Uma Guerra de Símbolos |
Por: Michael Freund - Tradução: David Salgado |
Um novo dia, um novo desafio. Devido, talvez, por todas as negociações de paz, os palestinos parecem estar muito ocupados nos últimos dias, buscando formas de diminuir, minar e inclusive insultar a soberania israelense. No último 18 de fevereiro, a rádio israelense reportou que a autoridade palestina de Mahmud Abbas, tem escolhido desafiar a lei, que o proíbe operar desde Jerusalém, no momento em que reinaugurou a "Casa Oriente". A centenária estrutura, que faz uma década vem tentando modelar as tentativas de nossos vizinhos de ingressar a nível político na capital de Israel, foi fechada pela polícia no ano de 2001, logo após ter sido comprovado que o local converteu-se na raiz das atividades ilícitas palestinas. Mas agora, a "Casa Oriente" parece que está começando novamente a servir como lugar oficial para o funcionamento de atividades palestinas, tais como reuniões diplomáticas. Como o seu site na web indica: "a Casa Oriente aspira desenvolver o Leste Árabe de Jerusalém para ser a capital emergente do estado Palestino". Isto, nada mais é do que uma escancarada bofetada na cara do governo israelense que recentemente, reafirmou a proibição do desenvolvimento de atividades da OLP em Jerusalém, fato que os palestinos mesmos aceitaram nos Acordos de Oslo. Mais ainda, é uma bofetada na cara do povo de Israel, que em sua grande maioria é contra a divisão da Cidade Santa de Jerusalém. E essa é precisamente a razão pela qual os palestinos estão atuando assim. Eles sabem perfeitamente o poder que têm os símbolos para influenciar, e inclusive alterar a realidade. De fato, durante anos os nossos inimigos tem estado concentrados metodologicamente nos ícones israelenses, fazendo o máximo para derrubá-los – literalmente e figurativamente – como forma de avançar em seu objetivo. Tomemos por exemplo, a tumba de Iosef em Schem (Nablus), o lugar aonde descansa a figura bíblica a qual é reverenciada na tradição judaica e chamada "Iosef haTzadik - Iosef o Justo". Foi à cerca de oito anos que uma multidão palestina invadiu a tumba, saqueou e incendiou o lugar. Apesar de repetidas promessas, ao longo dos anos de restaurá-lo, os palestinos continuam profanando-o deixando o lugar uma imundície e como se não bastasse, periodicamente o incendeiam. Em janeiro, dezenas de membros do Knesset provenientes de diversos partidos políticos escreveram uma carta em conjunto ao Primeiro Ministro Ehud Olmert exigindo que a tumba de Iosef seja reparada. "A tumba de Iosef foi completamente destruída, e o lugar sagrado profanado de forma brutal, algo que não se viu nunca em Israel nem em nenhuma parte do mundo", escreveram. O Primeiro Ministro formalmente comunicou o pedido aos palestinos e sua resposta não tardou a chegar: "a pouco tempo, segundo informações, banalizaram a tumba e a incendiaram novamente". Não é possível que esse tipo de profanação ocorra e fiquemos calados. Seria um grande erro por parte de Israel ignorar as constantes tentativas dos palestinos de atacar os símbolos nacionais e coletivos da herança do povo judeu e do estado de Israel. Entretanto, isso parece não incomodar muito aos nossos líderes que continuam indiferentes ao fato. Um atrás do outro, escolhem ignorar os violentos ataques, o que aparentemente impulsiona a realização de novos ataques. Até agora, também, o governo só tem observado como as escavações no Monte do Templo controladas pelos palestinos, a plena luz do dia, destroem preciosas relíquias religiosas e arqueológicas judaicas. Outros semelhante exemplos são encontrados. No último mês de dezembro, os palestinos profanaram as tumbas dos personagens bíblicos Yehoshua, seu pai Nún, e de Caleb Ben Yefuneh, que se encontram no povoado samaritano de Kifel Harres, próximo de Ariel. Nestas tumbas, visitadas por peregrinos judeus durante séculos, foram pintadas caras de animais e faces humanas e servem ainda de lixeira, uma verdadeira imundície. Os vândalos também pintaram símbolos nazistas e temas anti-semitas nesses lugares sagrados. No entanto, este vergonhoso ato também passou desapercebido. É hora de Israel parar de virar o rosto quando os palestinos atacam tudo o que nos é sagrado e precioso. Se for uma guerra de símbolos o que querem, então Israel não deve ter dúvida em responder. Um bom lugar para começar seria a demolição da "Casa Oriente" em Jerusalém, arrasar o lugar, e fechá-lo de uma vez por todas. Similarmente, o Wakf Muçulmano deveria prestar contas do dano causado no Monte do Templo, lugar do antigo Templo judaico. Caso não coopere, sua autoridade deveria ser destituída. Nós, simplesmente, não podemos nos dar o luxo de permitir que palestinos continuem nos cuspindo na cara e dizendo que é chuva. Nossos inimigos compreendem a importância dos símbolos. Eles entendem que apesar do termo, os símbolos não são somente alegorias, mas possuem um grande valor. A pergunta é, quando vamos nos mexer? |
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O Sentido do Sacrifício |
Por: Rabino Eliahu Birnbaum - Tradução: David Salgado |
A Tora não dá detalhes nem maiores explicações da necessidade dos sacrifícios e por isso mesmo, são inúmeras as interpretações posteriores. Distintos investigadores e intérpretes judeus tentaram compreender qual o objetivo dos sacrifícios e por que a Torá ordenou fazê-los. Apesar do homem moderno está bem afastado real e espiritualmente dos sacrifícios, devemos estudar e compreender o significado deste preceito, que durante gerações ocupou uma importância central na vida do Povo de Israel. O primeiro sacrifício do qual temos conhecimento, é o de Caín e Abel. Quando ambos realizaram seu sacrifício, não estavam cumprindo com um mandamento, mas apenas obedecendo a uma necessidade interior: a de dirigir-se a um ser transcendental durante sua vida. Essa primeira vez não foi realizada para expiar um pecado, simbolizando que foi uma necessidade psicológica e religiosa do homem e não uma necessidade de Deus. Apesar dos primeiros sacrifícios realizados no mundo terem se baseado nesta necessidade natural e, portanto, quem os realizava o fazia da maneira que mais lhe parecia adequada, a Torá considerou necessário regulamentar a forma que se devem realizar os sacrifícios e assim guiar o homem em sua vida religiosa. Penso que o sacrifício está relacionado com três elementos: a entrega, a representação simbólica e a aproximação. O primeiro elemento em todo sacrifício é a entrega, quando o homem renuncia uma propriedade sua para entregá-la ao Criador. A Torá não diferencia entre os distintos tipos de entrega: "Um dá pouco e outro dá muito; o importante é que seu coração aspire ao Céu". Na realidade, o tipo de sacrifico não tem importância e sim o esforço que a pessoa faz para renunciar a uma parte de suas propriedades. Logo, às vezes, tem mais valor o pequeno sacrifício de um homem pobre e sua oferenda lhe é muito valiosa, que um grande sacrifício de um homem rico. As oferendas educavam o espírito e o coração do homem. O "korban" concedido a D-us requeria, principalmente, à vontade do homem. Não importa se sua oferenda era maior ou menor, mas se a intenção era pura ao trazê-la a Deus. O segundo enfoque que encontramos é a representação simbólica, já que o sacrifico representa uma oferenda pessoal, como se na realidade o executor fosse o sacrifício. O homem quando realiza uma oferenda, deve considerar que ele mesmo deveria estar subindo ao altar do sacrifício. Isso significa que o animal oferecido não é o que expia a culpa, mas sim o coração do homem que o oferece e sua decisão de não voltar a pecar. O efeito psicológico que se espera da cerimônia do sacrifício e o simbolismo relacionado com o mesmo, é despertar o arrependimento do pecador e sua conseqüente revisão moral e espiritual. O terceiro elemento, a aproximação, se expressa na execução do sacrifício como ato religioso, cujo propósito é a aproximação e a união com a Divindade. A religião se caracteriza pela aproximação com o objetivo religioso e não apenas pela fé. Em toda religião existe o aproximar-se e o afastar-se. D-us está próximo do homem se partimos do ponto de vista subjetivo e pessoal, e D-us está longe se o ponto de vista for prático e material. O objetivo do sacrifício é a criação de uma experiência religiosa, uma experiência de aproximação. A palavra hebraica para referir-se a uma oferenda ou a um sacrifício é "korban", que vem da raiz da palavra "karav", aproximar. Logo "korban" pode ser entendido como o que está próximo ou o que se aproxima. Com o "korban", se elevam os quatro elementos da natureza para D-us. A espécie animal que é o próprio sacrificado, a mineral que é o sal que acompanha o "korban", a vegetal que são as farinhas e o vinho ofertados a Deus junto com o animal e finalmente, a racional que é o próprio homem que traz o "korban". Tudo indicava a elevação, a aproximação dos elementos da criação Divina a Deus. O sacrifício é um símbolo da aproximação entre D-us e Israel. Simboliza também o reconhecimento de que D-us é o Senhor de todo o mundo e devemos agradar-Lhe por tudo o que possuímos. Uma das explicações mais conhecidas sobre a razão dos sacrifícios, está na representação da luta da torá contra o paganismo. Maimônides assegura que a Torá não mudou a maneira exterior do sacrifício, apenas modificou a atitude interior. Em vez de sacrifícios realizados perante vários deuses, eles são realizados a um D-us único, limitando-se também o lugar permitido para que se realizem tais oferendas, o Templo, anulando com isso, o paganismo e o costume de realizar sacrifícios em altares espalhados por todo o território. Desta maneira, o livro Vaikrá transforma radicalmente o rito pagão de sacrifícios de animais e utiliza-se deste ritual para enfrentar o ser humano com a violenta contradição existente entre seu apetite carnívoro e a designação de D-us de que a vida é sagrada. O sacrifício de animais, que no passado serviu para impulsionar magia, sadismo e gula se converte em um ritual de expiação cumprido por sacerdotes do Templo. É evidente que a opinião de Rambam despertou diversas reações entre distintos intérpretes que não concordaram com a opinião, que o único objetivo dos sacrifícios era a luta contra o paganismo, sem outro importante motivo. Os sacrifícios representam um problema moral para muitos judeus de nossa época. Atualmente, quando o homem procura aproximar-se mais e mais da natureza, e existem diversas organizações de defesa aos animais, surge a pergunta sobre a renovação dos sacrifícios, mas ainda não está claro como serão recebidas entre o povo. Apesar das dificuldades que possam surgir, é necessário destacar que os sacrifícios constituem um dos preceitos fundamentais da Torá e estão incluídos dentro das aspirações do povo judeu com respeito à redenção e ao Terceiro Templo. O Rav Kuk tinha a opinião que enquanto o povo judeu não retomasse a necessidade de renovar a cerimônia dos sacrifícios, estes não se tornariam uma realidade. Somente quando o povo compreenda a importância e a essência deste ato, o sacrifício voltará a ser um dos costumes do povo judeu, como foi na antiguidade. |
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Jovens Polacos Redescobrem suas Raízes Judaicas |
Por: Anshel Pfeffer |
Haaretz, 24 de Fevereiro 2008 LODZ - Antes de saber sobre suas raízes judaicas, Pinchas Zlotosvsky da Polônia era um skinhead com um intransigente desprezo pelos judeus. Foi o que disse este judeu ultra-ortodoxo ao jornal Haaretz no último fim de semana, durante a Conferência Anual da Shavei Israel para os "judeus escondidos", ocorrida na cidade de Lodz, Polônia. A transição na vida de Zlotosvsky ocorreu logo após sua mãe ter lhe dito que provinha de uma família judaica. "Seus pais", disse, "a mandaram a um monastério quando era pequena para que pudesse sobreviver ao holocausto". Pinchas ficou sabendo também, que todos os seus parentes foram assassinados. "Descobri que sou judeu de acordo com a lei judaica. Não pude olhar-me no espelho durante uma semana inteira quando deparei-me com esta realidade", ele lembra. Após ter-se recuperado dessa comoção, vem passando os últimos anos redescobrindo suas raízes judaicas. Por isso mesmo, vem se tornando uma pessoa ativa dentro da comunidade judaica. O retorno ao judaísmo de Zlotosvsky é o fato comum e dominante em muitos dos participantes da conferência, na qual foi restaurada o Conselho Rabínico da Polônia pela primeira vez desde 1930. Da cerimônia participaram o Rabino Chefe de Israel, Yona Metzger, e o Rabino Chefe da Polônia, Michael Schudrich. Oficialmente sabe-se que havia cerca de 3 milhões de judeus polacos antes da Segunda Guerra Mundial. Hoje em dia, os números oficiais falam em apenas 4000 judeus vivendo na Polônia, porém a realidade é que – pela halachá (lei judaica) – os números são provavelmente mais altos. A discrepância surge devido ao fato de que milhares de judeus que sobreviveram a guerra, preferem não revelar sua identidade judaica com receio de perseguições anti-semitas da população. De fato, existiram pogroms contra os judeus após a guerra, enquanto que as autoridades ignoram os linchamentos e assassinatos, e inclusive, algumas vezes, fizeram parte da matança de pessoas que lograram sobreviver à fúria nazista. Outra porção significativa da população judaica consiste de pessoas como a mãe de Pinchas Zlotosvsky, que foram enviados aos monastérios para serem criadas como cristãos. Apesar dos esforços realizados por organizações judaicas para localizar estas pessoas, nem todos foram encontrados e muitos permanecem cristãos. Uma das razões para tal, é que muitas das famílias adotivas preferiram não revelar a seus filhos a verdade acerca de sua origem. O anti-semitismo ainda prevalece na Polônia, conforme afirmam os rabinos de Lodz, Varsóvia, Cracóvia, Breslau e outras partes do país e que estiveram na conferência. Porém em paralelo, dizem haver uma nova aceitação do tema entre os judeus, especialmente nas grandes cidades. Esta atmosfera de abertura, dizem os rabinos, impulsiona a vários "judeus escondidos" a buscar suas raízes. A Organização de Michael Freund é verdadeiramente conhecida por seus esforços para localizar pessoas provenientes das 10 tribos perdidas espalhadas pelas remotas partes do mundo. A conferência, da qual participaram 150 polacos, homens e mulheres entre 18 e 40 anos, é parte dos esforços da organização para localizar "judeus escondidos" na Polônia. Michael Freund, presidente da Organização Shavei Israel, disse: "A vida judaica na Polônia vem se fortalece ultimamente à medida que muitos jovens polacos descobrem a ascendência judaica de sua família, que até agora, permanecera escondida por medo de perseguições nazistas e comunistas". |
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A História de Rahav |
Fonte: Revista Morashá - Edição 45 |
A história de Rahav, uma das mulheres mais lindas do mundo, está relatada no Livro de Josué. Após salvar os judeus do Egito e guiá-los durante os quarenta anos em que peregrinaram pelo deserto do Sinai, Moisés chega às margens do rio Jordão. Falece, aos 120 anos, após ter indicado o seu sucessor, Josué, filho de Nun, prestes a entrar na Terra Prometida. Homem simples, Josué era o fiel discípulo de Moisés. Sempre estivera a seu lado, em sua sombra, pronto para o ajudar. Josué nunca se colocara em evidência e, agora, D'us o escolhia para liderar os Filhos de Israel. Caberia a ele a tarefa de conquistar a Terra Prometida e distribuí-la entre as Doze Tribos. Josué sabe que, para conquistar a Terra Santa, deve primeiramente conquistar Jericó, cidade que o Talmud classifica como a "chave de Eretz Israel". Resolve, então, no maior sigilo, enviar dois espiões, Pinchas e Calev, a Jericó, para verificar as vias de acesso e as fortificações da cidade. Mas, sobretudo, para sentir o estado de espírito de seus habitantes. Os dois homens se dirigem à cidade protegida por sete muralhas. Conseguem infiltrar-se até chegar a essas, mas percebem a dificuldade em atravessá-las. É quando avistam uma casa situada junto aos muros da cidade, acima das fortificações, e para lá se dirigem. Era uma hospedaria e sua proprietária era uma mulher de rara beleza: Rahav. Pareceu-lhes que uma hospedaria seria o lugar perfeito para se esconderem, porque a entrada e saída de estranhos não despertavam atenção e por lá corriam as notícias de toda a cidade. Rahav era uma cortesã. O termo hebraico usado no Livro de Josué para defini-la é zoná, mas alguns de nossos sábios interpretam essa palavra deforma diferente. Como a palavra deriva do verbo zan, que significa "suprir de alimentos", afirmam que o termo indica que Rahav era a proprietária de um local onde se forneciam refeições, uma hospedaria. Nossos sábios relatam que Rahav era de uma beleza extraordinária e que seu albergue era freqüentado por monarcas e homens poderosos. Era, sem dúvida, a pessoa certa a quem procurar para se obter informações sobre o que reinava entre os habitantes da cidade. Era também uma mulher corajosa e seus atos denotavam grande bondade. Ao chegar na hospedaria, Pinchas e Calev pedem abrigo. Rahav os recebe, oferecendo-lhes comida e uma cama para descansar. Os dois, no entanto, já haviam sido identificados e sua vida corria perigo. Na época, o rei de Jericó possuía uma excelente rede de informações. Imediatamente chega a seus ouvidos que dois estrangeiros se encontram na cidade, mais exatamente, hospedados no albergue de Rahav. O rei desconfia de seus motivos e faz saber a Rahav que teria que entregar os dois homens, pois como eram espiões, não havia razão para protegê-los. Ao saber da vinda dos guardas palacianos à sua casa, Rahav resolve ajudar os dois espiões enviados por Josué e os esconde no telhado. Quando os guardas batem à sua porta, sem titubear ela admite que os dois estrangeiros haviam estado em sua casa, mas não sabia quem eram nem de onde vinham. Afirmou, ainda, que os dois tinham fugido da cidade na noite anterior. Mas, alerta os guardas que se fossem rapidamente atrás deles, com certeza os alcançariam. Os guardas acreditam em suas palavras e saem no encalço dos espiões. Passado o perigo, ela vai ao telhado, onde escondera os homens de Josué, e lhes revela a razão para agir daquela forma. Não era traidora de seu povo. Ajudava-os, pois como D'us prometera aquela terra a Israel e sendo Ele o Todo-Poderoso, nos céus e na terra, ninguém podia lutar contra Sua Vontade. Com esta explicação, carregada de emoção e convicção, Rahav expressa sua crença em D'us, Único e Onipotente. Em seguida, Rahav revela o que Josué queria saber. "O pavor sobre vós recaiu sobre nós! Os habitantes da cidade estão aterrorizados perante vós". Não têm coragem de vos enfrentar e todos tremem perante vós, pois, o povo de Canaã soube que, ao sair do Egito, o "Eterno secou as águas do Mar Vermelho" para que Seu povo passasse. Apesar de, na época do Êxodo, ela ter apenas 10 anos de idade, lembrava-se com clareza da comoção causada pelos relatos da saída do Egito, sobre o povo de Canaã. Aquilo mostrava a Onipotência do D'us Único, D'us de Israel. Rahav pede aos dois espiões a promessa de poupar sua vida e de toda a sua família. Os dois, gratos pela ajuda, prometem atendê-la, agindo com bondade e fidelidade. Prometem que se ela não os traísse e mantivesse em segredo seu acordo, iriam defender com a própria vida, a ela e a seus familiares. A hospedeira os ajuda a fugir da cidade. Como os portões das muralhas estavam fechados, faz com que desçam de sua janela por uma corda. Uma das paredes da sua casa era contígua a um dos muros e, assim, os dois facilmente pulariam para o outro lado. Rahav os aconselha a não voltar imediatamente para Shitim, local onde Josué e Filhos de Israel estavam acampados, mas ir até as montanhas e lá se esconder durante três dias, tempo suficiente para que seus perseguidores desistissem da busca. Os dois fugitivos explicam, então, o que Rahav deverá fazer para ser poupada durante o ataque. Dão-lhe uma corda vermelha - a mesma que usariam para a fuga - que ela deveria amarrar na janela. Este seria o sinal. Dessa maneira, sua casa e todos os que lá se encontrassem seriam poupados. Mas, insistem, se alguém saísse de casa ou o acordo fosse revelado, a promessa estaria desfeita. A queda de Jericó é um marco na história judaica. Apesar de ser praticamente impenetrável, por ser protegida pelas sete muralhas, a cidade é invadida, como que por milagre, por Josué, que segue as instruções do Todo Poderoso. Quando o povo reunido se encontra na margem ocidental do Jordão, Josué pede que todos os homens façam a circuncisão, já que no deserto, por questão de higiene, não puderam cumprir o pacto de Abrahão. E todos os jovens são, então, circuncidados. Josué pede para que sete Cohanim, com a Arca Sagrada nos ombros, dessem a volta pela cidade. Durante seis dias, isto é feito. No sétimo dia, eles dão sete voltas. Então, Josué pede que todo o povo toque o Shofar. E o milagre acontece. O som tonitruante faz implodir as muralhas, sem que a mão humana as tocasse, e o povo de Israel, tendo Josué à sua frente, adentra a cidade e conquista Jericó. Nenhuma gota do sangue dos Filhos de Israel fora derramada para conseguir a vitória. Antes de caírem as muralhas, Josué se dirige ao povo e alerta: "O Eterno vos deu a cidade". A seguir, proíbe saques de qualquer espécie, pois todos os bens do inimigo, ouro, cobre e jóias devem ser recolhidos e queimados, em oferenda a D'us. Tanto a cidade como tudo o que contém deverá ser destruído - com uma única exceção. Rahav e todos os que se haviam abrigado em sua casa seriam poupados. Ao falar ao povo, Josué repete quatro vezes a ordem de salvar Rahav, desta forma ressaltando a importância de se retribuir a quem nos estende a mão em momentos difíceis. Derrubada as muralhas, o povo de Israel toma a cidade e destrói tudo o que lá havia. Da janela da casa de Rahav, como combinado, pende uma corda vermelha. Josué manda os espiões resgatarem a mulher. Segundo algumas fontes, 260 pessoas teriam sido salvas e levadas para fora da cidade. Jericó, então, é incendiada e da cidade não sobra pedra sobre pedra. Arrependida de seu passado, Rahav se converte ao judaísmo. Tão sincera foi, em sua conversão, que teve o mérito de se casar com ninguém menos que Josué. Oito profetas, entre eles Jeremias e Baruch, descenderiam dessa união. Josué faleceu aos 110 anos, sendo considerado um grande líder e profeta de Israel. Rahav, sua esposa, além de ser uma das mais belas de nossa história, foi também uma grande mulher, corajosa e decidida, uma das 22 heroínas de nosso povo. Não apenas acreditou no D'us de Israel - abraçou Seu povo, ajudando-o a conquistar a Terra Prometida. Bibliografia: |
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