Um telegrama diplomático confidencial dos Estados Unidos divulgado nesta segunda-feira pelo site WikiLeaks mostra que Israel e a Autoridade Nacional Palestina (ANP) colaboraram intensamente contra o Hamas na época em que o grupo islâmico assumiu o controle da faixa de Gaza, em 2007.
A revelação deve causar constrangimentos para o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, pertencente à facção Fatah, e apoiado pelo Ocidente.
Israel já admitira colaborar com as forças de segurança da ANP, mas o memorando diplomático vazado pelo WikiLeaks descreve um nível de cooperação que deve alimentar críticas a Abbas por parte dos seus rivais islâmicos.
Segundo o documento de 2007, Yuval Diskin, chefe do Shin Bet, o serviço israelense de segurança interna, havia revelado a diplomatas americanos que o aparato de segurança da ANP partilhava com Israel "quase toda a inteligência coletada" sobre o Hamas.
"Eles entendem que a segurança de Israel é central para a sua sobrevivência na luta com o Hamas na Cisjordânia", dizia o texto, enviado em 13 de junho de 2007 da embaixada dos EUA em Tel Aviv.
Naquela época, as forças do Hamas estavam expulsando as tropas leais a Abbas da faixa de Gaza. Desde então, a Autoridade Palestina controla apenas a Cisjordânia ocupada.
De acordo com o memorando, Diskin havia se referido às forças de Abbas em Gaza como "desesperadas, desorganizadas e desmoralizadas."
"Eles estão se aproximando de uma situação de soma zero, e mesmo assim nos pedem para atacar o Hamas. Esse é um fato novo. Nunca vimos isso antes. Estamos desesperados", afirmou.
Uma fonte oficial palestina disse, sob anonimato, que os comentários se baseavam em uma mera avaliação, e não em informações sólidas.
O Hamas já vinha acusando Abbas de conspirar com Israel. A nova revelação é parte de um lote de mais de 250 mil comunicações diplomáticas sigilosas dos EUA que o WikiLeaks está divulgando nas últimas semanas.