A Lei Judaica nos orienta sobre o dever de orar três vezes ao dia: de manhã, à tarde e após o anoitecer chamadas Shacharit (Matinal), Minchá (Vespertina) e Arvit (Noturna).
Nossos sábios nos contam que o costume de orar três vezes ao dia foi originalmente introduzido pelos Patriarcas: Avraham (a Prece da Manhã), Yitschac (a Prece da Tarde) e Yaacov (a Prece da Noite).
Nós, os filhos de Avraham, Yitschac e Yaacov, herdamos três qualidades de nossos Patriarcas, respectivamente: a bondade e amor com que se distinguiu Avraham; justiça e reverência de Yitschac e virtude da verdade e misericórdia de Yaacov. Isto nos capacita a servir a D'us e dirigir-Lhe as preces com amor, temor (reverência) e misericórdia.
Quando a Torá nos foi outorgada no Monte Sinai, um modo de vida foi para nós estabelecido por D'us. Torá quer dizer "ensinamento", "instrução", "orientação". A Torá nos ensina como devemos viver em cada momento e detalhe da nossa vida. Ela contém 613 mandamentos. Entre eles está o mandamento de "servir a D'us com todo nosso coração e toda a nossa alma". Como é que servimos a D'us com o nosso coração? Elevando nossas preces, rezamos, tememos e amamos D'us.
Durante os primeiros mil anos, mais ou menos, desde o tempo de Moshê (Moisés), não existia uma ordem estabelecida para as orações. Cada pessoa tinha a obrigação de orar a D'us todos os dias, mas a forma da prece e quantas vezes por dia deveria rezar, ficava a critério de cada um.
Existia entretanto uma ordem de serviço estabelecida no Templo Sagrado ligada aos sacrifícios diários de manhã e ao entardecer, enquanto que o sacrifício da tarde se estendia pela noite adentro. Nos dias especiais, como Shabat, Rosh Chodesh (o primeiro dia do mês) e Yom Tov (Festas Judaicas), havia também sacrifícios de Mussaf (adicionais). Desta forma, talvez fosse costume que alguns judeus orassem três vezes ao dia, a sua própria maneira, de manhã, ao entardecer e à noite. O rei David, por exemplo, declarou que rezava três vezes ao dia. O profeta Daniel (na Babilônia) também orava três vezes por dia, com a face voltada a Jerusalém.
Depois que o Templo Sagrado foi destruído e os judeus levados ao cativeiro na Babilônia, continuaram a se reunir e orar em congregação. Mas durante os anos do exílio, faltou às crianças, que nasceram e se criaram na Babilônia, um conhecimento adequado da língua hebraica e falavam um idioma misto. Por isso, quando os judeus voltaram a sua pátria, após setenta anos de exílio, Ezra, O Escriba, junto com os homens da Grande Assembléia, formada por cento e vinte profetas e sábios, fixaram os textos das preces cotidianas entre as quais a Amidá, composta por dezoito bênçãos, e estabeleceram como instituição permanente e norma da vida judaica o dever de recitar esta prece três vezes ao dia.
Desta forma, as partes principais das preces diárias foram formuladas pelos nossos sábios incluindo o Shemá e a Amidá, que ainda continuam sendo as partes principais das preces da manhã e da noite, enquanto a Amidá é a parte principal também do serviço de Minchá.
O Cântico do Dia (de Tehilim, Salmos) entoado pelos leviyim (levitas) no Bet Hamicdash, Templo Sagrado, tornou-se parte da oração matinal. Outros Salmos de David foram incluídos no serviço da manhã e bênçãos especiais foram acrescentadas antes e depois do Shemá.
Ao tempo em que a Mishná foi registrada por escrito por Rabi Yehudá o Príncipe (por volta do ano 3910 da Criação - uns 500 anos depois de Ezra), especialmente ao tempo em que o Talmud foi concluído (uns 300 anos depois, ou cerca de 1500 anos atrás), a ordem básica das nossas preces, tal como as conhecemos agora, estava formulada.