Um advogado em Chicago possui a maior coleção particular do mundo de hagadot de Pessach, com 4.500 versões que remontam a 1485. Algumas pessoas colecionam selos, outros bibelôs, bonecas Barbie são populares. Carros esportivos são bastante legais.
Stephen Durchslag gosta de hagadot. E tem 4.500 – este advogado de 71 anos de Chicago especializado em propriedade intelectual é possuidor da maior coleção particular conhecida de hagadot no mundo.
Tudo começou há 30 anos, quando Durchslag e sua esposa Ruth vagueavam em uma livraria judaica no Upper East Side de Manhattan e acharam uma haggadah de 1867 impressa em Livorno e escrita em hebraico e ladino.
"Aquela primeira hagadáh, a que começou a minha coleção, me fez sentir algo, que me fez sentir em contato com a minha família" explica Durchslag, "e também me levou ao passado que parecia dizer: "Salve-nos, lembrem-se de nós, pois podíamos ter tido pouca liberdade". A Coleção Durchslag, cuja uma pequena parte será exibida na Universidade de Chicago a partir desta semana, inclui de tudo, desde haggadot ‘new age’ - que falam do êxodo como uma metáfora para escapar dos estreitos limites do eu - a valiosas edições limitadas no valor de dezenas de milhares de dólares.
Ao todo, Durchslag possui hagadot em 31 idiomas, do italiano medieval, o africâner ao judaico-Tat, uma linguagem relacionada ao persa que é falada no Cáucaso. Há hagadot novas e antigas que datam de 1485. Há relatos satíricos, e mais de 700 versões de kibutzin, algumas das quais celebram Israel, mas omitem o nome de D’us. Há livros raros com belas encadernações, e há folhetos frágeis que haviam sido distribuídos nas comunidades judaicas pelos açougueiros kosher locais.
Em Israel esta semana, Durchslag enquanto participava por telefone do leilão de três hagadot de kibutz que estavam sendo vendidas em um leilão de objetos judaicos em Petah Tikva – conversava sobre sua paixão incomum.
"Cresci em Chicago e meus pais sempre faziam o seder em casa" lembra Durchslag. "A família toda vinha. As mulheres começavam a cozinhar dias antes. O meu trabalho era trazer a louça de Pessach do porão até o nosso apartamento no segundo andar. Os meus primos ficavam tontos com o vinho. E os homens sentados à mesa liam a Hagadá. Era uma época de enorme calor na família".
"Conhecer de onde cada hagadáh vem se tornou a minha maneira de aprender a história e a cultura do meu povo" acrescenta Durchslag, que recentemente voltou aos bancos da escola para obter um mestrado em estudos judaicos na Escola de Teologia de Chicago, com a tese – é claro - Hagadot. "Pois elas representam uma parte importante do judaísmo".
Embora o arranjo estrutural das hagadot seja geralmente o mesmo, a transmissão da história dos judeus saindo do Egito, completa com bênçãos, rituais, músicas e comentários talmúdicos podem ser diferentes, pois o texto é uma narrativa aberta, - que através de gerações diferentes têm variações, perseguindo a tradição e a experimentação.
Visualmente a hagadáh foi concebida para uso doméstico, e portanto nunca foi submetida às restrições em relação a imagens desenhadas. Como tal, o texto é apresentado como o de um livro ilustrado, que também pode refletir uma grande variedade de abordagens estéticas, necessidades de representação e conceitos culturais e políticos.
Durchslag utiliza "uma grande parte do seu tempo" catalogando, traduzindo e falando sobre a sua coleção, sempre mantendo atualizada a sua lista e tomando cuidado para não comprar em duplicidade, diz ele. A sua coleção inteira é mantida em casa, em uma biblioteca construída especialmente para esta finalidade.