Duas declarações me chamaram a atenção neste último mês que passou, ambas relacionadas à candidata Tzipi Livni do partido Kadima:
Para o secretário de relações exteriores britânico David Miliband: Ministério das Relações Exteriores de Israel: Clique e leia o original "Enquanto nós estamos conversando aqui, cidadãos israelenses estão sendo atacados pelo Hamas. Israel não pode apenas sentar e observar quando seus cidadãos são atacados. Nós esperamos que a comunidade internacional apóie Israel quando este defende seus cidadãos." Verdade? Cidadãos israelenses estão sendo atacados com foguetes Kassam pelo Hamas? E desde quando isso vem a ser alguma novidade Vossa Excelência Tzipi Livni? Desde que Israel se retirou de Gaza em agosto de 2005, a população de Sderot vem sendo permanentemente atacada com mísseis Kassam, sem que o governo tomasse qualquer ação efetiva que viesse a acabar com tal agressão. Aliás, vamos lembrar como aconteceu a retirada à força dos israelenses da Faixa de Gaza. Ocorreu por decisão do então Primeiro-Ministro Ariel Sharon, que com o princípio de não se retirar de Gaza e Judéia e Samária venceu as eleições. Porém, depois que chegou ao poder, a história foi completamente outra. Estou tentando me lembrar quando um chefe de Estado foi eleito e acabou criando um novo partido na sua própria gestão, pelo fato de sua própria ideologia que começou a vigorar na época divergir daquela do partido pelo qual foi eleito pelo povo. A mensagem que o partido Kadima trouxe aos eleitores do Likud foi a seguinte: "Obrigado pelos votos, confiando em nós que, quando eleitos, defenderíamos a não entrega de qualquer território aos árabes palestinos, porém, mudamos de opinião no meio do jogo." Eu não estou discutindo se a política israelenese com relação aos palestinos é boa ou ruim, mas sim deixar bem claro a traição ocorrida por parte dos políticos do partido Kadima com seu eleitorado. No judaísmo há o famoso ditado de Hillel: "Se eu não for por mim, quem será ?". Ora, se o próprio governo de Israel não se importa com os habitantes de Sderot, prova é que durante mais de três anos pouco fez para evitar os ataques com mísseis Kassam, por que deveríamos esperar algo diferente da comunidade internacional? A primeira mensagem que Israel dá ao não reagir é: "nosso inimigo deve ter razão para não fazermos nada de significante como retaliação".
Jornal Aurora: Ler a segunda declaração no original. Outra declaração de Tzipi com relação aos ataques foi: "Existem momentos que Israel deve dizer basta". Infelizmente não foi a primeira nem a última vez que escutaremos isso dos políticos israelenses. Barak, em 2000, logo após o início da Intifada, ameaçou Arafat com um ultimatum, onde este teria 48 horas para acabar com a onda de violência caso contrário Israel retaliaria. Primeiro comentário: em um mundo com telefone, internet, rádio, televisão, para que alguém precisa de 48 horas para mandar seus subordinados pararem com os ataques ? O próprio Barak demonstrou fraqueza ao dizer que Israel poderia continuar 48 horas sendo atacado sem reagir. Ou seja, se realmente os árabes palestinos parassem com os ataques após 48 horas, tudo ficaria por isso mesmo. Outra pergunta que eu faria à ministra: "Realmente, há momentos em que Israel deve dar um basta, agora por favor me explique, por que este basta veio apenas após milhares de foguetes e mais de três anos de ataques incessantes ?" Após três anos descobriram que essa tal de Sderot fica dentro de Israel e possui cidadãos israelenses residindo lá ? Outro absurdo cometido pelo partido Kadima, atualmente no governo, liderado por Tzipi, é o envio de alimentos, remédios, combustível, etc. para a Faixa de Gaza. Ora, não era este o povo árabe palestino que tanto insistiu para que Israel saísse de Gaza, que tanto citou a "ocupação" como o obstáculo maior para a criação de um Estado Palestino? Pois se querem um Estado, por que ficam reivindicando para que Israel envie todo tipo de produtos de primeira necessidade para eles? Isso não é "ocupação" também? O governo de Israel deveria criar vergonha e dar um basta neste vexatório comportamento de alimentar, sanar e fornecer combustível para aqueles mesmos que tentam nos matar diariamente. Por que os árabes palestinos não utilizam o Karine-A para trazer alimentos? Por que os árabes palestinos não utilizam os incontáveis túneis entre Gaza e o Egito para trazer remédios? Qual árabe palestino teria agora coragem de dizer não à "ocupação" israelense, recusando eletricidade, telefonia, alimentos, remédios e combustível para a Faixa de Gaza? Se querem um Estado, tratem de criar um sozinho, e não ficar dependendo do vizinho a quem hostilizam o tempo inteiro. Israel ingenuamente - para não dizer ridiculamente - aceita tudo. É como se dissessem: "levem os irmãos de vocês embora daqui, mas por favor, não esqueçam de continuar nos suprindo com todo o tipo de necessidade". Porém, após milhares de foguetes mesmo com a saída de Gaza, há aqueles que acreditam na paz com as fronteiras pré-1967. Se alguém acha que o problema é territorial, veja a "paz" que havia entre 1948 e 1967. Clique e leia dados do Ministério das Relações Exteriores de Israel sobre o terrorismo Enfim, um partido que foi criado traindo o seu eleitorado originalmente likudista, cuja líder atual após três anos percebeu que Israel está sendo atacada e, para completar, que se preocupa mais com o que a comunidade internacional vai falar do que com as próprias vidas dos habitantes de seu país, principalmente de Sderot. É o risco que Israel corre elegendo pessoas assim.
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