Lilith

Lilith

magal53
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Lilith

O primeiro capitulo da BĆ­blia, conta a histĆ³ria de AdĆ£o e Eva ...mas segundo o Zohar (comentĆ”rio rabĆ­nico dos textos sagrados), Eva nĆ£o Ć© a primeira mulher de AdĆ£o. Quando Deus criou o AdĆ£o, ele fĆŖ-lo macho e fĆŖmea, depois cortou-o ao meio, chamou a esta nova metade Lilith e deu-a em casamento a AdĆ£o. Mas Lilith recusou, nĆ£o queria ser oferecida a ele, tornar-se desigual, inferior, e fugiu para ir ter com o Diabo. Deus tomou uma costela de AdĆ£o e criou Eva, mulher submissa, dĆ³cil, inferior perante o homem.

De acordo com HermĆ­nio, "Lilith foi feita por Deus, de barro, Ć  noite, criada tĆ£o bonita e interessante que logo arranjou problemas com AdĆ£o". Esse ponto teria sido retirado da BĆ­blia pela InquisiĆ§Ć£o. O astrĆ³logo assinala que ali comeƧou a eterna divergĆŖncia entre o masculino e o feminino, pois Lilith nĆ£o se conformou com a submissĆ£o ao homem.

 O mito de Lilith pertence Ć  grande tradiĆ§Ć£o dos testemunhos orais que estĆ£o reunidos nos textos da sabedoria rabĆ­nica definida na versĆ£o jeovĆ­stica, que se coloca lado a lado, precedendo-a de alguns sĆ©culos, da versĆ£o bĆ­blica dos sacerdotes. Sabemos que tais versƵes do GĆŖnesis - e particularmente o mito do nascimento da mulher -   sĆ£o ricas de contradiƧƵes e enigmas que se anulam. NĆ³s deduzimos que a lenda de Lilith, primeira companheira de AdĆ£o, foi perdida ou removida durante a Ć©poca de transposiĆ§Ć£o da versĆ£o jeovĆ­stica para aquela sacerdotal, que logo apĆ³s sofre as modificaƧƵes dos pais da igreja.


     No Talmude, ela Ć© descrita como a primeira mulher de AdĆ£o. Ela brigou com AdĆ£o, reivindicando igualdade em relaĆ§Ć£o a seu marido, deixando-o "fervendo de cĆ³lera". Lilith queria liberdade de agir, de escolher e decidir, queria os mesmos direitos do homem mas quando constatou que nĆ£o poderia obter status igual, se rebelou e, decidida a nĆ£o submeter-se a AdĆ£o e, a odia-lo como igual, resolveu abandona-lo.

Segundo as versƵes aramaica e hebraica do Alfabeto de Ben SirĆ” (sĆ©culo 6 ou 7). Todas as vezes em que eles faziam sexo, Lilith mostrava-se inconformada em ter de ficar por baixo de AdĆ£o, suportando o peso de seu corpo. E indagava: "Por que devo deitar-me embaixo de ti? Por que devo abrir-me sob teu corpo? Por que ser dominada por ti? Contudo, eu tambĆ©m fui feita de pĆ³ e por isso sou tua igual."

Mas AdĆ£o se recusava a inverter as posiƧƵes, consciente de que existia uma "ordem" que nĆ£o podia ser transgredida.

Lilith deve submeter-se a ele pois esta Ć© a condiĆ§Ć£o do equilĆ­brio preestabelecido. Vendo que o companheiro nĆ£o atendia seus apelos, que nĆ£o lhe daria a condiĆ§Ć£o de igualdade, Lilith se revolta, pronuncia nervosamente o nome de Deus, faz acusaƧƵes a AdĆ£o e vai embora; Ć© o momento em que o Sol se despede e a noite comeƧa a descer o seu manto de escuridĆ£o soturna, tal como na ocasiĆ£o em que JeovĆ”-Deus fez vir ao mundo os demĆ“nios.

AdĆ£o sente a dor do abandono; entorpecido por um sono profundo, amedrontado pelas trevas da noite, ele sente o fim de todas as coisas boas. Desperto, AdĆ£o procura por Lilith e nĆ£o a encontra: Procurei-a em meu leito, Ć  noite, aquele que Ć© o amor de minha alma; procurei e nĆ£o a encontrei" (CĆ¢ntico dos   CĆ¢nticos III, 1). Lilith partiu rumo ao mar vermelho (Diz-se que quando AdĆ£o insistiu em ficar por cima durante as relaƧƵes, Lilith usou seus conhecimentos mĆ”gicos para voar atĆ© o Mar Vermelho).

LĆ” onde habitam os demĆ“nios e espĆ­ritos malignos, segundo a tradiĆ§Ć£o hebraica. Ɖ um lugar maldito, o que prova que Lilith se afirmou como um demĆ“nio, e Ć© o seu carĆ”ter demonĆ­aco que leva a mulher a contrariar o homem e o questionar em seu poder. Desde entĆ£o, Lilith tornou-se a noiva de Samael, o senhor das forƧas do mal do Outro Lado.

 Como conseqĆ¼ĆŖncia, deu Ć  luz toda uma descendĆŖncia demonĆ­aca, conhecida como "Liliotes ou Linilins", na prodigiosa proporĆ§Ć£o de cem por dia. Alguns escritos contam que AdĆ£o queixou-se a Deus sobre a fuga de Lilith e, para compensar a tristeza de AdĆ£o, Deus resolveu criar Eva, moldada exatamente como as exigĆŖncias da sociedade patriarcal.

A mulher feita a partir de um fragmento de AdĆ£o. Ɖ o modelo feminino permitido ao ser humano pelo padrĆ£o Ć©tico judaico-cristĆ£o. A mulher submissa e voltada ao lar. Assim, enquanto Lilith Ć© forƧa destrutiva (o Talmude diz que ela foi criada com imundĆ­cie e lodo), Eva Ć© construtiva e MĆ£e de toda Humanidade (ela foi criada da carne e do sangue de AdĆ£o).

JehovĆ”-Deus tenta salvar a situaĆ§Ć£o, primeiro ordenando-lhe que retorne e, depois, enviou ao seu encalƧo uma guarniĆ§Ć£o de trĆŖs anjos, Sanvi, Sansavi e Samangelaf, para tentar convencĆŖ-la; porĆ©m, uma vez mais e com grande fĆŗria, ela se recusou a voltar. Lilith estĆ” irredutĆ­vel e transformada. Ela desafiou o homem, profanou o nome do Pai e foi ter com as criaturas das trevas.

Como poderia voltar ao seu esposo? Os anjos ainda ameaƧaram: "Se desobedeces e nĆ£o voltas, serĆ” a morte para ti." Lilith , entretanto, em sua sapiĆŖncia demonĆ­aca, sabe que seu destino foi estabelecido pelo prĆ³prio JeovĆ”-Deus. Ela estĆ” identificada com o lado demonĆ­aco e nĆ£o Ć© mais a mulher de AdĆ£o.

Acasalando-se com os diabos, Lilith traz ao mundo cem demĆ“nios por dia, os Lilim, que sĆ£o citados inclusive na versĆ£o sacerdotal da BĆ­blia. JeovĆ”-Deus, por seu lado, inicia uma incontrolĆ”vel matanƧa dessas criaturas, que, por vinganƧa, sĆ£o enfurecidas pela sua genitora. EstĆ” declarada a guerra ao Pai. Os homens, as crianƧas, os invĆ”lidos e os recĆ©m-casados, sĆ£o as principais vĆ­timas da vinganƧa de Lilith. Ela cumpre a sua maligna sorte e nĆ£o descansarĆ” assim tĆ£o cedo.

Uma outra versĆ£o diz que foram os anjos que mataram os filhos que tivera com AdĆ£o. TĆ£o rude golpe transformou-a, e ela tentou matar os filhos de AdĆ£o com sua segunda esposa, Eva.

 Lilith Alegou ter poderes vampĆ­ricos sobre bebĆŖs, mas como os anjos a queriam impedir, fizeram-na prometer que, onde quer que visse seus nomes, ela nĆ£o faria nenhum mal aos humanos. EntĆ£o, como nĆ£o podia vencĆŖ-los, ela fez um trato com eles: concordou em ficar afastada de quaisquer bebĆŖs protegidos por um amuleto que tivesse o nome dos trĆŖs anjos. NĆ£o obstante, esse Ć³dio contra AdĆ£o e contra sua nova (e segunda) mulher, Eva, resultou, para Lilith, no desabafo da sua fĆŗria sobre os filhos deles e de todas as geraƧƵes subseqĆ¼entes.
        A partir daĆ­, Lilith assume plenamente sua natureza de demĆ“nio feminino, voltando-se contra todos os homens, de acordo com o folclore assĆ­rio, babilĆ“nico e hebraico. E sĆ£o inĆŗmeras as descriƧƵes que falam do pavor de suas investidas. Conta-se, por exemplo, que Lilith surpreendia os homens durante o sono e os envolvia com toda sua fĆŗria sexual, aprisionando-os em sua lasciva demonĆ­aca, causando-lhes orgasmos demolidores.

Ela montava-lhes sobre o peito e, sufocando-os (pois se vingava por ter sido obrigada a ficar "por baixo" na relaĆ§Ć£o com AdĆ£o), conduzia a penetraĆ§Ć£o abrasante. Aqueles que resistiam e nĆ£o morriam ficavam exangues e acabavam adoecendo. Por isso Lilith tambĆ©m estĆ” identificada com o tradicional vampiro. Seu destino era seduzir os homens, estrangular crianƧas e espalhar a morte.

 Durante os primeiros sĆ©culos da era cristĆ£, o mito de Lilith ficou bem estabelecido na comunidade judaica. Lilith aparece no Zohar, o livro do Esplendor, uma obra cabalĆ­stica do sĆ©culo 13 que constitui o mais influente texto hassĆ­dico e no Talmude, o livro dos hebreus. No Zohar, Lilith era descrita como succubus, com emissƵes noturnas citadas como um sinal visĆ­vel de sua presenƧa. Os espĆ­ritos malignos que empesteavam a humanidade eram, acreditava-se, o produto de tais uniƵes.

No Zohar Hadasch (seĆ§Ć£o Utro, pĆ”g. 20), estĆ” escrito que Samael - o tentador - junto com sua mulher Lilith, tramou a seduĆ§Ć£o do primeiro casal humano. NĆ£o foi grande o trabalho que Lilith teve para corromper a virtude de AdĆ£o, por ela maculada com seu beijo; o belo arcanjo Samael fez o mesmo para desonrar Eva: E essa foi a causa da mortalidade humana.
 O Talmude menciona que "Quando a serpente envolveu-se com Eva, atirou-lhe a mĆ”cula cuja infecĆ§Ć£o foi transmitida a todos os seus descendentes... (Shabbath, fol. 146, recto)".

Em outras partes, o demĆ“nio masculino leva o nome de LeviatĆ£, e o feminino chama-se Heva. Essa Heva, ou Eva, teria representado o papel da esposa de AdĆ£o no Ć©den durante muito tempo, antes que o Senhor retirasse do flanco de AdĆ£o a verdadeira Eva (primitivamente chamada de Aixha, depois de Hecah ou Chavah). Das relaƧƵes entre AdĆ£o e a Heva-serpente, teriam nascido legiƵes de larvas, de sĆŗcubos e de espĆ­ritos semiconscientes (elementares).

Os rabinos fazem de LeviatĆ£ uma espĆ©cie de ser andrĆ³gino infernal, cuja a encarnaĆ§Ć£o macho (Samael) Ć© a "serpente insinuante" e a encarnaĆ§Ć£o fĆŖmea (Lilith), Ć© a "cobra tortuosa" . Segundo o Sepher Emmeck-Ameleh, esses dois seres serĆ£o aniquilados no fim dos tempos: "Nos tempos que virĆ£o o AltĆ­ssimo (bendito seja!) decapitarĆ” o Ć­mpio Samael, pois estĆ” escrito (Is. XVII, 1):
'Nesse tempo JeovĆ” com sua espada terrĆ­vel visitarĆ” LeviatĆ£, a serpente insinuante que Ć© Samael e LeviatĆ£, a cobra tortuosa que Ć© Lilith' (fol. 130, col. 1, cap.XI).

TambĆ©m segundo os rabinos, Lilith nĆ£o Ć© a Ćŗnica esposa de Samael; dĆ£o o nome de trĆŖs outras: Aggarath, Nahemah e Mochlath. Mas das quatro demĆ“nias, sĆ³ Lilith dividirĆ” com o esposo a terrĆ­vel puniĆ§Ć£o, por tĆŖ-lo ajudado a seduzir AdĆ£o e Eva. Aggarath e Mochlath tem apenas um papel apagado, ao contrĆ”rio do que acontece com as outras duas irmĆ£s, Nahemah e Lilith.


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  1. que texto incrĆ­vel, viva lilith e seu poder contra o patriarcado!

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