Em busca de reconhecimento
sexta-feira, novembro 05, 2010
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Judeus no Brasil // Os chamados "anoussitas" organizam ato pacífico para fazer pedido ao embaixador de Israel
Isabel Fleck
isabelfleck.df@dabr.com.br
A cada pôr-do-sol de sexta-feira, o comerciante Israel Barbosa Carrijo, 43 anos, tenta adaptar a vida corrida em Marília, interior de São Paulo, ao preceito judaico do Shabat, que prevê o descanso e o exercício da religião até o anoitecer de sábado. Ele, contudo, não se sente completamente judeu. Embora se reúna regularmente com a mulher, os cinco filhos e outros descendentes de judeus para rezar, Carrijo não pode frequentar sinagogas - assim como mais de 200 brasileiros "anoussitas", como são chamados.
"Nós não somos reconhecidos, vivemos à margem do judaísmo", lamenta Carrijo, que participou ontem de um ato pacífico em frente à representação de Israel em Brasília, para entregar o pedido de reconhecimento ao embaixador Giora Becher. Pessoas de vários estados - como São Paulo e Pernambuco - passaram a manhã em frente à embaixada, rezando e cantando em hebraico.
De acordo com o porta-voz do Sindicato Israelita das Comunidades Anoussitas (Sica) no Brasil, Marlon Jorge Albuquerque, o pedido que foi entregue agora já esteve na pauta da Knesset (Parlamento israelense), onde dois deputados apoiaram a causa. "O Estado de Israel já reconhece a existência dos anoussitas, mas não oficialmente", explica Albuquerque. Alguns deles esperam ser considerados também cidadãos israelenses.
Segundo o embaixador, a carta - escrita em português e hebraico - será encaminhada ao Ministério das Relações Exteriores de Israel. "Eles descendem de judeus que vieram há centenas de anos para o Brasil e mantiveram a tradição judaica. Para mim, eles são parte do povo judeu, e esperamos que sejam reconhecidos por todo o povo de Israel", disse Becher.
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