Depois de o governo sírio e o aliado Irã alertarem Israel sobre uma retaliação ao bombardeio nas proximidades de Damasco, na noite de quarta-feira, o governo de Benjamin Netanyahu teria colocado suas embaixadas em estado de alerta. De acordo com o jornal israelense Yedioth Ahronoth, oficiais temem a ação de grupos ligados a Damasco, a Teerã ou ao movimento milícia xiita libanês Hezbollah. A Embaixada de Israel no Brasil, no entanto, afirma não ter recebido qualquer comunicado para reforço de segurança.
O Yedioth Ahronoth informou que oficiais teriam se encontrado com forças de segurança da Índia, pois se preocupam com um possível atentado em 13 de fevereiro – aniversário de um ano do ataque a um diplomata israelense em Nova Délhi, que fez parte de uma série de ações coordenadas contra embaixadas israelenses.
Ainda ontem, aviões de Israel foram vistas sobrevoando o Sul do Líbano em direção à fronteira com a Síria. Segundo o jornal The Times of Israel, as aeronaves estariam registrando imagens da região. O governo não se pronunciou sobre a ação, assim como sobre o ataque em território sírio. O silêncio de Jerusalém é visto como estratégia de dissuasão na região. A postura preservaria espiões do Mossad ou do Shin Bet – agências secretas israelenses – e evitaria acusações de que o país se gaba de suas investidas de forma provocativa.
Em entrevista à rádio BBC, o chanceler britânico, William Hague, afirmou que não condena Israel pela suposta agressão à Síria. Segundo ele, "pode haver muitas coisas que o Reino Unido, a Liga Árabe ou a Rússia (que prontamente reagiram contra a ação) não saibam". Nos últimos dois anos, o Hezbollah, inimigo de Israel, recebeu mísseis Scud do regime sírio que poderiam disparar armas químicas. A suspeita do uso desse tipo de artefato foi colocada por Israel como motivo para um hipotético ataque à Síria. Por meio de um comunicado, Damasco informou que um centro de pesquisas militares tinha sido bombardeado por aviões israelenses. No entanto, fontes da inteligência americana afirmam que o alvo foi um comboio que levava armamento da Síria para o Líbano.
Para Ron Ben Ishai, analista militar do Yedioth Ahronoth, o governo sírio estaria "mentindo" sobre o local do bombardeio. Ele defende que a Síria tem interesse em encobrir a transferência de seu arsenal para o Hezbollah, uma vez que a guerra civil teria provocado a desintegração do Estado. O ex-ministro da Defesa israelense Benjamin Ben Eliezer disse à radio estatal israelense que comboio atingido transportava mísseis antiaéreos SA-17, de fabricação russa. Segundo ele, o ataque foi uma medida "adequada".