Foto de agosto de 2006 mostra Ilan Grapel em um hospital depois de ter sido ferido durante conflito entre Israel e Líbano.
O governo de Israel confirmou nesta segunda-feira que chegou a um acordo com o Egito no qual o país africano libertará o cidadão israelo-americano Ilan Grapel, detido pelo Egito desde junho acusado de espionagem. O gabinete do premiê Benjamin Netanyahu anunciou nesta segunda-feira que Grapel será trocado por 25 prisioneiros egípcios sob custódia israelense.
O acordo mediado pelos Estados Unidos foi alcançado dias depois de cumprida a primeira fase bem sucedida de uma troca entre Israel e o grupo islâmico palestino Hamas que libertou o soldado Gilad Shalit em troca de 1.027 prisioneiros palestinos.
Autoridades egípcias confirmaram o acordo e uma fonte do Cairo disse à Reuters que a troca pode ocorrer ainda essa semana. Um oficial israelense envolvido nas negociações disse que a troca era esperada para ocorrer na quinta-feira se ministros israelenses derem seu aval. "No âmbito dos esforços de Israel e do Egito e com a ajuda dos EUA, o Egito aceitou libertar Ilan Grapel. Por solicitação do Egito, Israel concordou em soltar 25 prisioneiros egípcios", disse o oficial.
Grapel, de 27 anos, foi preso em 12 de junho no Egito acusado de ser um espião para recrutar agentes e monitorar eventos durante a revolta que derrubou em fevereiro o presidente Hosni Mubarak, um aliado tanto dos EUA quanto de Israel, em meio aos protestos da Primavera Árabe que varreram países do norte da África e Oriente Médio.
O ministro das Relações Exteriores israelense, Avigdor Lieberman, disse a repórteres na segunda-feira que espera que Grapel "seja libertado o mais rapidamente possível" e negou veementemente que ele estivesse envolvido em qualquer caso de espionagem.
A mãe de Grapel disse no momento da prisão que seu filho, um estudante de direito nos EUA, estava trabalhando para uma ONG que presta serviços a refugiados. Grapel emigrou para Israel em 2005 de Nova York e serviu nas Forças Armadas israelenses em uma guerra de 2006 com o Hezbollah no Líbano.
Israel disse em comunicado que os prisioneiros egípcios soltos em troca de Grapel não foram acusados de crimes relacionados à segurança, e incluem três menores, mas que o acordo para libertá-los estava "sujeito à aprovação do gabinete de segurança que se reunirá na terça-feira sobre este assunto".
O secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, pediu ao Egito durante uma visita à região esse mês para libertar Grapel, mas negou que ele estivesse envolvido em negociações diretas sobre o assunto.
O acordo para a soltura de Grapel também pode aliviar as tensões nas relações egípcio-israelense, que pioraram quando cinco agentes de segurança egípcios foram mortos durante um tiroteio na fronteira de Israel, em agosto. Oito israelenses também foram mortos por homens armados que atacaram uma estrada.
Israel pediu desculpas ao Egito pelos disparos no início desse mês como Cairo cobrava, citando uma investigação conjunta que mostrou que policiais egípcios tinham morrido "como resultado de tiros das nossas (israelenses) forças".
Manifestantes egípcios invadiram em setembro a Embaixada de Israel em Cairo, jogando documentos pela janela e derrubando parte do muro que compunha sua fachada.
O Egito foi o primeiro país árabe a assinar um acordo de paz com Israel, em 1979.