Hot Widget

Type Here to Get Search Results !

A natureza da alma


Extraído do livro “Kabbalah and Meditation for the Nations” do Rabino Yitschak Ginsburg.

A fim de entender por que D’us ordenou sete mandamentos específicos – as Leis dos Bnei Noach (Filhos de Noé) – para toda a humanidade, devemos primeiro explicar brevemente como funciona a alma humana.

A alma humana engloba tanto um aspecto Divino quanto um físico, animalesco. Em hebraico, estas almas são chamadas de “alma Divina” (nefesh Elokit) e “alma animal” (nefesh ha’bahamit), conforme explicado no livro Tanya, escrito pelo mestre chassídico Rabi Shneur Zalman de Liadi.

Todos os seres humanos possuem uma centelha divina. A diferença entre um ser humano e outro encontra-se na medida em que a faísca entrou e o papel que desempenha em sua psique – “psique”, aqui, se referindo aos planos consciente e inconsciente da alma.

Quando a faísca entra totalmente na psique, é formada a alma Divina. Dizemos, assim, que os judeus possuem uma alma Divina. Em relação aos não-judeus, a centelha Divina paira acima da psique (não entrando nem no plano inconsciente). Um gentio justo (isto é, um não-judeu que cumpre as Sete Leis dos Filhos de Noé; leia neste artigo) é aquele que sente a presença da centelha Divina e é inspirado por ela a caminhar no caminho do D’us Único, conforme descrito na Torá. Por outro lado, um não-judeu que ainda não se tornou um gentio justo não tem conhecimento da centelha Divina pairando acima dele.

Para usar a linguagem da Chassidut, a centelha divina (ou alma) de um judeu é considerada uma luz interior (ou pnimi, em hebraico), o que significa que ela é diretamente apreciada e faz parte de sua composição psicológica. A centelha da Divindade do gentio justo é descrita como uma “luz envolvente que está próxima” (ou makif karov, em hebraico), o que significa que é psicologicamente experimentada de um modo indireto. A centelha Divina de não-judeus que não são considerados gentios justos é semelhante a uma “luz envolvente distante” (ou makif rachok). Ou seja, ela não desempenha nenhum papel consciente na experiência da pessoa como ser humano.

Mesmo neste terceiro caso, devido ao refinamento de caráter que é resultado de provações da vida e tribulações, e devido a encontros Divinamente arranjados entre judeus e não-judeus, que introduzem a beleza da Torá para os não-judeus, a centelha “distante” pode, agora, se “aproximar”. É devido a esse potencial latente inato a todos os não-judeus, que afirmamos que todos os não-judeus possuem uma centelha divina.

Estes três níveis de influência que a centelha divina pode ter sobre nós, como seres humanos, estão descritos no início da Torá:

“No início, D’us criou o céu e a terra.” (Gênesis 1:1)

Na Cabalá, “os céus” simbolizam a alma e “terra” simboliza o corpo. A Torá continua:

“E a terra era caótica e vazia, e havia trevas sobre a face do abismo, e o espírito de D’us pairava sobre a face das águas.” (Gênesis 1:2)

O estado inicial da terra (o corpo juntamente com sua alma animal) descrito pelos três termos, “caótica”, “vazia”, e “trevas” (que na Cabalá são identificados com as três “cascas” impuras), correspondem ao estado inicial do não-judeu, cuja centelha divina ainda está distante de sua psique. “E o espírito de D’us pairava sobre a face das águas” refere-se ao estado do gentio justo cuja centelha Divina é sentida como pairando acima dele, perto de sua psique. Os sábios nos ensinam que “o espírito de D’us” refere-se, aqui, ao espírito do Messias, que será enviado por D’us para redimir a humanidade¹. Assim, podemos concluir que a vinda do Messias depende de elevar o nível espiritual do mundo não-judaico da “escuridão” para o “espírito”, incentivando os não-judeus a se tornarem gentios justos.

O próximo versículo na Torá diz:

“E D’us disse: ‘E seja luz’, e houve luz.”

Este versículo descreve a realidade da alma judaica. “E seja luz” refere-se à centelha divina, uma vez que ela permeia o plano inconsciente da psique judaica. “E houve luz” retrata a centelha Divina quando permeia o plano consciente da psique judaica.

Abraão foi o primeiro homem a integrar a centelha Divina como uma parte essencial e não-diferencial de sua psique (sobre ambos os planos consciente e inconsciente). De sua luz interior, ele foi capaz de iluminar tudo ao seu redor. Nas palavras do profeta: “Abraão começou a brilhar luz”. Isso fez de Abraão o primeiro judeu.

O nível a que a centelha divina está presente na psique tem uma forte influência sobre a natureza da alma animal de uma pessoa. Primeiro, vamos observar que a alma animal é dividida em duas facetas distintas, uma faceta intelectual (nefesh sichlit, em hebraico) e uma faceta emocional/comportamental. A alma animal de um judeu, devido à presença interior da alma Divina, é relativamente mais refinada que a do não-judeu. Seu lado intelectual possui um caráter judaico único, um modo de pensamento e raciocínio. É capaz de compreender conceitos abstratos e sutis. Por este motivo, os judeus são inovadores em muitos campos seculares. As paixões do seu lado emocional são direcionadas para as coisas que são permitidas de acordo com a lei da Torá.

A alma física de um gentio justo se assemelha a do judeu em alguns aspectos. Consequentemente, as motivações dos gentios justos são considerados uma mistura do bom (altruístas) e do mau (egoísta). No entanto, o estado de consciência do não-judeu que ainda não é justo, ou seja, que ainda não está ligado a D’us através dos aspectos universais da Torá, oculta e bloqueia a manifestação de motivações verdadeiramente boas (altruístas) e estas não podem ser realizadas em sua alma física.

Quando a alma Divina do judeu é revelada, ele ou ela sente um amor incondicional para com todas as criações de D’us, percebendo que uma faísca de D’us está presente em todos (com a ressalva acima em relação à diferença entre os seres humanos e todas as outros criaturas). Ele ou ela vai amar o bem em todos e rejeitar o que quer que o mal esconda, perverta e corrompa do bem intrínseco.

¹De acordo com a maioria das descrições judaicas sobre a vinda do Messias, particularmente a descrição de Maimônides, o Messias será um judeu vivo e descendente da casa de David. Ele se tornará rei de Israel, reconstruirá o Templo, e levará todos os judeus de volta para a Terra Santa. Ele inspirará o mundo todo a acreditar no D’us Único, e dará início a uma era onde todos os seres humanos viverão juntos em paz e fraternidade.

Postar um comentário

0 Comentários
* Please Don't Spam Here. All the Comments are Reviewed by Admin.

Top Post Ad

Below Post Ad

Ads Section