intermitentes.
Sharawneh, que foi atendido em hospitais israelenses durante sua
greve de fome, chegou durante a noite, em uma ambulância, ao posto
fronteiriço de Erez, principal acesso a Gaza.
Ele foi recebido como herói na cidade de Gaza por dezenas de
apoiadores que agitavam as bandeiras verdes e brancas do grupo islâmico
Hamas, que governa Gaza. Um grupo de apoio a prisioneiros disse que ele
foi em seguida internado na UTI do principal hospital de Gaza.
O primeiro-ministro de Gaza, Ismail Haniyeh, do Hamas, referiu-se a Sharawneh como um "prisioneiro herói".
Ele havia sido originalmente preso durante uma rebelião palestina em 2002.
A condição dos quatro presos que fizeram greve de fome e a morte
de outro detento ajudaram a motivar protestos que deixaram dezenas de
feridos recentemente na Cisjordânia. Dois dos presos que faziam greve de
fome abandonaram esse protesto após receberem a promessa de que serão
soltos.
Israelenses e palestinos tentam acalmar a atmosfera à espera da
primeira visita de Obama à região como presidente. Ele provavelmente
defenderá a retomada do processo de paz paralisado desde 2010.
Israel mantém 178 palestinos como presos "administrativos" -
supostos militantes que podem ficar detidos sem julgamento por períodos
renováveis de três a seis meses, com base em provas secretas.
Qadoura salientou que Shawarneh aceitou o acordo por iniciativa
própria. As autoridades palestinas se opõem a deportações a partir de
territórios reivindicados como parte do seu futuro Estado.