
Líder da direita terá seis semanas para negociar coalizão e se tornar premiê; Livni descarta união nacional
JERUSALÉM - O presidente de Israel, Shimon Peres, escolheu o líder conservador Benjamin Netanyahu para formar o novo gabinete e se tornar o primeiro-ministro do país. Com o anúncio, Netanyahu tem agora um mês e meio para selar acordos políticos e formar uma coalizão com maioria no Parlamento. Nos primeiros comentários após o anúncio, Netanyahu afirmou que desejava formar um governo de união nacional com o centrista Kadima, de Tzipi Livni, e com a esquerda do Partido Trabalhista, do atual ministro da Defesa Ehud Barak. Porém, Livni já afirmou que seu partido ocupará a oposição.
Peres fracassou na tentativa de convencer Netanyahu, chefe do partido de direita Likud, e a líder do Kadima, Livni, a formar um governo de união nacional dirigido pelo líder conservador. Qualificando o gabinete previsto por Netanyahu como um "governo sem visão política", Livni afirmou que seu partido passará para a oposição, já que "tal governo não tem nenhum valor" e que o Kadima "quer uma solução de paz baseada em dois Estados", um palestino e outro israelense, acusando o futuro governo de Netanyahu, formado com o apoio da extrema direita, de se opor à proposta. "Existe uma coalizão baseada em uma visão política", "a coalizão existente não me permitirá exercer o caminho do Kadima".
Durante a reunião, o dirigente do Likud transmitiu a Peres que está disposto a impulsionar a negociação para formar um governo de união nacional. Após o anúncio oficial, Netanyahu afirmou querer se unir com Kadima e os trabalhistas, de esquerda. "Eu chamo a líder do Kadima, Tzipi Livni, e o líder do Partido Trabalhista, Ehud Barak, e digo a eles: vamos nos unir para assegurar o futuro do Estado de Israel. Eu peço para encontrá-los para discutir com um amplo governo de união nacional para o bem do povo e do Estado", disse Netanyahu. No pleito, o Kadima que obteve mais cadeiras, 28, uma a mais que o Likud, que, no entanto, conta com mais apoio devido ao aumento do número de deputados no bloco de direita.
Após a indicação, Netanyahu afirmou ainda que o Irã é o maior dos desafios que Israel enfrentará. "Israel atravessa um período crucial e deve enfrentar os desafios colossais. O Irã busca uma arma nuclear e constitui a ameaça mais grave para a nossa existência desde a guerra da independência" de 1948.
A chanceler Tzipi Livni, líder do Kadima, disse na quinta em entrevista ao jornal Haaretz que não se juntará a um governo liderado por Netanyahu que inclua partidos religiosos como o Shas, que se oporiam a negociações com os palestinos. Mas ela disse que estaria disposta a considerar uma coalizão formada por Likud, Kadima e Israel Beiteinu, partido ultranacionalista que acabou em terceiro lugar nas eleições parlamentares e anunciou o apoio a Netanyahu, embora o líder do partido, Avigdor Lieberman, tenha defendido a formação de uma ampla coalizão, que inclua o Kadima, mas com Bibi como premiê.
Esta é a primeira vez, em 60 anos de história israelense, que o líder do partido mais votado não é chamado a comandar o governo. Durante consultas com Peres na quinta-feira, cerca de 65 deputados, inclusive 15 do Yisrael Beitenu, recomendaram que Netanyahu seja indicado como primeiro-ministro.
Netanyahu já foi primeiro-ministro entre 1996 e 99, período em que a cidade de Hebron (Cisjordânia) foi parcialmente entregue aos palestinos.