Atração lembra ocupação israelense no Líbano e já recebeu milhares de visitantes
Foto Reprodução/Mleeta.com
Foto Reprodução/Mleeta.com
Montagem com restos de tanques é destaque em parque temático do grupo islâmico Hezbollah no sul do Líbano
Um parque temático incomum no sul do Líbano virou o "marco da resistência" da militância islâmica contra o que o grupo Hezbollah, financiador do projeto, chama de "inimigo israelense".
O lugar - um ex-centro de comando do Hezbollah batizado Mleeta, em homenagem ao vilarejo que servia de ponto de partida para ações do grupo - foi inaugurado em comemoração aos dez anos da retirada de Israel de Beirute, capital libanesa, lembrados no último dia 25 de maio.
Localizado 44 km ao sul de Beirute, o parque Mleeta - apelidado de Hezbolândia pela imprensa internacional - tem mais de 60 mil metros quadrados de instalações artísticas, esculturas e memoriais que relatam os anos de resistência da militância islâmica contra a ocupação israelense, iniciada em 1982.
Representações de tanques israelenses esmagados sobre pilhas de escombros e painéis contando histórias de heroísmo e sacrifício ganham destaque sobre o topo da remota montanha que serve de base para o museu.
De acordo com a administração do local, a construção do Mleeta custou cerca de R$ 7 milhões (US$ 4 milhões), uma barganha se comparado ao custo de um parque como o Mundo da Feitiçaria de Harry Potter, inaugurado recentemente nos Estados Unidos ao custo R$ 353 milhões. (US$ 200 milhões).
O veterano de guerra Abu Hadi, hoje guia turístico no parque, disse em entrevista ao jornal britânico The Sunday Times que o uso de antigas armas e bombas como meio de entretenimento não deixa de ser irônico.
- Os israelenses costumavam jogar bombas de fragmentação que se pareciam com brinquedos aqui. Hoje nós dizemos aos israelenses que temos os tanques deles para que nossas crianças brinquem.
Uma das atrações do parque é justamente uma montagem feita apenas com bombas supostamente despejadas por aviões da Força Aérea de Israel. Durante a guerra, pilotos que não conseguiam encontrar seus alvos eram obrigados a jogar os explosivos sobre a chamada "zona morta" de Mleeta, uma área desabitada da região, onde a probabilidade de baixas civis era menor.
Apesar do aparente sucesso do Parque Mleeta - foram 130 mil visitantes nos dez primeiros dias de abertura - o Hezbollah não pretende parar por aí. O grupo já tem planos de abrir outros dois centros devotados à "resistência", locais que, de acordo com o grupo, pretendem encorajar os jovens militantes a continuar a luta contra Israel.