Pressionado pela comunidade internacional e até pelo seu maior aliado, os Estados Unidos, por causa do ataque à flotilha humanitária que rumava para a Faixa de Gaza, o governo de Israel fez um recuo estratégico na questão do bloqueio.
Quinta-feira, inicialmente, ministros disseram que não permitiriam uma ingerência internacional sobre a questão. Mais tarde, porém, o premier Benjamin Netanyahu afirmou que pode aceitar um envolvimento internacional na fiscalização do embargo .
Netanyahu chegou a afirmar que planeja aliviar o bloqueio imposto à Faixa de Gaza, informaram quinta-feira duas emissoras de televisão israelenses. O premier israelense espera, dessa forma, impedir a transferência de armas para a Faixa de Gaza, desviando as pressões e críticas internacionais feitas contra Israel.
Segundo as emissoras de Israel, Netanyahu poderá permitir que navios cheguem até a costa do território palestino, com a condição de que seus carregamentos sejam previamente inspecionados. Esta inspeção contaria com a participação da Organização das Nações Unidas, que poderia revistar cargas a caminho de Gaza.
Os carregamentos civis poderão seguir viagem depois de uma inspeção da qual a comunidade internacional poderia participar. Quanto ao navio Rachel Corrie que ruma à Gaza, Israel não pretende liberar sua entrada. Estas mudanças na política de entrega de mantimentos ainda serão debatidas entre Israel e as outras nações.
A União Europeia, a Turquia e a ONU defendiam a realização de uma investigação internacional, enquanto os EUA, principais aliados de Israel, sugeriam um inquérito israelense com envolvimento internacional.
Os ministros árabes de Relações Exteriores decidiram romper, “por todos os meios”, o bloqueio israelense imposto a Faixa de Gaza, anunciou o secretário-geral da Liga Árabe, Amr Mussa, ao final de uma reunião extraordinária realizada na noite de quarta-feira, no Cairo.
Os ministros saudaram a decisão egípcia, anunciada na terça-feira, de abrir o terminal de Rafah por tempo indeterminado, destacou Mussa.
Mussa afirmou que os ministros encarregaram o grupo árabe da ONU de solicitar, em coordenação com a Turquia, uma reunião do Conselho de Segurança para adotar uma resolução que obrigue Israel a suspender imediatamente o bloqueio a Gaza.
Turquia
As relações da Turquia com Israel nunca mais serão as mesmas depois do ataque praticado por comandos israelenses contra uma flotilha que levava ajuda humanitária a Gaza, afirmou quinta-feira o presidente turco, Abdullah Gül.
– Israel cometeu um dos erros mais graves de sua história – assegurou.
O bloqueio à Faixa de Gaza está vigente desde que o Hamas, vencedor das últimas eleições legislativas realizadas em territórios palestinos, tomou o controle total de Gaza, em 2007.
Obama diz que bloqueio prejudica palestinos
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse quinta-feira que entende que Israel tenha preocupações de segurança, mas que o bloqueio a Faixa de Gaza está prejudicando os palestinos economicamente. Ele fez estas afirmações na gravação gravação do programa do entrevistador Larry King, da rede CNN. Ele disse que o ataque foi uma situação trágica mas poderá ser usado em prol da paz na região.
– Precisamos usar o incidente como oportunidade de avançar no processo de paz no Oriente Médio – declarou o presidente ao entrevistador Larry King.
O Departamento de Estado dos EUA confirmou a morte de Furkan Dogan, um turco-americano de 19 anos, na ação do Exército israelense no navio Marvi Marmara, um dos seis que compunham a Frota da Liberdade. De acordo com o porta-voz P.J. Crowley, será feita uma investigação sobre a morte do ativista.
– Levamos muito a sério a saúde dos cidadãos americanos em qualquer parte do mundo. Se achamos que um crime foi cometido, temos a chance, em colaboração com o governo do país, de fazer nossa própria investigação – declarou.
Indagado sobre se os investigadores do FBI serão envolvidos, Crowley respondeu: ainda não.
Ativistas dizem que há mais mortos
A contagem oficial de mortos divulgada pelo Estado de Israel é de nove, todos cidadãos de origem turca, inclusive o americano morto na operação. Mas Bulent Yildirim, presidente da Fundação para Direitos Humanos e Liberdades e Ajuda Humanitária, uma das ONGs que organizaram a Frota da Liberdade, relatou que desconhece o paradeiro de pelo menos 15 ativistas. Ele estava a bordo do Marvi Marmara, a embarcação que sofreu a ação israelense.
– Recebemos os corpos de nove mártires, mas temos uma lista mais longa. Existem pessoas desaparecidas. Nossos médicos entregaram 38 feridos, na nossa volta. Eles (os israelenses) disseram que havia apenas 21 feridos – confirmou.
Outra denúncia de Yildirim é que, mesmo com a ajuda prestada aos soldados que se feriram, corpos de pacifistas foram jogados na água. Contou que os ativistas de fato se apoderaram das armas dos soldados que invadiram o barco, mas em momento algum foram utilizadas, e sim jogadas ao mar.
Os historiadores suecos Mattias Gardell e Edda Manga, que também estavam no navio turco e já foram deportados, presenciaram “assassinatos premeditados”.
Os testemunhos corroboram as declarações da única brasileira a bordo, a cineasta Iara Lee.
– A marca registrada deles é o silêncio, fomos pegos de surpresa. Nos barcos pequenos, usaram balas de borracha, gás lacrimogêneo e armas de choque. Mas no nosso barco chegaram com munição de verdade – contou.
Iara ficou escondida no convés na hora do ataque e, quando subiu para procurar o cinegrafista, viu muitos feridos e quatro corpos. Também confirmou a versão da advogada Audrey Bomse, do Free Gaza Movement, que não conseguiram entrar em contato com os hospitalizados.
Apesar de ter todos os pertences confiscados, conseguiu salvar três cartões de memória com imagens da ação no Marvi Marmara.
– Conseguimos sair com um material de filmagem exclusivo, em definição alta. Éramos um dos únicos que tinham câmera profissional. Então, temos que voltar para os EUA e mostrar para o mundo inteiro – diz a cineasta, que perdeu US$ 150 mil em câmeras e lentes.
No total, 488 militantes da missão humanitária chegaram a Istambul quinta-feira, a bordo de três aviões com equipes médicas, e foram recebidos como heróis. Os corpos foram entregues às famílias após exames forenses. Eram todos homens entre 19 e 61 anos. O mais jovem era americano.
Netanyahu chegou a afirmar que planeja aliviar o bloqueio imposto à Faixa de Gaza, informaram quinta-feira duas emissoras de televisão israelenses. O premier israelense espera, dessa forma, impedir a transferência de armas para a Faixa de Gaza, desviando as pressões e críticas internacionais feitas contra Israel.
Segundo as emissoras de Israel, Netanyahu poderá permitir que navios cheguem até a costa do território palestino, com a condição de que seus carregamentos sejam previamente inspecionados. Esta inspeção contaria com a participação da Organização das Nações Unidas, que poderia revistar cargas a caminho de Gaza.
Os carregamentos civis poderão seguir viagem depois de uma inspeção da qual a comunidade internacional poderia participar. Quanto ao navio Rachel Corrie que ruma à Gaza, Israel não pretende liberar sua entrada. Estas mudanças na política de entrega de mantimentos ainda serão debatidas entre Israel e as outras nações.
A União Europeia, a Turquia e a ONU defendiam a realização de uma investigação internacional, enquanto os EUA, principais aliados de Israel, sugeriam um inquérito israelense com envolvimento internacional.
Os ministros árabes de Relações Exteriores decidiram romper, “por todos os meios”, o bloqueio israelense imposto a Faixa de Gaza, anunciou o secretário-geral da Liga Árabe, Amr Mussa, ao final de uma reunião extraordinária realizada na noite de quarta-feira, no Cairo.
Os ministros saudaram a decisão egípcia, anunciada na terça-feira, de abrir o terminal de Rafah por tempo indeterminado, destacou Mussa.
Mussa afirmou que os ministros encarregaram o grupo árabe da ONU de solicitar, em coordenação com a Turquia, uma reunião do Conselho de Segurança para adotar uma resolução que obrigue Israel a suspender imediatamente o bloqueio a Gaza.
Turquia
As relações da Turquia com Israel nunca mais serão as mesmas depois do ataque praticado por comandos israelenses contra uma flotilha que levava ajuda humanitária a Gaza, afirmou quinta-feira o presidente turco, Abdullah Gül.
– Israel cometeu um dos erros mais graves de sua história – assegurou.
O bloqueio à Faixa de Gaza está vigente desde que o Hamas, vencedor das últimas eleições legislativas realizadas em territórios palestinos, tomou o controle total de Gaza, em 2007.
Obama diz que bloqueio prejudica palestinos
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse quinta-feira que entende que Israel tenha preocupações de segurança, mas que o bloqueio a Faixa de Gaza está prejudicando os palestinos economicamente. Ele fez estas afirmações na gravação gravação do programa do entrevistador Larry King, da rede CNN. Ele disse que o ataque foi uma situação trágica mas poderá ser usado em prol da paz na região.
– Precisamos usar o incidente como oportunidade de avançar no processo de paz no Oriente Médio – declarou o presidente ao entrevistador Larry King.
O Departamento de Estado dos EUA confirmou a morte de Furkan Dogan, um turco-americano de 19 anos, na ação do Exército israelense no navio Marvi Marmara, um dos seis que compunham a Frota da Liberdade. De acordo com o porta-voz P.J. Crowley, será feita uma investigação sobre a morte do ativista.
– Levamos muito a sério a saúde dos cidadãos americanos em qualquer parte do mundo. Se achamos que um crime foi cometido, temos a chance, em colaboração com o governo do país, de fazer nossa própria investigação – declarou.
Indagado sobre se os investigadores do FBI serão envolvidos, Crowley respondeu: ainda não.
Ativistas dizem que há mais mortos
A contagem oficial de mortos divulgada pelo Estado de Israel é de nove, todos cidadãos de origem turca, inclusive o americano morto na operação. Mas Bulent Yildirim, presidente da Fundação para Direitos Humanos e Liberdades e Ajuda Humanitária, uma das ONGs que organizaram a Frota da Liberdade, relatou que desconhece o paradeiro de pelo menos 15 ativistas. Ele estava a bordo do Marvi Marmara, a embarcação que sofreu a ação israelense.
– Recebemos os corpos de nove mártires, mas temos uma lista mais longa. Existem pessoas desaparecidas. Nossos médicos entregaram 38 feridos, na nossa volta. Eles (os israelenses) disseram que havia apenas 21 feridos – confirmou.
Outra denúncia de Yildirim é que, mesmo com a ajuda prestada aos soldados que se feriram, corpos de pacifistas foram jogados na água. Contou que os ativistas de fato se apoderaram das armas dos soldados que invadiram o barco, mas em momento algum foram utilizadas, e sim jogadas ao mar.
Os historiadores suecos Mattias Gardell e Edda Manga, que também estavam no navio turco e já foram deportados, presenciaram “assassinatos premeditados”.
Os testemunhos corroboram as declarações da única brasileira a bordo, a cineasta Iara Lee.
– A marca registrada deles é o silêncio, fomos pegos de surpresa. Nos barcos pequenos, usaram balas de borracha, gás lacrimogêneo e armas de choque. Mas no nosso barco chegaram com munição de verdade – contou.
Iara ficou escondida no convés na hora do ataque e, quando subiu para procurar o cinegrafista, viu muitos feridos e quatro corpos. Também confirmou a versão da advogada Audrey Bomse, do Free Gaza Movement, que não conseguiram entrar em contato com os hospitalizados.
Apesar de ter todos os pertences confiscados, conseguiu salvar três cartões de memória com imagens da ação no Marvi Marmara.
– Conseguimos sair com um material de filmagem exclusivo, em definição alta. Éramos um dos únicos que tinham câmera profissional. Então, temos que voltar para os EUA e mostrar para o mundo inteiro – diz a cineasta, que perdeu US$ 150 mil em câmeras e lentes.
No total, 488 militantes da missão humanitária chegaram a Istambul quinta-feira, a bordo de três aviões com equipes médicas, e foram recebidos como heróis. Os corpos foram entregues às famílias após exames forenses. Eram todos homens entre 19 e 61 anos. O mais jovem era americano.