ITZCHAK RABIN z"l
o soldado da Paz
1922-1995
O presidente israelense, Shimon Peres; a ministra de Relações Exteriores, Tzipi Livni, e o titular da Defesa, Ehud Barak, lembraram no dia 08 de novembro, o 13º aniversário do assassinato do primeiro-ministro Yitzhak Rabin. Como já é tradição, milhares de pessoas se reuniram na "Praça Rabin", de Tel-Aviv, para participar da cerimônia. Os discursos foram intercalados por apresentações musicais de cantores populares e grupos israelenses. O presidente de Israel, que concluiu o ato com lágrimas nos olhos, pediu aos presentes que continuem lembrando a figura do político ano após ano para manter viva a democracia em Israel.
Yitzhak Rabin foi trabalhar no gabinete de Golda Meir como ministro de trabalho, em março de 1974 e após a renúncia de Meir, em maio, Rabin assumiu como primeiro-ministro.
Renunciou ao cargo em 1977. Atuou como ministro de defesa (1984–1990) no governo de coalizão Trabalhista-Likud. Rabin reassumiu a liderança do Partido Trabalhista em 1992, tornando-se primeiro-ministro e ministro da defesa. Teve papel importante nas negociações de paz entre Israel e seus vizinhos árabes e, em 1993, endossou um acordo histórico de paz com a Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
Foi assassinado em 4 de novembro de 1995, por um estudante de direito Israelense ligado a grupos extremistas de direita.
Amir era ortodoxo e se opunha à retirada de Israel da Cisjordânia.
Yitzhak Rabin recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1994, juntamente com Shimon Peres e Yasser Arafat, por seus esforços pela paz no Oriente Médio.
Abaixo o último discurso de Rabin.
'SIM À PAZ, NÃO À VIOLÊNCIA'
[ Itzchak Rabin - Tel Aviv 04/11/1995 ]
' Permitam-me dizer que estou profundamente emocionado. Eu gostaria de saudar cada um de vocês, que aqui vieram nesta noite para se manifestar contra a violência e pela paz. Este governo, que eu tenho o privilégio de chefiar, com meu amigo Shimon Peres, tomou a decisão de dar uma chance à paz - uma paz que solucionará a maior parte dos problemas de Israel.
Por 27 anos, tenho sido um soldado. Enquanto não havia nenhuma chance para a paz, eu combati. Eu creio que, hoje, existe uma chance para a paz, uma grande chance. Nós devemos aproveitá-la, por todos aqueles que aqui estão presentes, e por todos que estão ausentes, e eles são numerosos.
Sempre achei que a maioria do povo desejaria a paz e estaria pronta a assumir os riscos por ela. Ao vir aqui esta noite, vocês mostram, junto com muitos outros que não vieram, que o povo deseja sinceramente a paz e se opõe à violência. A violência ataca a base da democracia israelense. Ela deve ser condenada e isolada. Ela não é parte do Estado de Israel. Em uma democracia, podem existir diferenças, mas a decisão final é feita através de eleições democráticas, como aquelas de 1992, onde recebemos um mandato para fazer o que estamos fazendo, e para continuar nesta direção.
Eu gostaria de dizer que estou feliz pelo fato de representantes de países com os quais vivemos em paz estarem presentes conosco nesta noite, e continuarão a estar. O Egito, a Jordânia e o Marrocos, que nos abriram o caminho para a paz. Eu gostaria de saudar o senhor Presidente do Egito, o Rei da Jordânia e o Rei do Marrocos, aqui representados nesta noite, por terem sido parceiros na nossa estrada para a paz.
Mas, mais que qualquer outra coisa, após pouco mais de três anos deste governo, o povo israelense tem provado que é possível fazer a paz, que a paz abre as portas a uma economia e a uma sociedade melhores, que a paz não é apenas uma prioridade. A paz está entre nossas prioridades, mas ela constitui também a aspiração do povo judeu, uma aspiração sincera à paz.
A paz tem seus inimigos que tentam nos atacar, para atropelar o processo de paz. Eu gostaria de dizer sem titubeios que nós temos encontrado entre os palestinos também um parceiro para a paz. A OLP, que era nossa inimiga, e que parou de se envolver com o terrorismo. Sem parceiros para a paz, ela não pode existir. Nós iremos exigir que eles cumpram a sua parte do trabalho, como nós cumpriremos a nossa, pela paz, para que resolvamos o aspecto mais complexo do conflito árabe-israelense, o mais longo, e o mais carregado de emoções: o conflito israelense-palestino.
Ele se agita num percurso pleno de dificuldades e de dor. Para Israel, não há caminho que não seja dolorido. Mas a via da paz é preferível àquela da guerra. Eu lhes digo isso, enquanto velho soldado, enquanto Ministro da Defesa que conhece a dor das famílias dos soldados. Por eles, por nossos filhos, e no meu caso, por meus netos, eu desejo que esse governo explore cada abertura, cada ocasião, de promover e alcançar uma paz total. Mesmo com a Síria, a paz será possível.
Esta manifestação deve enviar uma mensagem ao povo israelense, ao povo judeu em todo o mundo, ao mundo árabe, e ao mundo inteiro: o povo israelense deseja a paz, sustenta a paz. Por tudo isso, eu os saúdo. '
(*) Estas palavras foram pronunciadas pelo então primeiro-ministro de Israel para uma multidão de pacifistas israelenses, poucos minutos antes de ser covardemente assassinado em 04 de novembro de 1995.