
Por: Rubem R. Serruya z'l
A família de Rubem R. Serruya z’l, de Belém, tinha um misterioso problema todo Pessach. A solução foi dada pelo sábio Israel Abuchatsíra z’t’l’, o “Baba Sali”, um dos maiores cabalistas da última geração, que faleceu em Israel e a quem se atribuem muitos milagres. Assim nos contou Rubem sobre o Mistério de Pessach.- Eu estava em Israel em 1981 e vínhamos passando por um ano complicado por doenças na família.
Meu irmão, Elias, tinha tido um enfarte aos 26 anos de idade, na noite do primeiro Seder de Pessach. Meu pai havia falecido numa primeira noite de Pessach, por problemas cardíacos. Vários parentes próximos eram habitualmente acometidos por doenças no período de Pessach. Quando se aproximava a Páscoa, nós já ficávamos temerosos...
O fato mais recente sensibilizou o meu irmão, Rabino Abraham Serruya, que me telefonou de Buenos Aires para me pedir que fosse à cidade de Netivot, próximo de Beer-Sheva, para consultar aquele sábio.Pelo tamanho da fila de espera, percebi que se tratava de uma pessoa muito especial – o que constatei quase três horas depois, quando chegou a minha vez de ser atendido. Baba Sali estava velhinho, cego e um pouco surdo.
Usava talit que cobria a sua cabeça, deixando aparecer só o rosto.Logo que entrei e ia começar a falar, ele disse alguma coisa em árabe e o tradutor dele me explicou: “o seu problema se resolve assim: faça uma tsedacá (caridade) lá fora; leve uma daquelas garrafas com água, para misturar um pouco dela à água de todos os familiares e reúnam-se, todos os anos antes de Pessach para ler esse estudo que vou lhe dar”.
O ajudante apanhou, numa estante repleta de livros e cópias xerox diversas, um estudo cabalístico sobre a noite de Pessach e entregou-me, despedindo-me imediatamente e mandando entrar o próximo.Não gostei da rapidez como que fui atendido sem ter sido ouvido, depois de uma viagem tão longa e de tanta espera. Resolvi entrar novamente na fila. Eu queria expor o problema da minha família...
Para minha surpresa, quando entrei novamente na sala, sem que ninguém dissesse nada, o Rabino gritou algo em árabe. O tradutor riu e me disse: “ele quer saber porque você voltou, se ele já lhe deu a solução do seu problema”. Expliquei que eu queria contar tudo e saber a razão daquele mal. E o tradutor me disse: “você não precisa falar nada.
Ele tem “ruach hakodesh” (uma alma sagrada, com dons especiais) e ele já sabe de tudo. Então o sábio falou: “o problema de vocês teve origem no Egito, antes do êxodo. Houve uma ‘guezerá’ (um mal decreto) sobre a família de vocês, que agora vai ser desfeito, fazendo o que ensinei. Vai e faz”. Só aí fiquei satisfeito, agradeci e fui embora.
Fizemos o que foi mandado e, conforme o Rabino Abuchatsíra previu, daquele ano em diante, Baruch Hashem, nunca mais ocorreu nenhum problema de saúde a nenhum familiar nosso, na época de Pessach.Publicado originalmente no jornal Amazônia Judaica n° 1.