Em reação à divulgação de que colonos israelenses já construíram ao menos 544 casas em apenas três semanas na Cisjordânia, a ANP (Autoridade Nacional Palestina) pediu uma intervenção dos Estados Unidos para interromper o que classificou como um "desafio" aos palestinos.
"Este desafio flagrante aos palestinos, aos árabes e à administração americana exige uma réplica árabe e internacional, em particular americana", declarou Nabil Abu Rudeina, porta-voz do presidente da ANP, Mahmoud Abbas.
Os palestinos exigem uma nova moratória para prosseguir com as negociações de paz retomadas em 2 de setembro em Washington, sob a mediação do governo americano.
A Liga Árabe aprovou ainda no dia 8 de outubro a posição de Abbas e concedeu a Washington um prazo de um mês para resolver o litígio.
Outro assessor de Abbas, Nimr Hamad, declarou que cabe ao líder palestino solicitar aos EUA que reconheçam a necessidade de um Estado palestino limitado pelas fronteiras anteriores a 1967, quando teve início o processo de colonização israelense.
Hamad declarou que ante as evidências de que os colonos judeus continuam com a expansão dos assentamentos, "e dado que a administração estadunidense pediu em inúmeras ocasiões o final da ocupação que começou em 1967, assim como o estabelecimento de um Estado palestino independente, viável e soberano, vamos pedir oficialmente que Washington reconheça o Estado palestino", concluiu.
NÚMEROS
Mais cedo um levantamento da ONG de paz israelense Peace Now e da Associated Press revelou que ao menos 544 novas casas já foram construídas por colonos judeus na Cisjordânia em apenas três semanas, após o fim da moratória que impedia a expansão dos assentamentos, no dia 26 de setembro.
O jornal israelense "Haaretz" destacou a rapidez com que os colonos retomaram as construções, um ritmo quase quatro vezes maior do que o registrado nos últimos dois anos.
Jim Hollander/Efe | ||||
Apenas um dia após fim da moratória, obras foram retomadas com rapidez nas colônias judaicas na Cisjordânia |
A rápida expansão coloca em xeque o sucesso das já novamente estremecidas conversas diretas de paz, retomadas ainda no mês passado sob a mediação dos Estados Unidos.
Muitas das casas, aponta a Associated Press, estão sendo erguidas em áreas que sob qualquer possível cenário de um acordo de paz fariam parte de um potencial Estado palestino.
"Estes números são alarmantes e mostram mais um indicador de que Israel não leva a sério o processo de paz, que deveria ter como alvo o fim da ocupação", disse Ghassan Khatib, porta-voz de Mahmoud Abbas, presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina).
Em reação, o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, reduziu o impacto da expansão de colônias dizendo que o fato "não tem um efeito real sobre o mapa de um possível acordo [de paz", em direta alusão à definição das fronteiras de um potencial Estado palestino.
O assunto é visto como tema-chave para o sucesso do processo de paz.
EMBAIXADOR NA ONU
Ainda na segunda-feira (18), o novo embaixador de Israel na ONU (Organização das Nações Unidas), Meron Reuben, chegou a afirmar que o governo israelense pode renovar a moratória que congela a expansão dos assentamentos em colônias, apesar de na semana passada o governo israelense ter anunciado a intenção de construir mais casas em duas áreas urbanas ocupadas por judeus numa parte da Cisjordânia que foi anexada por Israel a Jerusalém Oriental.
Vários países, inclusive os EUA --aliados de Israel--, aproveitaram um debate do Conselho de Segurança da ONU sobre o Oriente Médio para criticar o fim da moratória na ampliação dos assentamentos.
Mas Reuben disse à agência Reuters que é cedo para dizer que o processo de paz morreu por causa disso e afirmou haver um "total e profundo mal entendido" a respeito da moratória.
Ele não quis declarar quando ou sob quais circunstâncias Israel poderia renovar a moratória. "Essa terá de ser uma decisão tomada pelo gabinete israelense", declarou.
HILLARY DEFENDE O DIÁLOGO
Os números divulgados pela Associated Press chegam pouco depois de a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, afirmar que as negociações diretas entre israelenses e palestinos "são absolutamente necessárias" e constituem o "único caminho" para um acordo de paz justo e durável no Oriente Médio.
Em discurso pronunciado perante a American Task Force on Palestine, Hillary admitiu que não tem uma "fórmula mágica" para superar o ponto morto no qual estão as negociações diretas entre israelenses e palestinos. No entanto, ela considerou que, se os dois líderes estiverem comprometidos com o processo, um acordo será possível.
"Negociações não são fáceis, mas são absolutamente necessárias", declarou a secretária. "Não há nada que substitua conversas tête-à-tête para conseguir um acordo que leve a uma paz justa e duradoura".
"É o único caminho para cumprir as aspirações nacionais palestinas e a solução necessária de dois Estados", ressaltou.
ESTAGNAÇÃO
As negociações diretas de paz, relançadas em 2 de setembro em Washington, se estagnaram no dia 26 de setembro, quando Israel decidiu não prorrogar a moratória sobre construções nos assentamentos judaicos na Cisjordânia.
"Nossa posição acerca dos assentamentos é bastante conhecida e não mudou", afirmou Hillary.
Ela aproveitou a ocasião para pedir novamente aos Estados árabes não somente respaldo à continuação das negociações e ao processo em si, mas também apoio financeiro à Autoridade Nacional Palestina (ANP).
A ANP, continuou Hillary, "precisa de um apoio financeiro maior, mais constante e precisa de mais recursos" para avançar e criar um futuro próprio.
Além disso, ela criticou "aqueles Estados na região que fornecem armas a grupos como Hizbollah e Hamas", inimigos de Israel que contam com o apoio de Síria e Irã.
Por fim, a chefe da diplomacia americana pediu a libertação "imediata" do soldado israelense Gilad Shalit, mantido refém desde 25 de junho de 2006, após ser sequestrado por três milícias palestinas, entre elas a do movimento islâmico Hamas.
Eta povo porreta e firme, deveriam ensinara aqui no Brasil como fazer do mesmo modo
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