
Os 61 anos do Estado de Israel
11/02/09

Nahum Sirotsky, de Tel Aviv
Israel entrou em seus 61 anos de existência. Em 1947, sob a presidência do político e diplomata brasileiro, Oswaldo Aranha, a Segunda Assembléia das Nações Unidas aprovou o plano da partilha do que sobrara da Palestina em um segmento judeu e outro árabe depois de área destacada para a implantação do principado da Transjordania. O mundo árabe rejeitou a hipótese de criação de um Estado Judeu. Há décadas chocavam-se guerrilhas árabes e judias. Tornaram-se mais violentas tas. Nasceu a questão de refugiados. Os jordanianos ocuparam a parte murada de Jerusalém, o lado ocidental do Jordão.

Em maio de 1948, o líder dos cerca de 500 mil judeus, Ben Gurion, decidiu que era a oportunidade de proclamar a independência do Estado Judeu, Israel, cuja existência foi imediatamente reconhecida pelos Estados Unidos e União Soviética. O secretário de Estado americano, general Marshall, opusera-se à decisão do presidente norte-americano, Harry Truman, prevendo derrota e massacre dos judeus por provável invasão de tropas árabes. Houve invasão por forças egípcias, jordanianas, sírias, iraquianas, sauditas, libanesas. Contrariando previsões, foram derrotadas. Foi a primeira das guerras do novo estado defendendo sua existência. Resultaram em mais refugiados árabes.

Houve um armistício negociado por diplomata a serviço das Nações Unidas. Pouco depois começaram operações de guerrilhas árabes, os mujahadins.


Dez anos depois, período sempre agitado por ações de guerrilhas árabes e da mais intensa atividade dos judeus de construção de seu país, nova crise. O mundo árabe não se conforma com a existência do Estado Judeu. O Egito, entre outras iniciativas, fecha a passagem de Israel para o Mar Vermelho e pede a retirada da tropa internacional. Nova guerra que ficou conhecida como a Guerra dos Seis Dias de Junho. Israel novamente sai vitorioso e conquista Jerusalém além de outros territórios árabes.

Logo recomeçariam ações árabe-palestina de resistência com recursos das táticas terroristas, raptos de aviões e se destaca a liderança de Yasser Arafat sobre os palestinos. Do cessar-fogo chega-se a intranqüilidade. Os israelenses dominavam o Sinai e margem do Canal de Suez, Jerusalém, Cisjordânia. E em Jerusalém, na Colina do Templo, ficam as mesquitas de al Aksa, o terceiro lugar mais sagrado para os muçulmanos, vindo logo após Meca e Medina, na Arábia Saudita.
Tradição muçulmana diz que Maomé ascendeu a Alá, Deus, do local da mesquita e voltou com os primeiros capítulos do Corão, o Livro Sagrado do Islã, o Último Testamento segundo os muçulmanos. É inaceitável. No dia do Julgamento, Iom Kipur, quando por lei religiosa todas as atividades são proibidas, a tropa egípcia atravessa o Suez e pega os israelenses de surpresa. É a Guerra de Iom Kipur, de 1973, que termina num armistício promovido por Kissinger, dos Estados Unidos.

Posteriormente seguiram-se entrada de Israel no Líbano em guerra civil sob a justificação de evitar massacre dos libaneses cristãos pelos muçulmanos. Operação de maus resultados. No Líbano veteranos da guerra do Afeganistão Cintra os soviéticos se organizaram como Hezballah, Partido de Deus. Em Israel duas Intifadas, revoltas palestinas, criaram pânico com suas ações de homens-suicidas. Na fronteira com o Líbano operação e rapto de soldados israelenses escalou em guerra que foi suspensa por decisão do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Na área palestina eleições dão maioria parlamentar à Frente Islâmica de Resistência, Hamas, que se desentende com o Movimento de Libertação Palestina, Fatah, ao qual se entregara o governo de Gaza. O Hamas não reconhece o direito de Israel a existir. Domina Gaza donde passa a bombardear o sul israelense. E daí se chegou à operação militar de Israel contra o Hamas em Gaza com pesadas perdas humanas do lado palestino.
O momento é de dilema. Ou Israel aceita condições propostas pelos árabes de se retirar da parte velha de Jerusalém e outros territórios que ocupa desde as últimas guerras ou do estado de não paz poderá resultar novos e mais violentos choques. E existe a probabilidade do Irã, país muçulmano não árabe, chegar a potência atômica, grande ameaça a Israel, cuja ex existência considera que conspurca o Oriente Médio, quase que totalmente muçulmano.
Dos 500 mil judeus de 1948, Israel chegou a uma população de sete milhões dos quais cerca de 20% muçulmanos. E não há sinais de vir a gozar de paz num futuro visível.
Nahum Sirotsky é correspondente de Zero Hora no Oriente Médio e colunista do portal "Último Segundo".
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