O lugar mais sagrado de Jerusalém para judeus, cristão e muçulmanos
exige um certo "dress code". Mesmo no mais quente dia de verão é
recomendável que mulheres não usem saias ou shorts curtos, sob pena de
não conseguir entrar em igrejas, sinagogas e até serem perturbadas nos
mercados. Tudo bem usar uma blusa sem manga, mas é esperto sempre
carregar na bolsa um xale para qualquer emergência.
Igreja do Santo Sepulcro
- A igreja mais sagrada para o Cristianismo foi construída sobre o que
se acredita ser o lugar bíblico do Calvário de Jesus, onde ele teria
sido crucificado, morreu e ressuscitou. É a 14ª e última estação da Via
Sacra, por onde Jesus andou nos momentos que antecederam a crucificação.
Quem decidiu construir a igreja foi Helena, a mãe do Imperador
Constantino, no ano 300, que achou ali a tumba de José de Arimatéia e
mais três cruzes. Na época de Jesus, esse local ficava fora das muralhas
da cidade. Igrejas foram erguidas e destruídas ali desde o século 4.
Para entrar, é preciso vestir-se com recato. Tel. 627-2692. Diariamente,
das 4h30 às 20h.
Via Sacra - O caminho que se acredita
ter sido o que Jesus percorreu com a cruz tem 14 estações, ou seja,
lugares que pontuam esse bíblico trajeto. Os peregrinos bizantinos foram
os primeiros a reproduzir essa caminhada e, no século 8, as estações
foram marcadas. A primeira é perto da Capela da Flagelação e a última é o
Santo Sepulcro. Dá para seguir o caminho por conta própria, mas o jeito
mais legal é acompanhar a procissão dos franciscanos, que carregam
cruzes. Todas as sextas feiras, às 15h, de outubro a março, e às 16h, de
abril a setembro.
Muro das Lamentações - É o pedaço de
55 metros de largura que restou do muro de sustentação do lado oeste do
Monte do Templo, sobre o qual ficava o Templo de Salomão, ou Segundo
Templo, destruído no ano 68 pelos romanos. Desde então, o Kotel
HaMa'aravi, como é chamado em hebraico, passou a ser o mais sagrado do
mundo para os judeus. Diariamente, a qualquer hora, o muro está cheio de
gente, de aparências e linhas diversas. Eles rezam, choram, escrevem
pedidos em bilhetes de papel, que se amontoam nas frestas. Mas a melhor
hora para estar lá é ao entardecer de sexta feira, quando começa o
Shabat, o dia santo judaico. Há muitas danças e rezas. Mas, atenção:
normalmente, é preciso vestir-se apropriadamente até para passar na área
do Muro. Mulheres devem cobrir os ombros, mas se você não tem um xale,
pode pegar um pedaço de pano emprestado. É preciso também respeitar a
divisão - homens para um lado e mulheres para outro. E, principalmente,
no Shabat, nada de tirar fotos, falar no celular, ligar qualquer outro
aparelho eletrônico ou até acender um fósforo.
Túnel do Muro das Lamentações
- À esquerda do Muro, você verá uma bilheteria. É lá a entrada para uma
das mais fascinantes e controversas atrações da Cidade Velha: as
escavações do Muro. Durante 20 anos arqueólogos trabalharam abrindo esse
túnel que corta por baixo o bairro muçulmano. Quando o ex-presidente
Bibi Netanyahu anunciou que seriam abertos para o público, manifestações
explodiram na cidade, coincidindo com o início da segunda Intifada. Lá
embaixo, o Muro continua por cerca de 300 metros e desce-se o suficiente
para chegar a uma rua da época de Herodes. No início do tour, que dura
uma hora, há uma maquete explicativa. No site www.thekotel.org há um passeio virtual pelos túneis. As reservas devem ser feitas com meses de antecedência. Tel. (1/599) 515-888.
As muralhas da cidade
- As que existem hoje são, digamos, modernas para a idade da cidade -
foram erguidas no século 16. Um passeio muito pouco divulgado, mas
incrível, é andar sobre elas. Ao entrar na Cidade Velha pelo Jaffa Gate,
note, à sua esquerda, uma escada. Em cima há uma bilheteria e uma
catraca. É possível rodar, em sentido horário, metade da cidade por cima
das muralhas - o caminho acaba no Lions Gate, antes da Mesquita do Domo
da Rocha. Mas tome cuidado que, em alguns pontos, a manutenção das
grades de proteção deixa a desejar. E não é recomendável ir só, dica que
cabe especialmente às mulheres. Tel. 627-7550.
Os portões
- Cada um deles leva a um microcosmo muito particular. O Dung Gate é o
caminho direto para o Muro das Lamentações; a Porta de Damasco leva ao
coração da Jerusalém palestina. Foi pelo Portão de Herodes, ao lado, que
os cruzados entraram, em 1099. E pela Lions Gate que o exército
israelense tomou a cidade, em 1967.
Monte do Templo ou Haram ash Sharif
- O monte onde ficava o Templo de Salomão, destruído pelos romanos, é o
terceiro ponto mais importante de peregrinação para muçulmanos (atrás
de Mecca e Medina). Dentro do complexo estão as mesquitas do Domo da
Rocha, ao centro, com sua cúpula dourada, e El-Aqsa, na lateral, com a
cúpula prateada. Não-muçulmanos podem entrar somente pelo portão de Bab
al Maghariba. Tel. 628-3313, www.templemount.org. De sábado a quinta, das 7h30 às 11h30 e das 13h30 às 14h30.
Outras igrejas - A mais antiga da cidade não é a do Santo Sepulcro, mas sim a Igreja de São João Batista,
escondida pelas casas do Quarteirão Cristão, da metade do século 5.
Como ponto final de peregrinos de todas as partes do mundo, o que não
faltam na Cidade Velha são igrejas e monastérios das mais diversas
linhas cristãs. A Igreja Cristã, próxima ao Portão de Jaffa, é a primeira protestante da cidade. Já a linha ortodoxa russa tem como base a Igreja de Alexandre, a leste do Santo Sepulcro, e os luteranos rezam na Igreja Luterana da Redenção, cuja torre oferece uma das mais belas vistas da cidade.
Torre de David-
A cidadela à direita de Jaffa Gate data do século 1, quando serviu de
palácio para Herodes. O lugar passou por tantas mãos que, na vez dos
bizantinos, foi erroneamente confundido com o Palácio do Rei David, daí o
nome "Torre de David" para o minarete onde hoje funciona um imperdível
museu que conta toda a história de Jerusalém. Tel. 626-5333. De segunda a
quinta e sábados, das 10h às 17h; às sextas, das 10h às 14h. No
inverno, fecha uma hora antes. www.towerofdavid.org.il
Souq al-Qattanin
- Originalmente um mercado da época dos cruzados, tem cerca de 100
metros e umas 50 lojas. Interessante é que o fim dele dá no Monte do
Templo. Muçulmanos não podem entrar por lá, mas tirar fotos é permitido.
Cardo - No meio do Quarteirão Judaico, o cardo é a
reconstrução da original rua principal da Jerusalém das épocas romana e
bizantina. Colunas e outras ruínas foram encontradas no local, onde hoje
funcionam joalherias e lojas de suvenir caras. Há um mosaico
representando a cidade nesta época e, num dos extremos, uma menorá
(símbolo judaico) de ouro marca o lugar de uma importante batalha pelo
controle judaico, em 1948.
Hospedaria Austríaca - Atrás de
uma pesada porta de madeira na intersecção da Via Dolorosa com a El Wad
está escondido um dos mais bem guardados segredos da Cidade Velha. Ao
mais fino estilo europeu, a elegante hospedaria foi inaugurada em 1863
tanto para servir de parada a peregrinos, mas também como residência do
Cônsul da Áustria, até 1918. O salão foi pintado à mão pelos
conterrâneos F. Eichele e J. Kaltenbach. Durante a Segunda Guerra, a
propriedade foi tomada pelos ingleses, depois entregue aos jordanianos e
virou um hospital. Devolvida à Áustria, reabriu em 1988 para visitação.
O apfelshtrudel servido no café só não é melhor que a vista 360º da Cidade Velha que se tem da cobertura. 37 Via Dolorosa, tel. 626-5800.
Arredores da Cidade Velha
Encostados nas muralhas, porém fora delas, estão o Monte Sião, o Monte das Oliveiras e o Vale de Kidron, com alguns dos mais importantes locais para o Cristianismo e também para quem ama história e arqueologia.
Monte Sião
Sala da Última Ceia
- Também conhecido como Cenáculo, acredita-se que foi esse local da
Santa Ceia. O prédio original deu lugar à primeira Igreja Cristã da
cidade, destruída e reconstruída diversas vezes, sendo que esse último
edifício é da época dos Cruzados. O lugar já foi até uma mesquita, na
época dos turcos. Aberto de domingo a quinta, das 8h às 17h, e, às
sextas, das 8h às 13h.
Igreja e Monastério da Dormição -
Cuidada pelos beneditinos, foram construídos no local onde a Virgem
Maria teria morrido. Abre diariamente das 8h às 12h e das 14h às 18h.
Tumba do Rei David
- Que o rei judeu tenha sido de fato enterrado aqui é muito
controverso, mas o lugar sempre foi um importante ponto de peregrinação
judaica, especialmente antes de 1967, quando a cidade estava sob domínio
jordaniano e esse era, portanto, o mais perto da cidade Velha que os
judeus podiam entrar. Aberto de domingo a quinta, das 8h às 18h, e, às
sextas, das 8h às 14h.
Monte das Oliveiras
Para os
judeus, é o lugar onde o Messias retornará no dia do Julgamento. Para os
Cristãos, é de onde Jesus subiu ao céu, e, portanto, algumas das mais
importantes igrejas. Uma das mais belas é a Igreja de Todas as Nações
(diariamente das 8h30 às 11h30 e das 14h às 16h), versão moderna num
local onde são construídas igrejas desde o século 4. Ao lado dela está o
Getsêmani (diariamente das 8h às 12h e das 14h30 às 18h), o
jardim onde Jesus foi preso. Algumas das oliveiras foram comprovadas
cientificamente terem 2000 anos. Outro ponto muito importante para os
cristãos é a Tumba da Virgem Maria (diariamente das 6h às 12h e
das 14h30 às 15h), cuja estrutura atual data do século 12. Além das
igrejas, o Monte das Oliveiras é famoso por oferecer algumas das
melhores vistas da Cidade Velha. Atenção: não é recomendável que
mulheres andem sozinhas por ali.
Vale de Kidron
É a
parte mais antiga de toda a Jerusalém. É aqui a Cidade de David, o
povoado cananeu conquistado pelo Rei David há três mil anos - os
primeiros sinais da cidade fortificada são de quatro mil anos atrás,
época do patriarca Abraão. As escavações arqueológicas começaram no
final do século 19 e ainda seguem, mas o complexo Cidade de David (tel. 626-8700, www.cityofdavid.org)
foi aberto para visitação não faz muitos anos. Reserve algumas horas,
pois há muito o que ver. Especialmente para fãs de filmes como "Indiana
Jones". O Túnel de Hezekiah é a estrela. Trata-se da tubulação
construída em 700 a.C. para levar água das fontes de Gihon para as
piscinas de Shiloé, onde ficavam armazenadas. Os visitantes, munidos de
lanternas, percorrem seus 500 metros com água que muitas vezes chega até
o joelho. Aberto de domingo a quinta, das 9h às 17h, e, às sextas, das
9h às 13h.