O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, disse na quinta-feira que não é surpresa que o escritor Günter Grass - que escondeu durante décadas ter sido membro da Waffen SS nazista - tenha descrito Israel como uma ameaça à paz mundial.
Em um poema publicado esta semana, o escritor laureado pelo Prêmio Nobel criticou Israel e disse que não se deve permitir que o país lance ataques militares contra o Irã.
"A vergonhosa equivalência moral de Günter Grass entre Israel e Irã, uma regime que nega o Holocausto e ameaça aniquilar Israel, diz pouco sobre Israel e muito sobre o sr. Grass", disse um comunicado do gabinete de Netanyahu.
Michael Bahlo Color/Efe | ||
"Por seis décadas, o sr. Grass escondeu o fato de que havia sido membro da Waffen SS. Assim, para ele, classificar o único Estado judaico como a maior ameaça à paz mundial e se opor a dar a Israel os meios para se defender talvez não seja surpreendente", acrescentou Netanyahu.
As palavras de Grass também receberam críticas na Alemanha, onde qualquer condenação forte a Israel é um tabu, por causa do Holocausto nazista. A própria autoridade moral de Grass nunca mais foi recuperada depois que admitiu, em 2006, ter servido na SS de Hitler.
"Por que digo só agora... que a potência nuclear de Israel coloca em perigo uma paz mundial já frágil? Porque isso precisa ser dito, o que poderá ser tarde dizer amanhã", escreveu Grass no poema escrito em alemão.
"Também porque nós - como alemães já bastante sobrecarregados - podemos nos tornar subcontratantes de um crime que é previsível", escreveu ele, acrescentando que o passado nazista da Alemanha e o Holocausto não eram desculpas para se permanecer em silêncio agora sobre a capacidade nuclear de Israel.
"Não ficarei em silêncio porque estou cansado da hipocrisia do Ocidente", escreveu Grass, que venceu o Prêmio Nobel de Literatura em 1999 por romances como "O Tambor", contando os horrores da história alemã no século 20.
Fonte: Reuters