As FDI apresentam:
Cursos sobre "Israelismo" ou o sentido de pertinência a Israel
Do Ha'aretz - Yuval Azulai
Eles emigraram para Israel nos últimos dois anos, mal sabendo uma palavra em hebraico. Em uma base militar das FDI, ao Norte do país, estão agora aprendendo a utilizar armamento e equipamentos de telecomunicação – mas aprendem, também, noções sobre sionismo e hebraico, para vencer a barreira da língua. Seu objetivo: facilitar sua integração na sociedade israelense. Três minutos... já!
Os soldados da Companhia Dror, alistados nas FDI há apenas seis semanas, estavam sentados em uma sala de aula, no formato em "U", em uma base na Região Norte do país. Ao fundo, ouvia-se uma canção popular, executada pelo conhecido conjunto "Hadag-Nachash". Diante deles, Maya, sua oficial subalterna, contava-lhes que aquela música tinha sido escrita por David Grossman. Para os novos imigrantes, especialmente dos países da antiga URSS, o nome desse famoso compositor e o da famosa banda de hip-hop israelense não significavam absolutamente nada. "Daqui a três minutos, quero que todos preparem um adesivo em hebraico, com seu mantra, isto é, seu moto de vida", ordena Maya aos soldados enquanto distribui papel e canetas coloridas. "Quero os adesivos mais bonitos de sua vida. Comecem agora. Vocês têm três minutos: já!". Um dos soldados acerta seu cronômetro de pulso.
A jovem cabo tenta explicar a instrução a um soldado que não entendeu o significado da palavra "adesivo". "É uma coisa que se vê com freqüência nos carros", explica. "Todos sabem quem foi Rabin, não é? Há muitos adesivos com a frase 'Shalom, Amigo' ou 'Amigo, sentimos sua falta'. Outros dizem "Não temos em quem confiar, a não ser em Nosso Pai na Reserva'". Os soldados, cujo hebraico está longe de ser fluente, tentam concentrar sua atenção na criação de um slogan legal, tendo por fundo aquela música barulhenta. Quando o tempo se esgota, instruem-nos a guardar as canetas coloridas e mostrar os adesivos, uns aos outros. Um deles escreveu: "Cuidado, bebê a bordo", enquanto outro escreveu e ilustrou, na maior calma, um adesivo colorido que dizia: "Cuidado. Mulher ao volante".
Ao mesmo tempo, os soldados em outra classe aprendiam hebraico utilizando anúncios de jornal. A responsável por eles, Cabo Nohar, pergunta-lhes acerca dos riscos do cigarro; cada um dos soldados tinha que responder em hebraico. Nohar lhes conta, sempre em hebraico, que há pesquisas que demonstram que os homens que fumam são mais expostos à depressão, acrescentando imediatamente a palavra em inglês, "depression"'. "O método pede que se diga a palavra em hebraico, junto com sua tradução em inglês, facilmente reconhecido em qualquer lugar do mundo", explica a 1º Tenente Hadas Ben-Guigui, um dos comandantes do curso para imigrantes, naquela base. Enquanto isso, a aula continua e a instrutora fala, agora, sobre os riscos envolvidos em ingerir alimentos com muito açúcar. "As pessoas que comem muito açúcar se tornam gordas", um dos soldados diz em hebraico.
Disciplina férrea
Como seus amigos da Companhia Nir, os soldados da Companhia Dror, na base do Corpo Educativo Allon, próximo à aldeia de Maghar, na Galiléia, emigraram para Israel nos últimos dois anos. Sabiam pouquíssimo ou nenhum hebraico, e o programa das FDI do qual participam foi projetado para lhes equipar com um vocabulário mínimo que lhes permita conduzir uma conversa em hebraico básico.
Este programa especial para imigrantes dura três meses. O primeiro mês é dedicado ao treinamento básico das FDI que inclui treinos físicos, de disciplina e operação de armamento e equipamentos de comunicações. A seguir, participam de workshops intensivos com o propósito de aprender hebraico e recebem aulas sobre sionismo. A 1º Tenente Ben-Guigui está convencida de que, além de ser uma forma de aprender hebraico e noções sobre sionismo, esta estrutura de ensino constitui nada menos do que um curso de "Israelismo".
O curso, em si, é ministrado com uma "disciplina de ferro", explica a oficial, "com uma programação muito rígida e pré-determinada". Eles se levantam às 5:30h da manhã e seu dia inclui exercícios, desjejum, parada matinal, reunião com o comandante da Companhia, e, a seguir, sete horas contínuas de estudo de hebraico, com vários intervalos de poucos minutos entre as aulas. A última hora é dedicada à auto-aprendizagem e à ajuda para quem necessita de uma atenção extra, por parte do comando. Entre as atividades como aprender expressões idiomáticas, conectar frases, aumentar o vocabulário e lhes transmitir autoconfiança para adotar esse idioma tão estranho a eles, a equipe de instrutores também lhes dá aulas de sionismo e história judaica, incluindo temas como anti-semitismo, Holocausto e guerras de Israel.
Dia do aniversário das mães
O Tenente Coronel Itai, comandante da base, serviu anteriormente como piloto de combate em esquadrilhas Phantom e F-16. Foi nomeado comandante da Base Allon há seis meses e está orgulhoso com os resultados do programa. "Ano após anos fornecemos às FDI vários soldados que anteriormente não sabiam falar hebraico ou tinham escassos conhecimentos do idioma, e que agora já conseguem fazê-lo. Quando eles chegam aqui, dou-lhes um briefing introdutório, em hebraico, e muitos deles não me entendem", conta, "mas, na minha mensagem de encerramento, eles entendem praticamente tudo".
O comando da base está especialmente orgulhoso de três soldados que deram seus primeiros passos nas FDI através do programa de estudo do hebraico. Eles estão entre os que receberam menções após participar na última guerra, no Líbano. "Não é fácil", admite o comandante da base. "Além das dificuldades do idioma, eles têm outros problemas relacionados com a integração, as diferenças nos níveis disciplinares, problemas em aceitar a autoridade de seus superiores, problemas domésticos e, por exemplo, o sentimento especial que alguns têm quando é aniversário da mãe, especialmente quando são da Rússia. O assunto é muito sensível para alguns deles e, se um membro do comando não entender isso, este superior é bem capaz de cometer erros e acabar com a carreira militar do soldado nas FDI.
Os cabos-de-fileira Dennis Kim, de Bat Yam, e Igor Rachles, de Hod Hasharon, emigraram para Israel há um ano e meio. Ambos estão muito motivados para estudar hebraico e noções de sionismo. Igor diz que, em casa, sua família não fala o idioma. "Meu pai não fala nada de hebraico, além de 'shalom', 'lehitraot' e 'O que você quer de mim?'. A princípio, achei a língua muito difícil. Irritava-me o fato de o hebraico conter tantas opções, que me eram difíceis de memorizar. Agora eu entendo bem mais", acrescenta Igor. Dennis quer terminar o curso e se alistar na Companhia 101 de Pára-quedistas, seguindo os passos de seu irmão mais velho. Por enquanto, ele está aperfeiçoando seu novo idioma. "É difícil, para mim, mas não há outra opção. Temos que aprender hebraico", explica. "Acabo de terminar a lição de casa, que era traduzir um poema russo para o hebraico. Foi bem interessante, o hebraico não é assim tão difícil. O russo é bem mais complicado, com muitas opções mais. Mas os verbos em hebraico são super-difíceis...".
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Magal
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