Como lutar contra o mau olhado, proteger uma gestante de forças demoníacas, conquistar uma mulher ou defender sua casa de moradores indesejáveis? A magia que faz parte da tradição judia tem a resposta a estas e outras perguntas.
Sob o título de "Anjos e Demônios, Magia Judia ao Longo dos Anos", o Museu das Terras da Bíblia, em Jerusalém, inaugurou uma exposição que analisa as origens e o desenvolvimento das práticas da magia na tradição judaica, desde o período do templo do rei Salomão, no século X a.C.
A mostra é a primeira de seu tipo em Israel e apresenta as crenças do Judaísmo marcadas pela existência de poderes sobrenaturais, anjos, demônios, espíritos e forças malignas, como o mau olhado, comum a outras culturas da antiguidade. "É um olhar único de como vemos as forças protetoras contra o mal neste mundo, seja para conservar a saúde ou proteger o lar", disse à Agência Efe a diretora do museu, Amanda Weiss.
A exposição conta com estatuetas, amuletos, telas, pergaminhos manuscritos e até material orgânico utilizados em encantos, poções do amor ou contra maldições. Muitos destes objetos foram utilizados na vida cotidiana de comunidades judaicas da Europa, do Oriente Médio e do norte da África. "Hoje continuamos utilizando amuletos contra o mau olhado, como a 'jamsa', ou "hamsa" que é o símbolo de uma mão, e outros que provavelmente foram incorporados pelo Judaísmo a partir da prática islâmica", explica Amanda.
Junto a estas famosas mãos, que são sinônimo de boa sorte, a exibição apresenta vasos de barro com inscrições, que são enterrados de boca para baixo debaixo dos porões de casas judias, para afastar aos maus espíritos e evitar incêndios. Os amuletos utilizados contra o mau olhado servem de "espelho" para refletir o azar, segundo os responsáveis pela exibição. "Com o objetivo de lutar contra as doenças ou a má sorte, era costume desenhar passagens do Antigo Testamento ou lugares santos na Terra de Israel, que eram utilizados como talismãs", disse a subcomissária da mostra, Ori Meiri.
O Talmude (registro de discussões rabínicas) diz que de 100 mortes, 99 são causadas pelo mau olhado e uma por causas naturais, o que explica a preocupação do Judaísmo com um dos períodos da vida mais suscetíveis à má sorte: a maternidade.
Na tradição judia, é costume não mencionar o nome do filho até seu nascimento. Depois que nascem, no ato da circuncisão, os bebês são abençoados com as palavras: "Deus lhe livre do mau olhado". Um dos maiores medos das gestantes mais supersticiosas é a figura de Lilit, um ser demoníaco capaz de atacar os recém-nascidos e que, segundo a lenda, foi a primeira mulher criada por Deus, que abandonou o paraíso e Adão, ao se negar a ser submissa no plano sexual.
Para salvar os pequenos, é costume invocar os três anjos Senoy, Sansenoy e Samangelaf, enviados por Deus para levar Lilit de volta ao Jardim do Éden, mas que fracassaram na tentativa, pois ela já tinha se casado com o diabo.
O tema amoroso e erótico é um dos que atrai maior atenção, como mostram imagens do período bizantino com a forma de mulheres com as mãos amarradas nas costas, consideradas bonecas de vodu, expostas em uma sala dedicada à magia negra.
A lei judia proíbe a prática deste tipo de magia. A Cabala também proporciona encantos e livros que contêm fórmulas para que uma mulher se apaixone por um homem e "seu coração arda de paixão". Amanda afirma que, para o Judaísmo, há uma diferença entre a prática religiosa e a superstição, embora reconheça que às vezes sejam separadas apenas por uma linha tênue.
Daniela Brik. Jerusalém
A mostra é a primeira de seu tipo em Israel e apresenta as crenças do Judaísmo marcadas pela existência de poderes sobrenaturais, anjos, demônios, espíritos e forças malignas, como o mau olhado, comum a outras culturas da antiguidade. "É um olhar único de como vemos as forças protetoras contra o mal neste mundo, seja para conservar a saúde ou proteger o lar", disse à Agência Efe a diretora do museu, Amanda Weiss.
A exposição conta com estatuetas, amuletos, telas, pergaminhos manuscritos e até material orgânico utilizados em encantos, poções do amor ou contra maldições. Muitos destes objetos foram utilizados na vida cotidiana de comunidades judaicas da Europa, do Oriente Médio e do norte da África. "Hoje continuamos utilizando amuletos contra o mau olhado, como a 'jamsa', ou "hamsa" que é o símbolo de uma mão, e outros que provavelmente foram incorporados pelo Judaísmo a partir da prática islâmica", explica Amanda.
Junto a estas famosas mãos, que são sinônimo de boa sorte, a exibição apresenta vasos de barro com inscrições, que são enterrados de boca para baixo debaixo dos porões de casas judias, para afastar aos maus espíritos e evitar incêndios. Os amuletos utilizados contra o mau olhado servem de "espelho" para refletir o azar, segundo os responsáveis pela exibição. "Com o objetivo de lutar contra as doenças ou a má sorte, era costume desenhar passagens do Antigo Testamento ou lugares santos na Terra de Israel, que eram utilizados como talismãs", disse a subcomissária da mostra, Ori Meiri.
O Talmude (registro de discussões rabínicas) diz que de 100 mortes, 99 são causadas pelo mau olhado e uma por causas naturais, o que explica a preocupação do Judaísmo com um dos períodos da vida mais suscetíveis à má sorte: a maternidade.
Na tradição judia, é costume não mencionar o nome do filho até seu nascimento. Depois que nascem, no ato da circuncisão, os bebês são abençoados com as palavras: "Deus lhe livre do mau olhado". Um dos maiores medos das gestantes mais supersticiosas é a figura de Lilit, um ser demoníaco capaz de atacar os recém-nascidos e que, segundo a lenda, foi a primeira mulher criada por Deus, que abandonou o paraíso e Adão, ao se negar a ser submissa no plano sexual.
Para salvar os pequenos, é costume invocar os três anjos Senoy, Sansenoy e Samangelaf, enviados por Deus para levar Lilit de volta ao Jardim do Éden, mas que fracassaram na tentativa, pois ela já tinha se casado com o diabo.
O tema amoroso e erótico é um dos que atrai maior atenção, como mostram imagens do período bizantino com a forma de mulheres com as mãos amarradas nas costas, consideradas bonecas de vodu, expostas em uma sala dedicada à magia negra.
A lei judia proíbe a prática deste tipo de magia. A Cabala também proporciona encantos e livros que contêm fórmulas para que uma mulher se apaixone por um homem e "seu coração arda de paixão". Amanda afirma que, para o Judaísmo, há uma diferença entre a prática religiosa e a superstição, embora reconheça que às vezes sejam separadas apenas por uma linha tênue.
Daniela Brik. Jerusalém