Na cidade, Abdul Rahman Khalaf, de 38 anos, é conhecido pelo nome de Alexandre
Nem mesmo as pessoas mais íntimas sabiam que o comerciante Haytham Abdul Rahman Khalaf, 38 anos, tinha um lado secreto na sua vida. Estabelecido há cinco anos em Dom Pedrito, na fronteira com o Uruguai, onde é conhecido pelo nome de Alexandre, ele e o seu cunhado Moacir Godoy, 32 anos, foram presos suspeitos de aplicar um golpe de R$ 100 mil em uma rede de lojas. Os dois estão presos no Presídio Estadual de Dom Pedrito. Paralelamente, o caso está sendo investigado pelo delegado Augusto Cavalheiro Neto, da 1ª Delegacia da Polícia Civil de Cachoeirinha.
A história começa em 2005, quando Khalaf desembarcou na estação rodoviária de Dom Pedrito. Logo conseguiu um emprego de balconista na loja de um palestino chamado Omar. Em 2008, os dois brigaram, e Khalaf comprou um pequeno comércio. Prosperou e logo a seguir adquiriu outras lojas. Envolveu-se com a filha de uma família de fazendeiros da região. O casal não vive junto, mas tem uma filha.
Foto por Reprodução/Senad
Outro traficante, Abu Hamban: autoridades paraguaias dizem que ele faz parte do grupo Hezbollah.
No início do ano passado, segundo a polícia, ele descobriu um problema técnico no sistema de cartão de crédito de uma rede de lojas e iniciou uma bem-sucedida carreira que o transformou em suspeito de estelionato. Seis meses depois, Khalaf teria aplicado um golpe em Cachoeirinha e entrou na mira do delegado Neto. Os policiais montaram uma operação batizada de Sentinela, que culminou com a prisão da dupla e na apreensão de seis computadores, que ainda não foram periciados.
Foi durante a investigação que o delegado descobriu que Khalaf responde a dois inquéritos na Polícia Federal (PF), por contrabando e estelionato, em Naviraí (MS) e Foz do Iguaçu (PR), na tríplice fronteira Brasil, Argentina e Paraguai. E que, em 2004, ele foi citado durante uma investigação da PF de contrabando de minério radioativo no Amapá. E que teria ligações com o movimento extremista Hamas, que atua nos Territórios Palestinos.
— Durante o interrogatório, ele negou que tenha ligações com o Hamas. Disse apenas que é simpatizante da luta — comenta Neto.
Khalaf falou a verdade para o delegado Neto. Ele não tem vínculo com o Hamas. Nos arquivos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e do Departamento de Inteligência Policial (DIP) da PF, consta que ele era ligado ao Hezbollah, movimento extremista libanês.
Carlos Wagner | carlos.wagner@zerohora.com.br