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Moderados têm de superar medo e unir forças



No O Estado de hoje.

Thomas L. Friedman*

O Oriente Médio está vivendo algo que não vimos por muito, muito tempo: moderados se organizando um pouco, tomando posição e repelindo os vilões. Numa região onde extremistas vão até o fundo e moderados simplesmente se omitem, essa é a primeira boa notícia em anos - um oásis num deserto de desespero.

O único problema é que essa marcha dos moderados - que receberam um proveitoso reforço com o encontro de Annapolis - é movida, em grande parte, pelo medo e não por uma visão compartilhada de uma região onde sunitas e xiitas, árabes e judeus, negociem, interajam, colaborem e se entendam como aqueles países no Sudeste Asiático aprenderam a fazer para seu mútuo benefício.

Por enquanto, essa é a "paz dos medrosos", como formulou Hisham Melhem, chefe da sucursal em Washington do canal noticioso via satélite Al-Arabiya.

O medo pode ser um motivador poderoso. O medo de a Al-Qaeda dirigir suas vidas levou finalmente as tribos sunitas do Iraque a levantar-se contra os sunitas favoráveis à Al-Qaeda, até o ponto de alinhar-se aos americanos. O medo dos radicais xiitas do Exército Mehdi, apoiado pelo Irã, levou muito mais xiitas iraquianos a alinhar-se ao governo e ao Exército pró-americanos no Iraque. O medo de uma tomada do poder pelo Hamas levou o Fatah a um relacionamento mais estreito com Israel.

E o medo da expansão da influência iraniana colocou todos os Estados árabes - particularmente Arábia Saudita, Egito e Jordânia - trabalhando de maneira ainda mais estreita sob coordenação dos EUA e em tácita cooperação com Israel. O medo de um colapso do Fatah, e de Israel herdar para sempre a responsabilidade pela população palestina da Cisjordânia, levou Israel a apoiar a mesa de negociações de Washington. O medo do isolamento trouxe até mesmo a Síria para cá.

Mas o medo de predadores só pode levar até esse ponto. Para construir uma paz duradoura é preciso uma agenda comum, uma disposição dos moderados de trabalhar juntos para auxiliar-se mutuamente e ajudar, um ao outro, a vencer os extremistas em cada campo. É preciso algo extremamente em falta desde as mortes de Anwar Sadat, Yitzhak Rabin e o rei Hussein: coragem moral para fazer algo "surpreendente".

Desde 2000, os únicos que nos surpreenderam foram os inimigos. A cada semana eles nos surpreendiam com novas maneiras e lugares de matar pessoas. Os moderados, ao contrário, não vinham surpreendendo em nada - até as tribos sunitas no Iraque atacarem a Al-Qaeda. Minha dúvida para os próximos meses é se os moderados conseguirão surpreender-se mutuamente e surpreender os extremistas.

O ministro saudita das Relações Exteriores, príncipe Saud al-Faisal, anunciou antes mesmo de chegar a Annapolis que não haveria aperto de mãos com nenhum israelense. Isso é ruim. Apenas um aperto de mão não vai fazer Israel devolver a Cisjordânia. Mas um gesto de humanidade surpreendente, como um simples aperto de mãos entre um líder saudita e um líder israelense, ajudaria a convencer os israelenses de que há algo de novo aqui, de que não se trata apenas de árabes com medo do Irã, mas de árabes que estão realmente dispostos a coexistir com Israel.

O mesmo vale para Israel. Por que não surpreender os palestinos com um gesto generoso sobre prisioneiros ou bloqueios de estrada? O processo de paz israelense-palestino tem sido tão carente de conteúdo emocional desde o assassinato de Rabin que perdeu toda conexão com o cidadão comum. Ele se resumiu a palavras - um punhado de palavras confusas sobre "mapas da estrada".

Os sauditas são especialistas em dizer aos EUA que eles precisam ser mais sérios. Seria demais pedir aos sauditas que facilitassem nosso trabalho apertando a mão de um líder israelense?

A outra surpresa que precisamos ver é os moderados indo até o fim. Moderados que não estão dispostos ao risco do suicídio político para alcançar seus fins jamais derrotarão extremistas dispostos a cometer o suicídio físico.

*Thomas L. Friedman é colunista do jornal 'The New York Times'

Magal
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