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O DISCURSO APARENTEMENTE MAIS AMENO DO BANDIDO É AINDA MAIS PERIGOSO


Reinaldo Azevedo

O Ahmadinejad mais perigoso, por incrível que pareça, nem é aquele que nega com clareza o Holocausto — até porque ele percebeu que isso lhe gera alguns contratempos. O Ahmadinejad mais perigoso, por incrível que pareça, nem é aquele que financia o terrorismo. O Ahmadinejad mais perigoso, por incrível que pareça, nem é aquele que promete "varrer Israel do mapa" — ou o que trata divergências a bala, o que mata homossexuais, o que persegue mulheres, o que conduz um programa nuclear secreto… O Ahmadinejad mais perigoso é o que fala no post anterior; é o que fala mais manso. Porque esse discurso mais suave esconde o negador do holocausto, o anti-semita delirante, o aniquilador potencial de um país, o cão raivoso que criminaliza a diferença.

O Ahmadinejad mais perigoso é o que disfarça sua delinqüência belicista com palavras de aparente racionalidade, prontas a convencer ignorantes, a ganhar a adesão de desinformados, a receber o apoio daqueles que não percebem suas malévolas intenções sub-reptícias.
Nem o cumprimento de sua parte na conversa com o Brasil — a defesa de que o país tenha assento permanente no Conselho de Segurança da ONU — escapa a seu pensamento insidioso, às idéias travessas e perigosas que povoam aquele cérebro tumultuado. Ou como ler a afirmação de que as guerras nos últimos 60 anos tiveram a "intervenção" dos países que integram o Conselho de Segurança? Peguemos a maior de todas elas, a Segunda, e consideremos os cinco países que integram o CS: EUA, Rússia, Reino Unido, França e China. Pode-se condenar a pusilanimidade de governos em cada um desses países em face daquele conflito, mas foram eles os promotores do desastre? Sem o que ele chama de "intervenção", qual teria sido o nosso destino?

Observem que ele continua a negar o direito de Israel existir, fazendo tabula rasa da história do Oriente Médio, como se a fundação de Israel, em 1948, tivesse obstado, em sua própria natureza, a criação do estado palestino. Os árabes que se mobilizaram em face da nova situação o fizeram para construir um novo estado ou para impedir o que estava sendo criado?

Ahmadinejad mente de maneira miserável quando afirma que dezenas de soluções foram apresentadas, todas rejeitadas. Está acusando Israel de intransigência. A verdade está justamente no contrário. Basta lembrar que Ehud Barack, então primeiro-ministro de Israel, ofereceu, em julho de 2000, quase tudo o que Yasser Arafat reivindicava: um estado palestino em Gaza e na quase totalidade da Cisjordânia, com a capital em Jerusalém Oriental. Arafat deu sinais de que aceitaria o acordo, mas decidiu romper as conversações unilateralmente. Por quê? Ora, o que teria sido dele — e daqueles que o sucederam — sem uma "causa" não é mesmo? Causa que, diga-se, fez de Arafat um dos homens mais ricos do planeta.

A delinqüência continua quando ele diz que os palestinos não podem pagar pelos "60 milhões de mortos da Segunda Guerra… Por vias tortas, nega o Holocausto de novo. Sem dúvida, os seis milhões de mortos que ele não reconhece integram os 60 milhões. Ao opor uma grandeza à outra, tenta retirar a especificidade da brutalidade nazista. Os que pereceram nos campos de concentração ou foram eliminados nas ruas não estavam em guerra com ninguém, não integravam um exército regular, nem mesmo estavam — porque, na maioria das vezes, não houve tempo para isso — numa força de resistência. Homens, mulheres, velhos, crianças… Morreram porque eram judeus. Só por isso. E outros porque eram ciganos, porque eram gays, porque eram considerados incapazes segundo os critérios de competência do nazismo.

O banditismo moral de Ahmadinjead é tal, que ele fala em 60 milhões de mortos para poder, assim, negar 6 milhões de mortos. Por que esse discurso é mais perigoso? Porque ele dificulta a reação.
Um dia, um vagabundo desta espécie irá para a lata de lixo da história, em companhia daqueles que o promoveram. "Lata de lixo da história" já é clichê como destino final das excrescências humanas. Mas essa gente não merece nada melhor do que isso.

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Eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força jamais o resgata.
Magal
http://twitter.com/magal

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