CAIRO - Israel está enviando soldados para o deserto do Sinai, território do Egito, para impedir que imigrantes alcancem a fronteira entre os dois países, acusaram grupos de direitos humanos em um relatório divulgado nesta sexta-feira, 10. Em seguida os detidos são entregues para forças egípcias, diz a denúncia.
Assaf Golan/Arquivo/AP
Imigrantes africanos cruzam fronteira de Israel e Egito
O relatório, elaborado pela Anistia Internacional e vários outros grupos israelenses, incluindo a Associação para os Direitos Civis em Israel, diz que soldados entraram centenas de metros no território do Egito para pegar imigrantes e entregá-los para a polícia egípcia.
As organizações pedem que Israel pare com a prática. O país está cada vez mais preocupado com o número de imigrantes africanos que entram ilegalmente através da fronteira. A maioria vem do Sudão, Sudão do Sul e Eritreia. Cerca de 60 mil imigrantes vivem em Israel, o que leva alguns israelenses a temerem que a chegada dos estrangeiros possa prejudicar o caráter judaico de seu Estado.
Um oficial militar sênior do Egito no Sinai negou que soldados israelenses tenham entrado no país. A fonte falou em anonimato pois não tinha autorização para falar com a imprensa. O estudo citou um soldado israelense e diversos imigrantes cujos parentes foram detidos por soldados de Israel em território egípcio.
Questionado sobre o relatório, o Exército de Israel não confirmou nem negou as alegações. Disse apenas que as forças israelenses estão trabalhando para "prevenir a infiltração de elementos terroristas hostis, bem como contrabandistas". De acordo com o escritório do porta-voz do Exército, as tropas pararam grupos diversas vezes e os deteve "até a chegada das forças egípcias, que levaram os infiltradores", mas não comentou onde isso acontece.
O relatório chega em meio ao crescimento da tensão na Península do Sinai, onde militantes islâmicos mataram 16 soldados egípcios no último domingo, roubaram veículos blindados e entraram em Israel (aparentemente para realizar outros ataques), onde foram impedidos por forças do país.