"Fui salva da estressante experiência de namorar"
Esther Leib, 25 anos Meu primeiro encontro com Lerner foi o primeiro da minha vida. Eu dividia um apartamento em uma comunidade hassídica lubavitch superunida do Brooklyn, em Nova York. Como eu sabia que todo mundo ia querer ver o momento em que eu e Lerner trocássemos o primeiro olhar, achei melhor ele não ir me buscar em casa. Um parente me levou ao encontro. Lerner chegou de carro e eu entrei. Sentia frio na barriga. Eu rezava para ele ser o homem da minha vida e eu não ter que passar por aquilo nunca mais. Na verdade, nem olhei direito para o meu parceiro até chegarmos a nosso destino - o hotel Waldorf Astoria. Achei que Lerner tinha uma aparência decente, mas não senti nenhuma emoção especial a não ser acanhamento. O nosso foi um encontro muito objetivo. Sentamos no lobby e conversamos. Não iríamos ao cinema; estávamos nos concentrando em descobrir se gostaríamos de nos casar. No fim eu disse algo como: 'Boa noite. Eu entro em contato com você'. No segundo encontro nós já estávamos falando sobre casamento. No terceiro ou no quarto, já estava decidido. Ele me pediu em casamento e ficamos noivos durante quatro meses. Eu tinha as mesmas dúvidas de qualquer outra garota: 'Ai, não. No que estou me metendo?' Antes do casamento, nós não podíamos ficar sozinhos em um lugar trancado nem nos beijar, claro. Tínhamos que estudar o 'Halachah' - as leis que dizem como marido e mulher devem se comportar quando estão juntos. Por exemplo, tem duas semanas perto do período menstrual em que a mulher não pode beijar ou abraçar o marido, só pode conversar com ele. Os lubavitch acreditam que, 40 dias antes de uma criança nascer, Deus decreta com quem essa pessoa vai se casar. O dia do casamento, quando as duas almas finalmente se unem, é muito espiritual. Você faz jejum desde a hora em que acorda até mais ou menos as sete da noite. Eu passei a manhã e a tarde refletindo sobre a minha vida. Mas também tive um cabeleireiro para me maquiar e me pentear. Meu vestido de noiva tinha uma saia bem volumosa e um corpete apertado. A noite de núpcias foi a primeira vez para nós dois. Também foi a primeira vez em que nos beijamos. Estávamos nervosos, não sabíamos o que fazer. Mas Deus criou as pessoas para que elas consigam descobrir o que têm que fazer, e nós conseguimos. Tudo normal. Minha atração física por Lerner cresceu, assim como minha atração emocional. Tivemos que nos acostumar com muito mais coisas do que acontece com quem se casa por amor. Mas agora somos iguais a qualquer outro casal. Brigamos de vez em quando, às vezes ele me traz flores. Quando começo uma frase, ele termina. Ele me apoiou muito nas três vezes em que fiquei grávida. Sempre me ligava do templo - Lerner é rabino - para ver se eu precisava de algo. Ele varria o chão, me levava para jantar. Também ficou ao meu lado no parto - apesar de sair do quarto e esperar atrás de uma cortina na hora do nascimento. As pessoas pensam que o estilo de vida dos lubavitch é restritivo. Não é assim. Minha cabeça não é raspada, mas mantenho meu cabelo curto sob uma peruca. Só meu marido pode ver meu cabelo, porque é uma característica muito feminina e atraente. Eu também uso mangas compridas, mas não é para me esconder. Eu não tenho vergonha. Modéstia é uma coisa espiritual. Algumas coisas são reservadas somente para meu marido e eu. Apesar de eu nunca ter saído com um namorado 'para me divertir', não acho que tenha perdido muito. Sinto como se tivesse sido salva da estressante experiência de namorar. Se meus filhos terão casamentos arranjados? Por que não? Funcionou para nós." Por Sherry Amatenstein, da MC America/Tradução: Ana Ban davidde@aasp.org.br e/ou davidde@uol.com.br | |||
Feliz de não ter namorado...
sábado, fevereiro 03, 2007
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