Trocas territoriais como base para a solução do conflito palestino-israelense, ideia levantada nos últimos dias por Barack Obama, poderão funcionar somente se também incluírem transferências de populações.
A afirmação é do vice-chanceler israelense, Danny Ayalon, que defende a transferência de áreas habitadas por árabes em Israel para um futuro Estado palestino.
"Se falamos de trocas territoriais, é preciso que elas envolvam territórios de qualidade semelhante", disse à FSP. "Ou seja: áreas povoadas por judeus [na Cisjordânia] têm de ser trocadas por terras povoadas por árabes [em Israel]."
A proposta de Ayalon é polêmica em Israel e reflete a tradicional posição de seu partido, o ultradireitista Israel Beitenu, do chanceler Avigdor Liberman.
O retorno às linhas divisórias de 1967, como propôs Obama, deixaria Israel com fronteiras "indefensáveis", diz Ayalon, repetindo a reação do premiê Binyamin Netanyahu à proposta.
Para ele, é inaceitável estabelecer as fronteiras de um Estado palestino isoladamente nas negociações de um acordo de paz. "A questão das fronteiras não pode ser desconectada de outras, como refugiados, Jerusalém e segurança", diz Ayalon.
O partido de Ayalon é conhecido pela crítica aos árabes de Israel, que formam 20% da população do país.
Com popularidade ascendente na direita, Liberman é apontado por analistas como uma das razões do endurecimento do discurso de Netanyahu, preocupado em manter o apoio da maioria conservadora em seu gabinete.
A enfraquecida oposição parece preocupar menos o premiê. Tzipi Livni, líder do maior partido oposicionista, Kadima, criticou o repúdio imediato de Netanyahu à proposta de Obama.
"Inação não é uma opção", disse Livni na conferência do Aipac, maior lobby judeu nos EUA. Ela defendeu a solução de dois Estados não como "um favor" ao americano, mas como um desfecho "vital para Israel".