Judaísmo ontem, hoje e amanhã - Deborah K. Zveibil Me inspirando num livro de crônicas, que numa matemática interessante aborda que se somasse todos os quilos perdidos em regimes pelo autor, este deveria pesar hoje meia tonelada... Se usássemos a mesma matemática para contabilizar os judeus que foram obrigados a se converter por ondas diversas de anti-semitismo. que foram mortos pela inquisição, progroms e segunda guerra, os Oliveiras, Carvalhos e mais alguns,acho que seríamos centenas de milhões de judeus no mundo. No entanto somos apenas alguns poucos milhões e no Brasil alguns poucos milhares. Ainda assim nas diversas comunidades em que nos integramos, seja por que razões for, não passamos desapercebidos. Somos muitos povos e muitas raças ligados por uma religião, o povo da memória. Lembramos o nosso passado para criarmos o nosso futuro. Procuramos paz ao longo dos tempos passando por fases de povo guerreiro. Nos destacamos em artes e não em esportes e conseguimos recriar um pais onde a religião oficial nos deixa andar pelas ruas , com todas as caras, de todas as formas e com todas as raças e com orgulho de , no meio de tantas intempéries, sermos plurais e no que nos "religa", nos reportarmos a um único Deus, bondoso e guerreiro. A história judaica não para na bíblia, ela continuou ao longo dos últimos 5768 anos e deve continuar a ser contada O mundo não parou no final do velho testamento. Tanto não parou, que muito depois dele o surgimento de movimentos criou correntes chassídicas, a cabala e criou o Talmud. Rabi Hillel escreveu uma parte da história, Rabi Lubavitch outra; Moshé Dayan, Ben Gurion, Golda Meyr, outra; Freud, Einstein e Marx outra. Sabin outra, e todas estas histórias são hoje o povo judeu. Um povo que pode se orgulhar de sua cultura e religião. Um povo espalhado pelo mundo e que ao longo do tempo se adaptou aos lugares onde se fixou e deles participou, guardando suas tradições e se mantendo unidos. A assimilação era inexorável, assimilação de todos os lados, com pessoas entrando ou saindo do judaísmo e criando famílias junto a pessoas de todas as religiões, ainda assim, como diria um amigo, tem dois olhos e um nariz no meio ?... Os casamentos mistos e as conversões são uma realidade, não uma tragédia. Somos todos humanos, primeiro e maior fato. Professamos a religião de nossos pais ou a que escolhemos para nós.Criamos nossos filhos dentro dos preceitos de uma religião por acreditarmos em seus fundamentos de conduta, ética e moral. Porque achamos que isto fará deles homens e mulheres melhores e não porque achamos que eles saberão rezar melhor ou pior, senão seríamos todos rabinos, pastores ou padres. O fruto da mistura de seres humanos é nossa responsabilidade de pais e educadores. Os religiosos estão ai para conduzir rituais, nos ajudar e congregar . E não podemos esquecer , que recebem formação para fazer isto profissionalmente, como lembrou Noah Gordon em seu romance " O Rabino". Professar o judaísmo com intensidade ritual maior ou menor não nos faz mais ou menos judeus. Não cria judeus de primeira ou segunda categorias. Não compramos graças, nem pagamos intermediários com Deus. Ele está em cada um de nós! Na análise de Kapra em "O Ponto de Mutação" o autor traça uma curva e mostra que a humanidade passa por ciclos de religiosidade. Parece que estamos vivendo mais um. Mais judeus ortodoxos, mais evangélicos, mais muçulmanos fundamentalistas, e mais pessoas buscando conforto e apoio nos rituais religiosos. Não há erro nisso. O erro estar em se deixar dominar por pessoas tão humanas quanto nós e que se arvoram ao direito de reger nossas vidas ,mexer em nossas instituições e fazerem pessoas de mentes mais fracas acreditarem que só a forma ritual de ser judeus os faz judeus. Se atrevem a proibir e excluir todos aqueles que não forem da maneira que "eles" acham correta. Como se, se vestir com vestes de inverno da Lituânia do século XVII fosse judaísmo. Contem isso a Moshé Rabeinu ou ao Rabi Hillel! Nós não enterramos homicidas e suicidas junto aos demais, pois eles fizeram mal a si mesmo ou ao próximo. Levamos, porém, mais de 50 anos para reconhecer que as "polacas" , que não deixamos enterrar em nossos cemitérios, foram sim vítimas usadas por aqueles, que nos nossos cemitérios, perto de nossos parentes já há muito tempo estão "repousando em paz". Criamos celeumas sobre a possibilidade de doação de órgãos, mas não temos dúvida em pedir um para nossos filhos, se necessário. Não se abre o espaço necessário sob a terra para um jovem que optou pelo judaísmo e provavelmente cantou muito mais músicas em hebraico e Hatikvas que muitos de nós. Precisamos encarar de frente esta incoerência e acabar com a hipocrisia Em nome do futuro de nossos filhos e da realidade do judaísmo, não permitir sepultamentos, exigir comida kasher, comprar jovens com dinheiro para que se tornem ortodoxos, não aceitar conversões , não aceitar o casamento de pessoas divorciadas, é afastar do mais profundo judaísmo aqueles que se sentem judeus. Ele não faria isto. Um religioso de verdade é um conciliador , não um segregador. É um exemplo a ser seguido e não a ser temido. Pessoas que fazem todos nós parecermos segregacionistas e arrogantes e que acabam atraindo para todos reações anti-semitas só podem nos envergonhar. Não podem ser os "verdadeiros" judeus. Ser judeu é aceitar o próximo, é salvar uma vida para salvar a humanidade, é dar com a mão direita sem que a esquerda saiba, é não esquecer Jerusalém , é não deixar dividir seu filho, para não perdê-lo. Todos os judeus são judeus independente de comidas e roupas, dependente de Deus e ética. Ser judeu de verdade é muito bom. Eu de minha parte tenho orgulho de ser judia. judia, brasileira, baiana, médica e voluntária, na Associação Cultural Moshé Sharett e Tnuat Avodá |
| |
| |