
Resultado oficial aponta vitória da aliança governista; grupo xiita afirma que sua milícia não abandonará armas
BEIRUTE - O grupo xiita libanês Hezbollah reconheceu nesta segunda-feira, 8, sua derrota no pleito parlamentar libanês realizado no fim de semana e pediu cooperação a seus rivais, as Forças pró-ocidentais. Porém, o movimento advertiu que o desarme da sua milícia é um tema "que não será negociado". Os resultados oficiais divulgados nesta segunda confirmaram a vitória da coalizão apoiada pelos EUA. Em entrevista coletiva, o ministro do Interior Ziad Baroud afirmou que a coalizão governista 14 de Março, composta por sunitas e facções cristãs, ganhou a maioria das 128 cadeiras do Parlamento.
De acordo com o boletim final da votação, o bloco pró-Ocidente obteve 68 das 128 cadeiras em disputa nas eleições de domingo e reterá a maioria no Parlamento. A aliança liderada pelo Hezbollah conquistou 57 cadeiras. Candidatos independentes obtiveram três assentos.
"As Forças do 14 de Março, apoiadas pelo Ocidente preservam sua maioria, enquanto a oposição continua sendo uma oposição", afirma a site da televisão Al-Manar, porta-voz do Hezbollah. "A maioria tem que compreender que a 'resistência' é um tema que não se negocia, que suas armas são legítimas e que deve-se considerar Israel como um inimigo", afirmou à AFP o deputado Mohamad Raad.
A votação terminou às 19 horas horário local (13 horas, horário de Brasília). Cerca de 3 milhões de eleitores estavam aptos a votar, mas o comparecimento ficou em 52% de votantes, um aumento de 20% em comparação às eleições de 2005, de acordo com o ministro do Interior, Ziad Baroud. O governo colocou em torno de 50 mil soldados e policiais pelo país para prevenir violência, mas não houve maiores incidentes. Mesmo com uma vitória do 14 de Março, analistas acreditam que haverá a formação de um governo de união nacional que agregasse as principais forças políticas da oposição.
Antes do início da votação, o governo americano indicou que a relação com o Líbano poderia se alterar, caso o Hezbollah, considerado grupo terrorista pelos EUA, fizesse parte da coalizão vencedora. Em entrevista aos principais jornais libaneses, o subsecretário de Estado e ex-embaixador em Beirute Jeffrey Feltman, defendeu abertamente a coalizão 14 de Março. A Síria, que apoiava a coalizão opositora, preferiu não se pronunciar oficialmente sobre o resultado. Principal aliado do Hezbollah, o Irã - que realiza eleições na sexta-feira - também não se manifestou ontem. Segundo analistas, o resultado das urnas de Beirute poderia influenciar a disputa presidencial em Teerã, em que o atual presidente, Mahmoud Ahmadinejad, que apoia o Hezbollah, tenta se reeleger.