Os passaportes pertencentes aos suspeitos de matar um importante
membro do grupo islâmico Hamas em Dubai no mês de janeiro são falsos,
de acordo com declarações dos governos britânico e irlandês.
O grupo de dez homens e uma mulher teria assassinado Mahmoud al
Mabhouh em um quarto de hotel em Dubai no dia 20 de janeiro. A polícia
daquele país já emitiu mandados de prisão para os suspeitos.
Seis integrantes do grupo tinham passaportes britânicos e foram
identificados com os nomes de Jonathan Lewis Graham, James Leonard
Clarke, Paul John Keeley, Michael Lawrence Barney, Melvyn Adam
Mildiner e Stephen Daniel Hodes.
Outros três suspeitos levavam passaportes irlandeses com os nomes de
Gail Folliard, Evan Dennings e Kevin Daveron. Entre os dois restantes,
um levava um passaporte alemão no nome de Michael Bodenheimer, e
outro, um francês, Peter Elvinger.
Acredita-se que a equipe tenha roubado as identidades de pessoas que
realmente existem para pedir os passaportes que foram usados na
operação.
"Não conseguimos identificar nenhum daqueles indivíduos como sendo
verdadeiros cidadãos irlandeses" afirmou um porta-voz do Departamento
de Negócios Exteriores da Irlanda.
O porta-voz disse ainda que os números dos passaportes tinham
quantidades de dígitos erradas e não continham letras, como ocorre nos
passaportes autênticos.
"Estes passaportes são falsos", afirmou.
O Ministério do Exterior britânico afirmou que acredita que os
passaportes britânicos usados em Dubai são falsos e já iniciou sua
própria investigação.
"Informamos as autoridades dos Emirados Árabes Unidos (que os
passaportes são falsos), e vamos continuar a cooperar com os Emirados
neste caso", informou o ministério britânico.
Limpar o nome
Um britânico que mora em Israel e tem o mesmo nome de um dos
suspeitos, Melvin Adam Mildiner, disse à agência de notícias Reuters
que está "assustado e preocupado" e tentando descobrir o que pode ser
feito para limpar seu nome.
Mildiner também acrescentou que seu passaporte está com ele e que
nunca esteve em Dubai.
O Ministério do Exterior francês também afirmou que "não conseguiu
confirmar a nacionalidade" de Peter Elvinger, de acordo com declaração
dada à agência de notícias AFP.
Já as autoridades alemãs informaram que o número do passaporte de
Michael Bodenheimer era incompleto ou errado.
Câmeras de segurança
Imagens das câmeras de segurança do hotel onde Mahmoud al-Mabhouh
estava hospedado quando morreu mostram os suspeitos entrando no
saguão, carregando raquetes de tênis, entrando e saindo de elevadores
e até mesmo, segundo autoridades de Dubai, mudando de aparência com
disfarces.
Segundo informações, Mabhouh estaria em Dubai para comprar armas para o Hamas.
Em janeiro, o grupo Hamas acusou autoridades israelenses de serem
responsáveis pela morte de Mabhouh.
As autoridades de Dubai afirmaram que a equipe parecia ser um
esquadrão profissional, provavelmente patrocinado por um governo de
outro país.
Segundo o correspondente da BBC para o setor de segurança Gordon
Corera, existe a suspeita de que o serviço secreto de Israel, o
Mossad, esteja envolvido na morte. O Mossad, de acordo com o
correspondente, tem um histórico de assassinatos de seus adversários e
também de uso de passaportes falsos.
Em 1997, dois agentes do Mossad que usavam passaportes canadenses
tentaram matar um líder do Hamas na Jordânia, Khaled Meshal, quando
foram capturados.