Vivo para não deixar o horror cair no esquecimento
Sobrevivente do extermínio de judeus na Segunda Guerra tem como missão de vida passar sua história aos jovens
Rio - Há 72 anos, o então adolescente judeu Aleksander Laks, estudante de uma escola improvisada pelos nazistas no gueto de Lodz, na Polônia, desconfiou quando os responsáveis pelo colégio mandaram todos os alunos comparecerem sem falta no dia seguinte e resolveu ficar em casa. Na manhã seguinte, todos os colegas foram executados.
Neste último, por exemplo, ele já tem dois perfis — no primeiro, o limite de amigos já foi atingido — e há uma comunidade com o título de ‘O Sr. Laks é um fofo’.
“Hoje eu vivo para manter viva a memória, não deixar o Holocausto cair no esquecimento. Dou palestras em escolas públicas, particulares, universidades e igrejas. Os jovens recebem esse testemunho chorando”, afirma. Além do Rio, ele também percorre outros estados contando como se tornou o único sobrevivente de uma família de 60 pessoas, arrasada pela perseguição nazista aos judeus.
Livro a caminho
Entre as várias palestras por semana e navegadas na Internet, Laks ainda encontra disposição para preparar um novo livro. Seu primeiro, ‘O Sobrevivente - Memórias de um brasileiro que escapou de Awschwitz’, teve dez edições em 10 anos. A nova obra, ainda sem título e editora, será sobre a vida de Laks no Brasil, onde chegou em 1948. “Estava num campo de refugiados e inicialmente não pude vir porque era judeu. Depois, consegui ir para os EUA, e, de lá, como turista, para o Rio, onde tinha uma tia. Constituí família e nunca mais sai. Sou brasileiro”, conta.
Pais de Laks foram executados e trem, bombardeado
Atual presidente da Associação Brasileira dos Israelitas Sobreviventes da Perseguição Nazista, Laks ficou sob o poder do exército de Hitler entre 1939 e 1944. Depois de sair do gueto de Lodz, ele passou pelos campos de concentração de Auschwitz-Bikenau e Gross-Rosen.
Sua mãe morreu no primeiro e o pai, depois da chamada ‘Marcha da Morte’, percurso a pé até o campo de Flossenbürg, na Alemanha. “No caminho, me pediu que, se sobrevivesse, contasse o que passamos”.
Durante o período nos campos, Laks teve o nariz quebrado por um guarda e, enquanto tinha um dos dentes arrancados, foi obrigado a não gritar para não ser executado.
A liberdade veio no fim da guerra. “Estava sendo levado num trem para ser executado, quando ele foi bombardeado. Muitos passageiros morreram em outros vagões, mas quando abriram a porta, eu estava livre”.
Foi a palestra mais emocionante que assisti até hoje. Polonês de nascimento, brasileiro por convicção.
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