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Cripto-judaísmo

CRIPTO-JUDAÍSMO
O termo cripto-judaísmo é relativamente recente, mas a questão, não. A origem do fenômeno, no caso do Brasil, remonta à Expulsão dos Judeus da Espanha, em 1492, e à posterior conversão forçada, cinco anos depois, dos que buscaram refúgio em Portugal. Calcula-se em centenas de milhares o número de judeus que habitavam a Península Ibérica por ocasião desses deploráveis acontecimentos. Tinham aportado e se fixado à região após a queda do Primeiro Templo, por volta de 580 AC e faziam parte da elite cultural, científica e religiosa dos dois países. Uma parcela significativa de judeus conseguiu sair de uma Península Ibérica conturbada pelo clima de intolerância religiosa, deixando para trás suas propriedades, mas levando consigo o bem mais precioso que possuíam, a f&eacut e; no Deus único e o respeito à lei, representada pela Torá.

Édito de Expulsão dos Judeus da Espanha -1492
Todavia, um número considerável permaneceu na Espanha e em Portugal, por falta de condições ou interesse em sair do inferno em que esses países haviam se transformado após a instalação do Tribunal do Santo Ofício, que perseguiu, torturou e matou milhares de judeus em nome da religião.
CRISTÃOS-NOVOS, MARRANOS OU ANUSSIM
Batizados à força e obrigados a trocar, na calada da noite, seus próprios sobrenomes, um número considerável de judeus ibéricos se viu, de uma hora para outra, travestido em cristão. Na realidade, Cristãos-Novos, para diferenciá-los dos Cristãos Velhos, que usufruíam uma série de privilégios, como poder ascender à nobreza, ao clero e às funções públicas, o que era negado, por lei, aos judeus convertidos. Apesar de, oficialmente, professarem a religião católica, muitos desses conversos continuaram seguindo práticas judaicas de forma velada.
Celebração do Shabat
Passaram a ser objeto de denúncias e perseguições de toda ordem e chamados, pejorativamente, de Marranos, que significa porco em espanhol. Para não serem descobertos e denunciados, criaram uma série de artifícios, passando a viver uma situação de duplicidade, em que, para uso externo, eram cristãos, mas na intimidade dos lares continuavam sendo judeus. A expressão hebraica para denominar os descendentes dos judeus convertidos à força ao catolicismo é Anussim, que pode ser entendida como “filhos dos forçados”.
QUINHENTOS ANOS SE PASSARAM
Muitas famílias de Cristãos-Novos participaram ativamente dos descobrimentos marítimos portugueses e a posterior colonização das novas terras. O próprio Fernando de Noronha, para citar apenas um exemplo, era um deles.
Diáspora Judaica Sefaradi rumo ao Novo Mundo
Longe da metrópole e da onipresente Inquisição era menos arriscado continuar praticando o judaísmo, mesmo que em segredo, e um número incalculável de famílias portuguesas e brasileiras, às escondidas, acendia velas no Shabat, celebrava o Rosh-Ashaná, o Pessach e o Iom-Kipur, além de abster-se de comer carne de porco e de outros animais considerados impuros.
Judaísmo no Âmbito Familiar
Faziam questão de enterrar seus mortos em terra virgem após tê-los envolvido em mortalhas de linho ou algodão. Eram - e ainda são - os cripto-judeus, cristãos da boca para fora, mas seguidores fiéis e discretos, no restrito ambiente doméstico, da lei Mosaica.
UM EM CADA QUATRO
Por incrível que possa parecer, ainda existem famílias cripto-judaicas nesse imenso Brasil que, com o medo atávico da Inquisição, procuram ocultar sua origem daqueles que elas próprias denominam “os outros”, ou seja, os não judeus. Todavia, com a divulgação das pesquisas históricas, confirmadas pelos exames de DNA, que evidenciam a impressionante cifra de 25% de descendentes de judeus entre os habitantes do Brasil e demais países da América Latina, importantes lideranças comunitárias começaram a se dar conta dessa nova realidade. E o assunto que se coloca na ordem dia é: como lidar com essa questão?
CONVERSÃO, RETORNO OU DEIXAR COMO ESTÁ ?
São várias as alternativas e a única não válida seria continuar ignorando a existência de núcleos cripto-judaicos espalhados pelos diferentes quadrantes do Brasil, país que, comprovadamente, possui o maior contingente de descendentes de israelitas de todo o mundo. Muitos dos quais, ansiando por retornar à fé de seus ancestrais, da qual foram alijados pela força, acabam se transformando em presas fáceis de falsos templos e sacerdotes.
Teshuvá – A Volta às Origens
Se o leitor, judeu ou não, se interessar pelo tema, poderá assistir ao Primeiro Encontro Brasileiro sobre Cripto-Judaísmo, a ser realizado dias 4 e 5 de dezembro próximos na Associação Scholem Aleichem, ASA, na cidade do Rio de Janeiro, onde renomados especialistas irão discorrer sobre esse palpitante assunto. Anote o endereço da ASA: Rua São Clemente, 155 – Rio, RJ, Tels. (21) 2266-1980 e 2535-1808, estação Botafogo do Metrô. E não se esqueça de deixar reservados, desde já, na sua agenda, os dias 4 e 5 de dezembro, data de realização do evento. Se esse Primeiro Encontro teve de esperar exatos cinco séculos para acontecer não se sabe, em sã consciência, quando irá ocorrer o próximo. O programa completo do Encontro pode ser acessado em http://asa.org.br/frameatividades.htm
Shalom e até lá.

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1 Comentários
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  1. Bem! a pouco temo atras descobri o que já desconfiava que a minha família materna é cripto-judaica.
    Só que eu não tenho como saber muita coisa, a minha mãe é órfã, e uma das novas da sua família.
    Não tenho sido oprimido na minha casa por causa disso! por que sabem que eu sempre tive interesse na religião e no povo judeu. E eu sentia que eu era judeu... E eu quero sentir isso novamente. Restauração, e isso que eu preciso. Porque a Sinagoga está fechada para nós?

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