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COMO FAZER UM GOL NA VIDA - PARASHÁ ITRÓ 5768 (25 de janeiro de 2008)
"Na biografia da vida do técnico Telê Santana, há uma história muito
interessante. Quando o São Paulo se tornou pela primeira vez campeão
mundial interclubes, em 1992, Raí fez os dois gols da vitória. Mas o
que mais chamou a atenção dos jornalistas foi que, imediatamente após
fazer o segundo gol, cobrando com perfeição uma falta, Raí não abraçou
nenhum dos seus colegas de equipe. Ele correu diretamente para o
técnico Telê Santana e lhe deu uma forte abraço. Quando entrevistado
após o final do jogo, Raí explicou:
- Todos os dias, quando acabava o treino, os jogadores saíam correndo
do campo. Alguns iam tomar uma cerveja, outros iam ficar com a
família. Mas quando eu saia, lá estava o Telê Santana, na porta do
vestiário, me mandando voltar para o campo para treinar cobranças de
falta. Ele me fazia ficar quase uma hora chutando de todas as
posições. Eu nunca entendia, todos os meus colegas já haviam saído,
porque eu tinha que ficar até mais tarde? E aquela dúvida ficou na
minha cabeça até o momento que eu fiz o gol de falta, gol que deu o
São Paulo o título de Campeão Mundial. Naquele momento eu entendi
tudo, e sabia que o primeiro a quem eu deveria agradecer era o Telê
Santana."
Muitas vezes não entendemos o que os nossos sábios nos ensinam e nos
aconselham, parecem coisas antiquadas, fora do nosso cotidiano. Mas se
pudéssemos ver o futuro, entenderíamos como cada palavra e cada lei
ensinada pelos nossos sábios nos ajudam a crescer espiritualmente e a
nos tornar campeões na vida.
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Na Parashá desta semana, Itró, o povo judeu recebeu a Torá no Monte
Sinai, após 50 dias de preparação e purificação. E o momento da
entrega da Torá foi algo muito especial para o povo judeu, algo que se
compara a um casamento. Como uma noiva apaixonada, o povo judeu fez
uma grande declaração de amor para D'us, dizendo "Naasse Vê Nishmá"
(primeiro faremos e depois entenderemos), isto é, o povo judeu recebeu
a Torá de forma incondicional. Foi como se estivessem dando para D'us
um cheque em branco, aceitando toda a Torá sem perguntar o preço. E
assim está escrito "E Moshé veio com o povo, desde o acampamento, ao
encontro de D'us, e se reuniram sob o monte" (Shemot 19:17). A Torá
deveria escrever que se reuniram em volta do monte, o que significa
que se reuniram "sob" o monte?
Explica o Talmud que no momento da entrega da Torá, D'us levantou a
montanha e falou: "Ou vocês recebem a Torá, ou lá será sua sepultura".
Mas não faz sentido que D'us tenha forçado o povo a receber a Torá,
pois é como se uma noiva fizesse uma enorme declaração de amor, e o
noivo tirasse uma arma e falasse "diga sim ou eu te mato". O povo
judeu já tinha aceitado a Torá!
A explicação é que existem duas Torás, a Torá Escrita e a Torá Oral. A
Torá escrita, que são os 5 livros (Bereishit, Shemot, Vayikra,
Bamidbar e Devarim), o povo judeu aceitou "Naasse ve Nishmá", e o que
teve de ser forçado foi a Torá oral. O povo judeu confiava plenamente
nas palavras de D'us. Porém, na Torá Oral, que é transmitida oralmente
de rabino para aluno, o povo judeu não quis aceitar. O que o povo
estava alegando é que eles não estavam dispostos a aceitar sobre eles
a autoridade dos rabinos. E o argumento do povo era lógico, pois os 5
livros foram ditados diretamente por D'us, não há o que discutir. Mas
a opinião dos rabinos, pessoas de carne e osso, que podem facilmente
errar, eles não queriam aceitar. E já que o argumento era tão lógico,
por que D'us obrigou o povo a aceitar também a Torá Oral?
A explicação é simples: D'us queria ensinar que não existe Torá
Escrita sem a Torá Oral, as duas são complementares. A Torá escrita
não pode ser entendida sem as explicações contidas na Torá Oral. Por
exemplo, todos os dias colocamos Tefilins quadrados e negros na cabeça
e no braço. Se procurarmos na Torá escrita, encontramos o seguinte
versículo, que faz parte do Shemá Israel: "E os prenderão como sinal
sobre tua mão e como 'Totafot' entre teus olhos". Essa é a toda a
descrição de um Tefilin contida na Torá escrita. Por que não colocamos
uma bola vermelha no nariz ('totafot' entre os olhos) e um relógio no
pulso ("sinal sobre tua mão")? De onde saiu a caixinha quadrada,
negra, contendo pergaminhos com trechos da Torá? Da Torá Oral, que
descreve cada pequeno detalhe de um Tefilin. Além disso, o Sefer Torá
é escrito inteirinho sem os pontos, que na Lashon Hakodesh (Língua
Sagrada) corresponde às vogais. Como sabemos que está escrito
"Honrarás ao teu pai e à tua mãe", e não "Honraras ao teu pai ou á tua
mãe"? Sem a Torá Oral, é impossível entender a Torá Escrita.
Quando Moshé subiu no Monte Sinai, D'us lhe entregou toda a Torá,
tanto a parte escrita quanto a parte que deveria ser transmitida
oralmente. É como se a Torá Escrita fossem as anotações feitas durante
uma palestra, e a Torá Oral fosse o entendimento de todos os tópicos
ali anotados. Um sem o outro não tem sentido.
Portanto, aceitar os ensinamentos e a autoridade dos rabinos é uma das
bases do judaísmo. É por isso que durante o Holocausto, a primeira
coisa que os nazistas fizeram em cada cidade foi queimar a sinagoga e
enforcar os rabinos em praça pública. Eles entenderam que essa era a
forma de destruir a força espiritual do povo judeu.
Para nós, é difícil confiar nos rabinos para decidir coisas
particulares de nossas vidas. Mas quando nossas vidas estão em risco,
por que confiamos nos médicos? Pois sabemos que o médico estudou muito
e tem experiência, sabe diagnosticar o problema e indicar uma cura,
enquanto nós não sabemos nada de medicina. O mesmo ocorre com os
nossos sábios, que conhecem muito sobre a interação entre o mundo
material e o mundo espiritual. Por isso eles sabem diagnosticar os
problemas e indicar uma cura. Mas nós, o que sabemos sobre os mundos
espirituais? Podemos decidir nossas vidas espirituais sozinhos, nos
"automedicando"?
Exatamente por não conhecermos quase nada sobre os mundos espirituais,
muitas vezes parecem ilógicos os ensinamentos dos nossos sábios.
Porém, eles enxergam coisas que nós não podemos enxergar. Da mesma
forma que o médico sabe que um comprimido tomado por via oral pode
fazer passar uma dor no pé, mesmo que não faça muito sentido, assim
também nossos sábios sabem como cada ato físico pode interferir na
nossa alma, e por isso podem nos aconselhar. E mesmo sem entender
exatamente os motivos em um primeiro momento, confiando nos nossos
sábios nós podemos ter a tranqüilidade e a certeza de que nossas vidas
estão certamente em boas mãos.
"Você deve vir aos Cohanim, Leviim e aos juízes que vão estar naqueles
dias… De acordo com os ensinamentos que eles te ensinarão e de acordo
com o julgamento que eles te dirão, assim você deve fazer. Você não
deve se desviar das palavras que eles te dirão, nem para a direita nem
para a esquerda" (Devarim 17:9-11).
SHABAT SHALOM
Rav. Efraim Birbojm
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Este E-mail é dedicado à Refua Shlema (pronta recuperação) de: Freida
(Fanny) bat Chava, Chana bat Rachel, Carol bat Chana, Nechama bat Sara
Lea, Celde (Célia) bat Lea; Sala bat Ahuva, César ben Yossef, Frania
bat Perla; Isruel Nuchem ben Alta Hatzsler, Iossef ben Rachel;
Yaakov ben Sarah; Rebecca bat Esther, Abraham ben Esther, Iossef ben
Rachel; Yaakov ben Sarah; Sarah bat Esther; David ben Sara, Chaim ben
Sara, Naum ben Tube (Tereza), Chana bat Paula Rachel, Feigue bat Ida,
Avraham David HaCohen ben Reizel, Reizel bat Chaya Sarah Breindl,
Guitel bat Slad, Peisach Chaim Meier ben Chana Malka, Izidor ben
Reizel, Eliahu ben Sarah, Hanna bat Reizel, Chaim ben Rivka.
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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) do meu
querido e saudoso avô, Ben Tzion (Benjamin) ben Shie Z"L, que lutou
toda sua vida para manter acesa a luz do judaísmo, principalmente na
comunidade judaica de Santos. Que possa ter um merecido descanso
eterno.
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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de: Avraham
ben Ytzchak, Joyce bat Ivonne, Feiga bat Guedalia, Chana bat Dov, Kalo
(Korin) bat Sinyoru (Eugeni), Leica bat Rivka, Guershon Yossef ben
Pinchas; Dovid ben Eliezer, Reizel bat Beile Zelde, Yossef ben Levi,
Eliezer ben Mendel, Menachem Mendel ben Myriam.
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