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Pesquisa arqueológica vai mostrar trajetória de judeus em MG no século 18

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Pesquisa arqueológica vai mostrar trajetória de judeus em MG no século 18

Gustavo Werneck

Arqueólogo Carlos Magno Guimarães e o presidente do Instituto Israelita Mineiro, Jacques Levy, esperam achar vestígios dos que fugiram das torturas

A história de judeus, cristãos novos e criptojudeus, perseguidos pela Inquisição na Europa e refugiados nas Minas Gerais do século 18, começa a ser contada. E, para ficar completa, vai demandar longas pesquisas de campo, em várias regiões do estado, para localização de sítios arqueológicos. 

Parceiros nessa empreitada, o Instituto Histórico Israelita Mineiro (IHIM) e o Laboratório de Arqueologia da Fafich, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) encerram a primeira etapa do trabalho, com o levantamento bibliográfico e documentação para, na sequência, partir em busca de vestígios, como objetos, construções e outros elementos pessoais e religiosos. 

O andamento do projeto iniciado no ano passado será apresentado nesta terça-feira, às 19h30, no Espaço Cultural Judith e Nelson Cohen/IHIM (Rua Pernambuco, 326, Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte), pelo professor da universidade e coordenador do laboratório Carlos Magno Guimarães.

A pesquisa Inquisição em Minas Gerais no Século 18: do Banco de Dados à Arqueologia vai tentar descrever a trajetória dos cristãos novos – os judeus que no Brasil, então colônia de Portugal, se converteram ao cristianismo e adotaram, para fugir da perseguição, sobrenomes com palavras referentes a plantas, árvores, animais e outros. “Há alguns exemplos como Nogueira, Pereira, Castro, Nunes, Xavier e outros”, diz o presidente do IHIM, Jacques Ernest Levy.

Já os criptojudeus se dividiam entre sua fé e a cristã e, também para escapar dessa verdadeira “caça às bruxas”, faziam os seus cultos em segredo. A Inquisição, com os seus terríveis tribunais, foi criada pela Igreja Católica na Idade Média e, com amplo espaço na Espanha e Portugal, exterminava todos os considerados hereges, caso de filósofos, judeus, mulheres acusadas de bruxaria, protestantes ou quem discordasse da política oficial.

“Como a documentação sobre a história de Minas começa praticamente no século 18, vamos buscar informações nesse período para descrever a trajetória dos perseguidos”, destaca Levy, lembrando que o estado recebeu muitas influências da cultura judaica. 

Entre elas, está o costume, em algumas cidades do interior, principalmente na Região Norte, de lavar o corpo do defunto antes do sepultamento; enterrar homens e mulheres, indistintamente, com mortalhas; dizer “bença, pai”, “bença, mãe” e “bença, vô”; lavar capelas nas sextas-feiras, por causa do shabat (dia do descanso dos judeus, que começa com as primeiras estrelas de sexta-feira e termina com as primeiras de sábado”); mesa de fundo falso e outros.

“Esse tema ainda é pouco explorado”, diz Levy, contando que, hoje, a maior concentração da comunidade judaica em Minas fica em BH, com um total de 800 a 1 mil famílias. A maior leva ocorreu em 1870 e 1871, quando judeus da região da Alsácia-Lorena chegaram em busca de pedras preciosas ou fugindo da Guerra Franco-Prussiana, conflito entre França e o Reino da Prússia. Nessa época, vieram para Minas as famílias Haas, Jacob e Moretzon.


Sítios


O arqueólogo Carlos Magno Guimarães sabe que tem um longo trabalho pela frente, depois de levantar toda a bibliografia existente e documentação, como cartas de sesmarias. “A presença dos perseguidos já foi estudada por muitos autores. Vamos, agora, tentar encontrar os sítios arqueológicos. 

É possível que encontremos até uma sinagoga”, entusiasma-se o professor. Todas as informações deste projeto inédito estão armazenadas num banco de dados e, no futuro, poderão dar origem a livros, exposições e outros eventos culturais. A pesquisa arqueológica poderá permitir a identificação de traços e padrões culturais dos grupos perseguidos, bem como sua trajetória histórica ao longo do tempo.

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