Hot Widget

Type Here to Get Search Results !

Primeiro-ministro de Israel define agenda para visita aos EUA



Ethan Bronner 
Em Jerusalém (Israel) 
The New York Times

Dias antes do encontro com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, apresentou na segunda-feira (16) seus princípios para aceitação de um Estado palestino, mostrando maior flexibilidade a respeito do território, mas ainda buscando uma abordagem mais linha-dura do que qualquer líder palestino provavelmente aceitaria.

Netanyahu deixou claro que se o recente acordo de reconciliação entre o Hamas e o Fatah, os dois principais partidos palestinos, levar o Hamas a fazer parte do governo palestino, nenhuma paz será negociada. “Um governo, no qual metade de seus membros declara diariamente sua intenção de destruir o Estado de Israel, não é um parceiro para a paz”, ele disse, falando na sessão de abertura do Parlamento.

O premiê israelense falou um dia após uma onda sem precedente de protestos palestinos, no qual manifestantes marcharam na direção das fronteiras de Israel por quatro direções diferentes e os soldados israelenses responderam atirando, matando mais de uma dúzia de pessoas. A ocasião foi o “Dia da Catástrofe” (Nakba), que marca a criação de Israel e lamenta a expulsão e fuga de centenas de milhares de palestinos em 1948.

Os comentários em jornais e rádios, tanto em Israel quanto nas áreas palestinas, sugere que o que ocorreu no domingo poderia servir como um ensaio para ações semelhantes no ano que vem, representando um desafio sério para Israel. Enquanto palestinos e críticos no exterior questionavam a morte dos palestinos, muitos israelenses se concentraram no porquê de as forças armadas não estarem preparadas para uma violação da fronteira nas Colinas de Golan.

Netanyahu disse no Parlamento que aqueles que buscavam entrar em Israel no domingo não estavam exigindo um Estado palestino, mas sim buscavam a destruição de Israel. “Nós devemos parar de batermos em nós mesmos e culparmos a nós mesmos”, disse. “O motivo para não haver paz é que os palestinos se recusam a reconhecer o Estado de Israel como um Estado do povo judeu.”

Ele acrescentou: “Quanto a aqueles que orquestraram esses distúrbios, 63 anos de nossa independência não mudaram nada. Eles gritam que querem retornar a Jaffa, para a Galileia. E o líder do Hamas em Gaza grita que quer ver o fim do empreendimento sionista, repetindo as palavras ditas por seu patrocinador iraniano”.

Ao mesmo tempo, Netanyahu mostrou mais disposição de ceder território do que antes, deixando fortemente implícito que ele abriria mão de grande parte da Cisjordânia para um Estado palestino desmilitarizado. Ele disse que Israel precisa manter toda Jerusalém e os grandes blocos de assentamentos na Cisjordânia, sugerindo assim que abriria mão do restante.

Os outros princípios enumerados por Netanyahu incluem o reconhecimento pelos palestinos de Israel como lar do povo judeu, um acordo para colocar um fim ao conflito, a solução do problema dos refugiados apenas dentro do novo Estado da Palestina, e não no próprio Israel, e uma presença militar israelense no Vale do Jordão.

Os líderes palestinos já rejeitaram repetidas vezes cada um desses princípios. Como resultado do impasse, eles estão buscando outros caminhos para obterem seu Estado, incluindo a união política com o Hamas e um plano para pedir à Organização das Nações Unidas, em setembro, que reconheça um Estado palestino dentro das fronteiras de 1967. Isso incluiria Jerusalém Oriental e toda Cisjordânia e Gaza.

Após o anúncio do acordo de união entre o Fatah e o Hamas, Israel disse que estava suspendendo sua transferência mensal de quase US$ 100 milhões em receita de impostos palestinos para a Autoridade Palestina. Mas na segunda-feira, ele anunciou que provavelmente repassaria o dinheiro, após garantias de que não iria para as mãos do Hamas.

Os protestos do domingo, envolvendo milhares de palestinos que vivem na Síria, Líbano, Gaza e Cisjordânia, mostraram como o espírito populista que está se espalhando pelo Norte da África e Oriente Médio chegou aos palestinos e às fronteiras de Israel.

O ministro da Defesa, Ehud Barak, disse que o país está enfrentando toda uma nova abordagem ao ativismo anti-israelense. “Nós estamos apenas no início desse assunto, e pode ser que enfrentaremos desafios bem mais complexos”, ele disse na televisão.

Alguns analistas palestinos também sugeriram que os eventos de domingo marcaram uma nova fase de sua luta, influenciada pela Primavera Árabe. “Esta é uma nova era para o povo palestino e para os países árabes”, escreveu Talal Okal, um comentarista do “Al Ayyam”, um jornal palestino. “Esta nova era árabe mostra como conduzir a luta de um modo totalmente diferente de antes.”

Netanyahu deverá se encontrar com Obama na Casa Branca na sexta-feira, discursar para um grande número de apoiadores americanos no domingo e então para uma sessão conjunta do Congresso na próxima terça-feira. Seus assessores indicaram que desde o acordo entre o Hamas e o Fatah, ele acredita que a probabilidade de uma paz negociada diminuiu e ele se sente menos obrigado a apresentar uma oferta forte aos palestinos.

Após falar no Parlamento, a líder da oposição, Tzipi Livni, do partido Kadima de centro-esquerda, acusou de Netanyahu de ter fracassado. “Se você não inicia, as decisões serão tomadas no lugar de Israel”, disse Livni. “Você perdeu a oportunidade de fornecer uma visão para Israel. Você irá aos Estados Unidos sem iniciativas para a paz.”
Tags

Postar um comentário

0 Comentários
* Please Don't Spam Here. All the Comments are Reviewed by Admin.

Top Post Ad

Below Post Ad

Ads Section