Morador de vilarejo árabe em Israel observa danos em mesquita incendiada |
Polícia suspeita que extremistas israelenses tenham ateado fogo e pichado mesquita em aldeia árabe beduína no norte do país.
Uma mesquita em uma aldeia árabe beduína no norte de Israel foi incendiada durante a madrugada desta segunda-feira, provocando protestos da população e declarações de repúdio das autoridades israelenses.
Os autores do crime deixaram pichações com dizeres de "vingança", levando a policia israelense a suspeitar que os responsáveis sejam extremistas israelenses.
Centenas de moradores da aldeia saíram às ruas para protestar contra o ataque à mesquita. Eles tentaram fechar a rodovia em direção à cidade de Rosh Pina, entrando em choque com a polícia, que lançou granadas de efeito moral e de gás lacrimogêneo para dispersar o protestos.
Cópias do Alcorão foram queimadas no incêndio à mesquita de vilarejo árabe de Israel |
“Os manifestantes atiraram pedras em policiais e queimaram pneus", declarou o porta-voz da polícia israelense, Miki Rosenfeld. Segundo eles, autoridades se reuniram com líderes do vilarejo para impedir novos distúrbios.
O interior da mesquita, na aldeia de Tuba Zangaria, ficou severamente danificado com o incêndio provocado durante a madrugada, que também destruiu exemplares do Alcorão. Nas paredes externas da mesquita os autores do incêndio deixaram pichações com os dizeres "vingança", "etiqueta de preço" e "Palmer".
Asher Palmer, um colono israelense do assentamento de Kiriat Arba, próximo à cidade de Hebron, na Cisjordânia, morreu junto com seu filho, um bebê de um ano, no dia 23 de setembro, quando seu carro capotou em um incidente que inicialmente tinha sido considerado um acidente de trânsito.
Dias depois o Exército israelense anunciou que tratava-se de um atentado pois uma pedra teria sido lançada contra o veículo e atingido o motorista, que perdeu o controle do veículo.
Grupos de colonos israelenses na Cisjordânia têm cometido ataques contra mesquitas, residências e plantações de palestinos, que já ficaram conhecidos como "etiquetas de preço" - dizeres que os autores dos ataques deixam pichados nos locais.
Esses ataques tornaram-se mais frequentes depois que tropas israelenses destruíram algumas casas construídas sem a permissão do governo no assentamento de Migron, no início de setembro. Desde então houve atos de vandalismo em mesquitas das aldeias de Yatma e de Qusra, na Cisjordânia.
No entanto, o incêndio na mesquita de Tuba Zangaria é o primeiro que ocorre em território israelense, tendo como alvos os cidadãos árabes de Israel.
Reação
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que ficou "chocado" com o ataque à mesquita e instruiu o serviço de Inteligência interna a não poupar esforços para prender os responsáveis. "Essas imagens chocantes não têm lugar no Estado de Israel", afirmou Netanyahu em referência às fotos do interior queimado da mesquita.
O deputado árabe israelense Ahmed Tibi declarou que "quem não pôs um fim ao tumor cancerígeno de incêndios em mesquitas nos territórios ocupados, que não se surpreenda quando as metástases se alastram para dentro de Israel".
A deputada Zahava Galon, do partido social-democrata Meretz, exigiu que as autoridades tomem medidas contra rabinos que incitaram ações contra os cidadãos árabes de Israel.
"O ataque à mesquita é consequência da negligência das autoridades, que não tomaram medidas contra rabinos que incitaram e puseram lenha na fogueira", declarou Galon.
O ministro da Segurança Interna, Itzhak Aharonovitz, condenou o incêndio à mesquita e afirmou que trata-se de um "ataque criminoso e vil a um lugar sagrado".