Israel aborda e redireciona barco irlandês; não há vítimas

Israel aborda e redireciona barco irlandês; não há vítimas

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Tropas do Exército de Israel abordaram o barco irlandês Rachel Corrie no meio da manhã deste sábado, quando a embarcação tentava furar o bloqueio israelense à faixa de Gaza. A operação foi confirmada por uma porta-voz das Forças de Defesa do país, que também informou que o barco já está sendo redirecionado para o porto de Ashod.

"O barco foi abordado e houve total cooperação da tripulação e passageiros a bordo", disse uma porta-voz do Exército israelense.

 Baz Ratner/Reuters 

Marinha de Israel em patrulha próximo ao porto de Ashdod, para onde segue agora o Rachel Corrie

Ainda às 9h locais (3h de Brasília), o navio estava a 56 km da faixa de bloqueio, e seguiu rumo a Gaza apesar de avisos dados por Israel de que a entrada na zona de proibição de navegação não seria permitida.

As tropas interromperam a navegação e entraram no barco depois que a tripulação da embarcação irlandesa ignorasse quatro chamados do Exército israelense para que desviasse a rota para um porto de Israel ao invés de seguir para Gaza.

Segundo a porta-voz do Exército, o navio está sendo conduzido para o porto de Ashdod, ao norte da faixa palestina.

Israel tinha reiterado nos últimos dias que impediria com o uso força a chegada do cargueiro 'Rachel Corrie' a Gaza em caso da embarcação não desistir da intenção de romper o bloqueio israelense e chegar à faixa palestina.

Avisos

Ontem, a tripulação do navio já havia rejeitado a oferta feita por Israel através da Irlanda que atracasse em Ashdod e desembarcasse nesse porto israelense situado ao norte de Gaza a ajuda humanitária.

A proposta incluía ainda que representantes do navio acompanhassem depois a transferência da ajuda de Ashdod até Gaza.

Segundo a ONG 'Free Gaza", um dos grupos que organiza a expedição, o 'Rachel Corrie' transporta 1,2 mil toneladas de ajuda humanitária. Com 20 pessoas a bordo, entre os passageiros está a prêmio Nobel da Paz norte-irlandesa Mairead Maguire e um antigo subsecretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), o irlandês Denis Halliday. Há também a bordo um importante ativista político da Malásia, Matthias Chang Wen Chieh, ex-assessor do ex-primeiro-ministro da Malásia Mahatir Mohamed.

O Exército israelense atacou na segunda-feira outros seis navios do comboio de ajuda humanitária, da qual faz parte o navio irlandês. Na abordagem, o Exército israelense matou nove ativistas turcos -- um deles com dupla nacionalidade turco-americana -- que viajavam em uma das embarcações. No ataque, em águas internacionais, dezenas de ativistas ficaram feridos.

O 'Rachel Corrie' ficou para trás do comboio devido a problemas técnicos. O nome do navio irlandês é simbólico. Rachel Corrie era uma ativista americana que em 2003 foi esmagada em Gaza por uma escavadeira militar israelense quando exercia papel de 'escudo humano' impedindo a demolição de casas palestinas.

Troca de ameaças

O barco irlandês Rachel Corrie partiu do porto de Dundalk em 12 de maio levando ajuda humanitária e ativistas para a faixa de Gaza. Os governos de Irlanda e Israel haviam chegado a um acordo na sexta-feira, propondo que o navio ancore no porto de Ashdod, em Israel, para que a carga seja desembarcada, inspecionada e, depois, levada a Gaza. Os passageiros do Rachel Corrie, no entanto, recusaram a proposta e decidiram seguir adiante.

A Casa Branca disse nesta sexta-feira que o bloqueio israelense à faixa de Gaza é insustentável e fez um apelo para que o navio com ativistas pró-Palestina que se dirigia ao território palestino fosse desviado para um porto de Israel para reduzir o risco de violência.

 Efe 

Foto da ONG Free Gaza mostra o navio Rachel Corrie, que tentou furar o bloqueio a Gaza

Os comentários contrastantes entre a ONG Free Gaza, responsável pelo navio, e o governo de Israel, que deixou claro que não permitiria o furo do bloqueio,mostraram uma troca de ameaças que poderia ter levado a um novo embate, mas o desfecho acabou não produzindo vítimas.

Cooperação

Ainda na sexta-feira os ativistas já tinham deixado claro que não resistiram a uma potencial abordagem da Marinha de Israel, apesar de manterem seus planos de furar o bloqueio a Gaza. "Não vamos dar meia volta", disse à rede americana CNN a irlandesa ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, Mairead Maguire, que está a bordo do navio. "Estamos prontos para ir direto a Gaza."

 Niall Carson/AP - 12.mai.10 

Derek Graham usa uma garrafa de azeite de oliva palestino para oficializar o nome do navio

"Vamos permanecer em águas internacionais", disse Maguire à CNN. "Se Israel impedir que cheguemos a Gaza e insistir em invadir o navio, então vamos nos sentar como ativistas não violentos. Seremos muito pacíficos. Não vamos resistir à Marinha invadindo o navio, nos prendendo ou nos levando a força para Ashdod, mas não vamos dar meia volta, vamos seguir em frente", disse Maguire.

Segundo disse à CNN, o navio leva "toneladas" de escritos doados pela Noruega, remédios e equipamento médico --incluindo cadeiras de rodas doadas pela Escócia-- e brinquedos.

Acordo proposto

O premiê de Isarel Binyamin Netanyahu tinha reunido sua equipe de altos ministros nesta sexta-feira para discutir a chegada do novo barco e as ações que deveriam ser tomadas após as críticas decorrentes da ação na segunda-feira, que deixou nove mortos e dezenas de feridos.

Um comunicado da chancelaria israelense informou que Israel quer evitar o confronto e convidou o Rachel Corrie a atracar no porto de Ashdod, onde a carga seria desembarcada, inspecionadas e transferida para Gaza se não contivesse armas.

"Nós em Israel não temos nenhum desejo de confronto. Se o navio decidir seguir ao porto de Ashdod em Israel, então nós vamos assegurar sua chegada com segurança e não vamos invadi-lo", disse o oficial da chancelaria, Yossi Gal.

Gaza está sob bloqueio de Israel e do Egito desde que o grupo militante islâmico Hamas tomou o poder, em 2007. Israel recusa acusações de que o local esteja passando por uma crise humanitária e alega permitir a entrada de comida, remédios e suprimentos o suficiente no território.

Prontos para agir

Ainda na noite de quinta-feira, após as repetidas afirmações dos ativistas, de que não alterariam os planos de seguir rumo a Gaza, o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, havia informado que o navio Rachel Corrie não chegaria a atracar.

 Jim Hollander/Efe - 02.jun.10 

O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, informou que o navio Rachel Corrie "não chegará" a atracar

Na sexta-feira, o chanceler israelense, Avigdor Lieberman, havia reiterado que Israel impediria que o Rachel Corrie furasse o bloqueio. "Vamos parar o navio, e também muitos outros navios que tentem ferir a soberania israelense. Não há chances de o Rachel Corrie chegar à costa de Gaza", disse Lieberman ao Channel 1.

Em Dublin, o chanceler irlandês, Micheal Martin, disse em comunicado: "Aqueles a bordo do Rachel Corrie mostraram estar prontos para aceitar a inspeção do navio no mar, antes de atracar em Gaza".

Lieberman acrescentou que as autoridades israelenses estiveram em contato com o chanceler irlandês e disse: "Nós esclarecemos... aos irlandeses e demais, nenhum navio vai chegar a Gaza sem uma inspeção de segurança, sem inspeção da carga, sem saber com certeza [o que está a bordo]."

Netanyahu instruiu os militares israelenses a evitar machucar os passageiros, informou um participantes de um encontro do gabinete na noite de quinta-feira, em condição de anonimato.

Casa Branca

Na sexta-feira, o governo dos Estados Unidos tinha se pronunciado sobre o assunto. "Estamos trabalhando de maneira urgente com Israel, a Autoridade Palestina e outros parceiros internacionais para desenvolver novos procedimentos de entrega de mais bens e assistência para Gaza", afirmou o porta-voz para o Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Mike Hammer.

"Os sistemas atuais são insustentáveis e devem ser mudados. Por agora nós chamamos todas as partes para se juntar a nós na busca de decisões responsáveis para evitar quaisquer confrontações desnecessárias", disse Hammer em comunicado.

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