A facção parlamentar do Kadima, partido com o maior número de
deputados do Parlamento israelense, concordou, em reunião nesta
terça-feira, em desfazer a aliança com a coalizão governamental, à qual
se uniu há pouco mais de dois meses.
Apenas quatro dos 28
integrantes do partido não se mostraram a favor de abandonar a
macro-coalizão, liderada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu,
informou o site do jornal "Yedioth Ahronoth".
A votação
aconteceu depois que o presidente do Kadima e atual
vice-primeiro-ministro, Shaul Mofaz, solicitou uma reunião de emergência
com o grupo. "Lamento muito (...), mas não tem outra solução a não ser
sair do governo", disse.
A câmara do país conta com 120
lugares, e a aliança entre os dois partidos foi formada justamente para
contar com mais cadeiras no Parlamento, formando uma macro-coalizão
ocupante de 94 lugares. Porém, nas últimas semanas, a aliança sofreu um
deterioração por conta do debate de prestação de serviço militar
obrigatório por parte dos judeus ultra ortodoxos.
A Corte
Suprema declarou recentemente inconstitucional a norma que eximia os
ultra ortodoxos de prestar o serviço, o que obrigou o Governo a buscar
alternativas.
Netanyahu, atado por sua proximidade com os
partidos religiosos, propunha uma lei "light" que permitisse aos
ultraortodoxos não se incorporar ao exército até os 23 anos, enquanto o
Kadima exigia que servissem, como os demais, aos 18 anos.
"Não
foi fácil entrar (na coalizão liderada pelo primeiro- ministro
israelense, Benjamin Netanyahu), paguei um preço político pessoal, mas
este assunto é fundamental e não há outra opção do que abandonar a
coalizão. Qualquer concessão danificaria a imagem do Kadima", disse.
Os dois principais partidos tentaram negociar, mas o Kadima anunciou
nesta terça-feira, em comunicado, que as conversas fracassaram e não
levaram a um acordo sobre o que denomina "uma distribuição igualitária
da carga" do Estado.
A saída do Kadima do Executivo poderia
precipitar as eleições gerais em Israel. Netanyahu tinha chamado em maio
a eleições antecipadas e enviado ao Parlamento a lei que convocava o
pleito para o próximo 4 de setembro, mas a iniciativa se freou na Câmara
após o anúncio surpresa do pacto com Kadima. EFE