
Zélia Duncan, Maria Rita, Gal e Elba regravam canções de judeus no CD 'Nego'
Difundidas em todo o mundo, pérolas da canção norte-americana como ‘Ol’ Man River’, ‘Summertime’ e ‘Over the Rainbow’ têm em comum o fato de terem sido compostas por autores judeus. Nas lojas esta semana, pela gravadora Biscoito Fino, o CD ‘Nego’ inventaria parte da contribuição judaica à música através de 14 versões em português desses clássicos. O time de intérpretes convidados inclui Zélia Duncan, Maria Rita, Gal Costa, Elba Ramalho, Erasmo Carlos e Seu Jorge, entre outros nomes.
Versões com poesia
Todas as 14 versões e regravações são inéditas. Carlos Rennó — produtor do disco ao lado de Jaques Morelenbaum e Moogie Canazio — conseguiu fazer letras em português que são fiéis ao sentido e à poesia das músicas originais. O problema é que nem todas as versões soam sedutoras quando encaixadas dentro da métrica da canção. ‘Sábio Rio’ (Ol’ Man River’), para citar um exemplo, perde força, mesmo cantada por João Bosco.
Em contrapartida, há versões que funcionam, em especial ‘Meu Romance’ (‘My Romance’) — ouvida na voz cristalina de Gal Costa — e ‘Encantada’ (‘Bewitched, Bothered and Bewildered’), faixa valorizada pela técnica irretocável de Maria Rita. Já ‘Mais Além do Arco-Íris’ (‘Over the Rainbow’) ganhou a voz segura de Zélia Duncan.
O CD ‘Nego’ ganhou tal título porque, além do legado judaico, enfatiza também a influência da música negra na produção de compositores como Irving Berlim, Jerome Kern, Richard Rodgers, Lorenz Hart, Harold Arlen e a dupla George & Ira Gershwin. Até por isso, as versões ganharam sotaque brasileiro. Erasmo Carlos dá tom bossa-novista a ‘Verão’ (‘Summertime’). A faixa-título, versão de ‘Lover’ cantada por Paula Morelenbaum, exibe a batida do samba.
Lançamento
No dia 31 de agosto, o Centro da Cultura Judaica fez o show de lançamento do CD Nego. Com versões escritas pelo letrista, produtor e jornalista Carlos Rennó e arranjos assinados pelo maestro, produtor e violoncelista Jaques Morelenbaum, Nego traz uma série de releituras de grandes clássicos do jazz norte-americano compostos originalmente por autores judeus.
Essa iniciativa do Centro da Cultura Judaica tornou possível reunir num mesmo album artistas como Carlinhos Brown, Dominguinhos, Elba Ramalho, Emílio Santiago, Erasmo Carlos, Gal Costa, João Bosco, João Donato, Luciana Souza, Maria Rita, Moreno Veloso, Ná Ozzetti, Olivia Hime, Paula Morelenbaum, Seu Jorge, Wilson Simoninha e Zélia Duncan, que dão novas vozes a músicas que marcaram a história, como “Strange Fruit”, “Ol’ Man River”, “Summertime” e “How Deep Is the Ocean”, entre muitas outras. O projeto é uma consequência natural da missão do CCJ, que é estabelecer vínculos sólidos entre a comunidade judaica e a sociedade brasileira.